quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

UMA ORAÇÃO AO ETERNO QUE MORA NOS CORAÇÕES

(Uma Viagem Espiritual na Doçura de um Olhar Silencioso)
Que você encontre o amor mais lindo dentro do seu próprio coração.

Que você veja seus filhos como presentes do Eterno.

Que você ainda se encante com as coisas mais simples da vida.

Que você não se iluda com as luzes temporárias do mundo.

Que você saiba tirar sábias lições de vida dos reveses.

Que você perdoe, mesmo que ninguém entenda.

Que você veja cada dia como uma bênção de luz e recomeço...

Que nada possa afastá-lo de seus melhores propósitos.

Que você escute música e se sinta agradecido.

Que você não se esqueça de seus pais e honre-os com sua atenção.

Que você seja justo, sem jamais perder seu coração e sua canção.

Que você não se apegue ao passado; há tanta coisa para aprender...

Que você não se esqueça de quem lhe ajudou; gratidão é sabedoria.

Que você conserve seus amigos verdadeiros; eles são jóias de sua vida.

Que você segure seus filhos no colo, como o Eterno segura as estrelas.

Que você veja seu parceiro (a) como um presente da vida.

Que você chore, se for preciso, mas que suas lágrimas sejam lindas.

Que você ria, principalmente de si mesmo; alegria é fundamental!

Que você não tenha ódio em seu coração, pois isso empobrecerá sua canção.

Que você supere suas provas, com coragem e inteligência.

Que você abra seu coração para o amor, como a flor se abre para o sol.

Que você beije alguém amado como os raios solares beijam as flores.

Que você faça amor com luz nos olhos e gratidão pelo presente.

Que você não prenda quem quer ir embora. Amor não é gaiola!

Que você se atreva a ser você mesmo, mas sem arrogância!

Que você jamais se esqueça de que há um Poder Maior em todas as coisas.

Que você ore, em espírito e verdade, sem medo de se abrir para o Céu.

Que você converse com o Eterno, de coração a coração, sem dramas.

Que você olhe para a lua cheia, extasiado, como uma criança.

Que você sinta o cheiro do café e se sinta cada vez mais vivo.

Que você tome um chá de olhos fechados e pense em algo bom.

Que você se recicle, se areje, para não criar teias de aranha em sua vida.

Que você tenha a idade que seu espírito lhe disser, sem medo de rugas.

Que você não envelheça sem amadurecer; jamais deixe de rir de uma piada!

Que você sempre trate bem a sua criança interior; criança é vida!

Que você sempre desconfie quando a música não o encantar mais.

Que você perceba o perigo de ser tomado pela irritação descabida.

Que você não perca tempo com fofocas e nem se exaspere com tolices.

Que você saiba valorizar pessoas de energia limpa e toques legais.

Que você se atreva a andar com um sol na cara e um grande amor no peito.

Que você não se engane com as aparências; há muita gente boa neste mundo.

Que você não olhe raça, religião, sexo ou cultura; veja o Eterno em cada ser.

Que você jamais ache que perdeu algo ou alguém; o Todo está em tudo!

Que você sinta o que senti ao escrever tudo isso, em espírito e verdade.

Que você veja luz nessas linhas; a mesma luz que está em seu coração.

Que você sinta um Grande Amor; o mesmo que me fez escrever...

Que você escute alguma canção querida e se sinta muito bem.

Que você seja feliz, mesmo que ninguém entenda.
P.S.:
Aqui, no meio da madrugada da grande metrópole de aço e concreto, onde o Grande Arquiteto Do Universo me colocou para viver, trabalhar e aprender, eu atrevo-me a escrever o que meu coração sente.
Meu corpo está no plano físico, mas os meus pensamentos e sentimentos voam longe, para além do horizonte dos cinco sentidos...
Então, meu olhar pousa em outro olhar, algures, na imensidão, por entre os planos... E eu me sinto pequeno diante do amor sereno que desce aqui. Sim, bem pequeno, como a flor beijada pelos raios solares.
Há uma doçura nesse olhar silencioso. Uma lucidez perene, plácida, como um carinho secreto. É pura compreensão.
E eu fico pensando: “Será que Ele viu esses escritos que fiz por impulso, sem nem saber por quê? E sua doçura silenciosa viajará junto com esses escritos, até outros corações?”
Quem sabe isso é só o Eterno.
Eu só sei escrever o que o meu coração diz, em espírito e verdade.
E fico grato, só por isso. Como uma flor desabrochando na aurora.
Eu sou a flor e o rishi* que me olha é a aurora.
Então, que sua luz silenciosa siga... Para abrir outras flores por esse mundão de Deus, como deve ser.
(Dedicado ao sábio espiritual Ramana Maharishi**) .
Com gratidão e amor.
Paz e Luz.
- Wagner Borges – pequeno coração, que não sabe como agradecer os presentes espirituais que recebe do Alto; pequena flor sob a luz do samadhi***; criança do Eterno num corpo de homem feito; neófito da vida e médium de um amor que não se explica, só se sente...
São Paulo, 12 de dezembro de 2008.
- Notas:
* Rishis – do sânscrito – sábios espirituais; mestres da velha Índia; mentores dos Upanishads.
** Ramana Maharishi - 1879-1950 - Nascido em 1879 no Sul da Índia (Madura), Venkatraman Aiyer completou seus estudos no liceu americano desta cidade. Aos 17 anos viveu, na tranqüilidade de seu quarto, a experiência intensa de sua morte, contemplando em seguida a fonte divina de seu ser. Pouco depois, um chamado interior o obrigou, em 1896, a deixar tudo e retirar-se para uma gruta em Arunachala, montanha sagrada próxima a Tiruvannamalai, a oeste de Pondichery. Para lá foram atraídos os peregrinos que buscavam este asceta transfigurado, que passou a ser chamado de Maharshi (Grande Sábio). A chegada de mais e mais peregrinos levou a construção de dois ashrams próximos à gruta. Ramana Maharshi nada escreveu, mas os que o cercavam registraram os diálogos que teve. O sábio sempre acentuou sua preferência por um método simples, leve, direto e desembaraçado. A metáfora do mergulhador é particularmente reveladora do seu estilo. Ao responder à questão "quem sou eu?", é preciso mergulhar dentro de si mesmo. O espírito concentrado sobre um único ponto, bem como a palavra e a respiração suspensas, propiciam o encontro com a consciência pessoal. Ramana Maharshi faleceu em Tiruvannamalai em 1950. Sua presença e seu silêncio constituíram um ensinamento inestimável para seus discípulos.
*** Samadhi – do sânscrito - expansão da consciência; estado de consciência cósmica.
Obs.: Enquanto eu escrevia, rolava no som o belo CD. “Madcap’s Flaming Duty” – da banda alemã de rock progressivo/ eletrônico Tangerine Dream – 2007 – Importado.


Sorria e Siga o Sol!

sábado, 13 de dezembro de 2008

HOMEM INVISÍVEL - TESE DE MESTRADO

Olá! Abro hoje minha caixa postal e dou de cara com e-mail enviado pelo grupo de discussões do Alexandre Cumino, que aliás recebo há muito. Confesso que fiquei impressionado pelo relato do pesquisador e do como o mesmo revela o enorme abismo social, mas muito mais profundo, humano.

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO

'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'

'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.

O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.

'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto.

Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta.

E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?

Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim.

O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?

Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

E quando você volta para casa, para seu mundo real?

Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias.

Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

*Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

Respeito: passe adiante!

Respeito à Vida! Respeito ao Ser Humano! Respeito ao Divino que habita em cada um em todos!

Prq nos é tão díficil compreender a mensagem que Krishna, Sidarta, Jesus nos trouxeram?

Paz e Luz!