domingo, 27 de dezembro de 2009

Agulhadas e Sentença de Morte à nossa inércia!

Sinceramente, não poderíamos findar o ano com melhores espetadas em nossas bem assentadas panças e nádegas diante das "conquistas" exaltadas em prosas e versos do assim chamado movimento umbandista.

Pai Caio de Omulu é tbm um daqueles cascudos que NÃO ficam no fundo do aquário!

Paz e Luz!


Agulhadas e Sentença de Morte à nossa inércia!

Última reflexão crítica de 2009.

Pai Caio de Omulu

http://umbandasemmisterio.blogspot.com/

"O caso da criança de dois anos, que teve dezenas de agulhas enfiadas em seu corpo pelo seu padrasto em Ibotirama no oeste baiano, que tem como suspeitas de participação e envolvimento duas mulheres, uma identificada como amante do padrasto e outra, uma senhora que se diz Mãe-de-Santo, chocou e indignou o país diante da sua brutalidade.

A sequência de assassinatos misteriosos, com requintes de perversidade, em diversos bairros da capital cearense, cuja a investigação policial corre em sigilo e que está ligado, segundo a imprensa local, a rituais de magia negra tendo como possíveis suspeitos membros de terreiros de Umbanda está assustando a coletividade dos cultos afro-brasileiros em Fortaleza.

Para as autoridades religiosas e adeptos dos cultos e religiões afro-brasileiras uma certeza absoluta, ambos os casos nada tem haver com a doutrina, teologia, rito e liturgia, e as tradições do Candomblé, da Umbanda, do Omoloko, do cultos de nação em geral. Tão pouco é alicerçado ou respaldado pelos ensinamentos difundidos pelo mundo espiritual presente nessas religiões e cultos, bem como ministrados por seus sacerdotes e sacerdotisas.

Assim como todos, esses atos criminosos nos chocam, nos indignam e evidente que somamos a nossa voz ao coro de repúdio da sociedade, cobrando justiça e nos solidarizando as vítimas e seus familares.

É ponto pacífico, que tais atos são perpetrados por indivíduos ou grupos desequilibrados, destituídos de discernimento, razão ou quaisquer valores morais. Obnubilados por sandices e crendices desvirtuadas, somente acreditam no ódio, na vingança e nos seus desejos e sentimentos mais mesquinhos e vilipendiosos. Muitas vezes são seres vazios de tudo, sem rumo, horizonte e sem nenhum resquício de valores básicos da convivência humana.

Poderíamos discorrer longamente sobre os motivos ou exatamente a falta deles, que levam as criaturas humanas se assemelharem as bestas-feras e alcançar com seus atos a mais baixa iniquidade, caindo de cabeça nas sombras, na escuridão e nas trevas da alma.

Também poderia enveredar pelo caminho realista da discriminação e do preconceito que ainda resiste na sociedade, em pleno terceiro milênio, em relação a tudo o que diz respeito as religiões e cultos afro-brasileiros.

Prefiro, no entanto realizar uma reflexão crítica sobre a permissividade que grassa no seio do movimento dos cultos afro-brasileiros, que se não é a origem desta percepção discriminatória e preconceituosa da sociedade, contribui amplamente para sua existência.

Sempre digo que: “Quem permite o pouco, assiste passivamente o muito”. Essa sensação muitas vezes me vem a tona no dia-a-dia da religião.


A despeito dos religiosos sérios, dos trabalhos dignos e valorosos encetados em muitos templos, terreiros, tendas, choupanas, centros, barracões, roças etc, independente da luta nobre das diversas associações, organizações, instituições e federações pelo bom nome e da dignificação das religiões e cultos afro-brasileiros, da busca pela inserção e reconhecimento da sociedade, fato é que:

1 Os desmandos da autoridade religiosa ainda é um câncer a ser extirpado;

2 Os vendilhões do templo, continuam a vender qualquer coisa pelo melhor preço que conseguirem;

3 Os mercadores da fé traficam falsas esperanças, curas impossíveis, realizações de quimeras, e satisfação de qualquer tipo de desejo, sentimento e vontade;

4 O culto a personalidade, a egolatria, o poder desmedido fascinam autoridades e criam um despotismo renitente;

5 A mediunidade como fim e não como meio que ressalta o fenômeno e respalda o maravilhoso e o sobrenatural;

6 A falta de disciplina e disciplinadores;


7 A facilidade como se aplaude, louva, permite, aceita se é condescendente, mesmo em nome da educação, da tolerância e do respeito ao próximo, com o que se sabe ser errado;

8 A falta de estudo e pesquisa ou a existência deles, não pelo poder do saber, mas pelo conhecimento salutar que alicerça a fé e abre os horizontes da visão espiritual;

9 A desarticulação fraterna, a falta de união, a visão míope da defesa dos minifúndios, ou mesmo dos latifúndios religiosos.

10 Por fim e não chegando ao fim de uma lista muito maior que essa, a total desvalorização que os próprios religiosos nutrem sobre as iniciativas individuais ou coletivas válidas, sejam por pessoas, grupos ou instituições a favor das religiões e cultos afro-brasileiros.


Nos calamos demais, silenciamos mais ainda. Diz o ditado que quem cala consente. Assim consentimos demais, deixamos correr frouxo, fazemos vista grossa, muitas vezes ao que acontece no interior de nossas casas espirituais, logo ao lado, ou mesmo em lugares que somos convidados a visitar.

São pais e mães de “poste”, sacerdotes e sacerdotisas “alienígenas”, que caem de paraquedas e ninguém sabe de onde veio ou surgiu, a “mistureba”, em nome da evolução e da modernidade, com ritos, conceitos e doutrinas exteriores as tradições das religiões e cultos afro-brasileiros, fora a “demonização” impetrada por nós mesmos, na tentativa de gerar uma aura de respeito e medo aos outros , de divulgar a crença absurda que somos detentores de “verdades absolutas”, de um poder mediúnico “forte”, manipuladores de “magias” poderosas e conhecedores de ensinamentos ocultos, místicos e sobrenaturais.

Sim, devemos matar esta inércia que solapa a realidade de nossas religiões e cultos afro-brasileiros e a inaptidão que nos paralisa e impede de conseguirmos reverter esta errônea percepção que a sociedade e a mídia possuem de nós, antes que pela inércia e incapacidade morramos, transformados definitivamente naquilo em que não somos, não pregamos, não cultuamos e nem defendemos.

Bradamos ao mundo a discriminação e o preconceito e esquecemos de olhar para o próprio umbigo e ver muitas vezes a manifestação a discriminação e o preconceito intra-religiosos.

Exigimos respeito e consideração e deixamos tanta coisa errada acontecer no interior e no entorno do nosso movimento religiosos.

Não podemos culpar os outros de olharem para nossas religiões e cultos e enxergarem em muitos locais que visitam, exatamente aquilo que eles já ouviram falar de errado, ou as ideias pré-concebidas que adquiriram através, por exemplo de alguns setores mal informados da mídia e do ataque de outros segmentos religiosos.

Às vezes penso que gostamos desta pecha e de vivermos assim como párias religiosos da sociedade e cultura de periferia no seu sentido pejorativo.


Definitivamente, não praticamos rituais satânicos, sacrifícios de seres humanos, rituais de magia negra, enfiamos agulhas em criança ou qualquer coisa assemelhada e parecida.

Agulhadas merecem todos nós, adeptos das religiões e cultos afro-brasileiros para que reajamos e não fiquemos escondidos em nossas conchas, com a cabeça, feito avestruz enfiada na terra, repetindo incansavelmente para nós mesmos, isso não tem nada haver comigo, logo vai passar.

Sentença de morte merece a inércia que congela e paralisa a nossa iniciativa de luta, de união, de espírito de corpo, de fraternidade, liberdade e igualdade que as religiões e cultos afro-brasileiros já merecem a muito tempo.

Pensemos nisso ao apagar das luzes de 2009."


Sim, Pai Caio, pensemos! O que não tem medo de olhar para si mesmo...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

CONVERSANDO SOBRE CONSCIÊNCIA, AMOR, MATURIDADE E EMOÇÕES

(Uma Entrevista* com um dos Espíritos da Companhia do Amor)
- Por que as pessoas tanto temem se abrir para um grande amor?

R. Por causa do rabo preso no próprio ego. Por medo de ficar vulnerável no contato com os outros. E por falta de profundidade para viver com o amor real pulsando no próprio coração.

Logo, somando-se esses fatores, observa-se, claramente, o porquê das relações humanas serem tão complicadas. A maioria quer viver um grande amor, mas só na teoria, ou na base de um romantismo distorcido.

Contudo, o amor não vive de teorias ou de fantasias de romance. A realidade cobra posturas e posições claras e, por vezes, surgem atritos variados e dificuldades de relacionamento. Sem maturidade e verdade, não há amor que resista.
- Como é possível as pessoas se amarem e, ao mesmo tempo, brigarem tanto?

R. Meu caro, quando o coração aperta, não é fácil!

Então, lhe digo o seguinte: “Quem vive cheio de emoções pequenas e instáveis, não tem condições de suportar a força e a luz de um grande amor.”

E as pessoas brigam mesmo é por arrogância encruada e rasura consciencial.

A maioria carrega um monte de penduricalhos emocionais agarrados no coração, causando peso e agonia. E se pelam de medo de soltar tais bugigangas afetivas. Aliás, não sabem nem viver sem elas.
- E pessoas presas de ciúmes doentios? O que se passa com elas?

R. Insegurança crônica! Falta de doses cavalares de bom senso! Ou traumas trazidos de outras relações anteriores, dessa ou de outras vidas.

Trata-se de doença crônica da mente. Precisa ser combatida e tratada adequadamente. E algumas pessoas ensandecidas de ciúmes e emoções gosmentas tomam atitudes drásticas, mesmo sem causa verdadeira para tanto.

Gritam, esperneiam e brigam facilmente, movidas por suspeitas, muitas vezes infundadas. Algumas mais parecem detetives investigando a vida do parceiro(a). Fuçam no celular e na bolsa alheia, procurando provas do suposto crime da pessoa amada. Pena que elas não procurem sabedoria nem consciência com tanta vontade.
- Certa vez, você me disse que as pessoas com baixa auto-estima perderam o respeito, inclusive por si mesmas. Você pode me falar mais alguma coisa sobre isso?

R. Claro. “Está na ponta da língua”, como se dizia antigamente.

Quem não respeita a si próprio, não tem como respeitar aos outros. E nem a própria existência. Por isso, é prioritário recuperar a auto-estima e batalhar para melhorar. Isso não pode depender de contextos exteriores, é coisa de dentro, no cerne da própria inteligência.

“Estar bem” é um estado de consciência! Depende da pessoa não se conformar com estados internos deprimentes.

Ninguém deve aceitar climas sombrios dentro do coração. E nem manchas cinzentas toldando o raciocínio. É essencial trabalhar em cima disso. E, se for preciso, procurar ajuda para vencer a miséria de dentro. Mas, sempre lembrando que toda ajuda externa, por melhor que seja, depende da vontade da própria pessoa de melhorar.

Fazer terapia ajuda muito. Rezar também. E procurar clarear a “cuca” com idéias bem arejadas. Porém, a principal força de renovação está dentro dela mesma. O objetivo é resgatar essa parte essencial e trazê-la para a vida.

E se a própria pessoa não quiser melhorar, quem poderá dar jeito nela?

É por isso que o Papai do Céu criou o Dr. Carma**; quando a pessoa empaca igual burro teimoso, é Ele que vem resolver a parada. E se o amor e a inteligência não convencem, Ele entra com a medicação certa: a dor (física, moral ou espiritual, tanto faz).

E a sabedoria popular registra isso com a seguinte máxima: “Quem não evolui pelo amor, vai pela dor!”
- Como lidar com as emoções?

R. Meu caro, não tem técnica para isso aí, não.

O lance é observar a si mesmo e aprender com os próprios erros, e evitar repeti-los tolamente. As emoções não são boas ou más, e fazem parte do ser humano. Boa ou ruim é a forma como os homens lidam com elas. Alguns explodem facilmente; outros se retraem e não enfrentam a verdade de frente; e outros mais, se deixam levar sem reação saudável.

A maioria exagera mesmo! Partindo para cima, ou correndo de medo, as pessoas são presas fáceis de suas confusões afetivas; são verdadeiros joguetes, sendo balançados, para cá e para lá, ao sabor de suas próprias sandices emocionais.

Como falar de amor real para quem está cheio de tantas fantasias distorcidas e rasura emocional?
- O choro alivia a alma?

R. Depende do tipo de choro, e de quem chora, pois há choros de vários tipos.

Alguns choram porque seu ego foi ferido de alguma maneira. Esse é o verdadeiro motivo das pessoas não processarem muito bem suas perdas afetivas. Outros choram porque não conseguiram o que queriam, seja lá o que for. E outros, ainda, choram de chantagem emocional.

E essa choradeira não dá em nada! Porque não é choro d’alma, é choro do ego!

O choro que lava a alma é aquele que vem da alegria espontânea e do amor verdadeiro. E, falando direto, na lata, como manda o figurino, as pessoas choram muito, por isso ou por aquilo, mas, quem chora pela falta de consciência em si mesmo?

Ou pela falta de qualidade de suas emoções?

E quem chora pelo Papai do Céu?
- Como fica o coração que permite a entrada do ódio e da vingança?

R. Um lixo! E coração não é lugar de tranqueiras emocionais.

O ódio deixa a pessoa doente, por dentro, e causa sérios bloqueios nas energias, empatando o impulso da vida de fluir livremente pelo sistema.

Odiar custa caro! Mesmo assim, tem gente que se deixa levar...

E, novamente eu pergunto: “Como falar de amor para gente assim, tão infeliz e apagada?”
- E a solidão? Fale algo sobre isso.

R. Que solidão, meu caro? Isso não existe!

Nesse mesmo momento, se alguém lhe visse, diria que você está sozinho. E, no entanto, eu estou aqui junto com você. O outro nome da solidão é “cegueira espiritual”.

Alguém pode estar sozinho no plano físico, mas, sem sentir solidão, estando bem consigo mesmo; enquanto outros podem estar no meio de uma multidão, mas sentindo-se deslocados e solitários. Tudo depende de como as pessoas lidam com isso.

O ser humano tem necessidade de se relacionar, é de sua própria natureza. Porém, às vezes, também precisa ficar sozinho, para refletir e reciclar a si mesmo.

Agora, o pior é ter tudo o que se quer na mão, mas, ainda assim, sentindo-se insatisfeito e infeliz. Então, a solidão aparece e cobra seu preço.

E a pior solidão é a daquele que não reconhece a presença do Papai do Céu em todas as coisas. E o mundo está cheio de gente assim.
- Você sabe do caso de minha amiga que foi traída e tomou um chute do parceiro, e viu o que eu disse para ela na ocasião. Então, você pode me falar algo a respeito disso?

R. Quando a pessoa está bem consigo mesma, tomar um chute não é o fim do mundo. Ela processa bem o fato, até porque sua auto-estima é boa e seu respeito por si mesma é maior. Ela absorve o golpe e supera rapidamente, seguindo em frente... Inclusive, porque conhece bem seu coração e sabe que nada sujo pode habitar ali, muito menos a mágoa ou remoques de qualquer tipo. E ela sabe de seu valor e confia em sua luz.

Em contrapartida, se a pessoa não estiver bem com ela mesma, carregará seu coração de peso e dor. E isso só causará prejuízos em sua vida. Se o ego dela for grande, não suportará a rejeição e se sentirá no papel de vítima.

Às vezes, perder alguém pode ser de grande valia para a maturidade tomar seu lugar. O lado bom é o da quebra do ego, mostrando o que precisa ser trabalhado dentro da pessoa. Então, diga para sua amiga que, se ela se considera do bem e da luz, que supere logo a tristeza e siga em frente... E, se ela for boa como pensa, compreenderá isso claramente.

E, diga mais uma coisa para ela: “Não precisa ser santa para superar uma situação dessas; basta ser razoável consigo mesma. E não valorize tanto o que aconteceu; afinal, quem perdeu uma boa pessoa foi ele.

E, por favor, dê um jeito de ser feliz, com alguém ao seu lado, ou não, quem sabe?

O que não se pode admitir, em hipótese alguma, é a perda da luz do coração.”
- Como você é um craque nesses lances emocionais, deixe algum toque final para os leitores.

R. Craque é o Papai do Céu, meu chapa! Ele bate um bolão e o campo d’Ele é o universo inteiro. Ele é o Cara!

O meu apontamento final é o seguinte:

“O Amor é maior do que tudo;
não tem idade e nem vê aparência;
não é medido por valores materiais, esses ou aqueles;
jamais julga ou cria dramas;
não é drástico e nem machuca;
é, verdadeiramente, um estado de consciência.


Para aguentar um Grande Amor no coração, só sendo uma grande pessoa;
porque sua luz é intensa e fere os olhos de quem não quer enxergar além de suas ilusões.”


Meu caro, fique bem feliz, sempre...

Que o Papai do Céu abençoe a todos os leitores.
P.S.:
Muita gente voa nos aviões de suas ilusões, e chega em parte alguma.
Contudo, quem é esperto (e desperto), salta fora desses vôos ruins.
Quem ama, realmente, só voa de primeira classe, nas asas do Papai do Céu.
Na Terra ou no Astral, o Amor é a força de tudo o que é forte.
Quem sabe disso, é feliz.
- Companhia do Amor –
A Turma dos Poetas em Flor***.
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – São Paulo, 14 de novembro de 2009.)
- Nota de Wagner Borges:

Ah, o amor!
Aplaca a fera;
Amansa o ego;
Abre os olhos;
Faz rir de nada;
Faz a luz eclodir;
Faz viver;
E derrete o coração...
Ah, derrete, sim.
E quem ama, sabe.
E agradece.
Porque o Amor é um presente.
E faz a consciência virar sol.
Paz e Luz.
- Notas do Texto:
* Esses escritos são a transcrição de um papo extrafísico com um dos espíritos da Companhia do Amor. O lance rolou durante uma experiência extracorpórea, e continuou depois, quando voltei ao corpo denso. Então, corri e escrevi tudo rapidamente, para não perder o registro desses apontamentos interplanos. E o melhor: o amigo espiritual me prometeu retomar esse tema das emoções, oportunamente.
Aproveito e deixo registrada aqui a minha alegria por esses lances extrafísicos tão legais. E também agradeço a amizade e o respeito desses amigos espirituais.
Mesmo depois de tantos anos de estrada espiritual, ainda fico igual criança com tudo isso. E me sinto cada vez mais espiritualista, não por causa de alguma doutrina criada pelos homens da Terra, mas, simplesmente, por estado de consciência. E vamos em frente, sempre pela Luz...
** Carma - do sânscrito “Karma” - ação; causa – é a lei universal de causa e efeito - Tudo aquilo que pensamos, sentimos e fazemos são movimentações vibracionais nos planos mental, astral e físico, gerando causas que inexoravelmente apresentam seus efeitos correspondentes no universo interdimensional. Logo, obviamente não há efeito sem causa, e os efeitos procuram naturalmente as suas causas correspondentes. A isso os antigos hindus chamaram de carma.
*** A Companhia do Amor é um grupo de cronistas, poetas e escritores brasileiros desencarnados que me passam textos e mensagens espirituais há vários anos. Em sua grande maioria, são poetas e muito bem humorados. Segundo eles, os seus escritos são para mostrar que os espíritos não são nuvenzinhas ou luzinhas piscando em um plano espiritual inefável. Eles querem mostrar que continuam sendo pessoas comuns, apenas vivendo em outros planos, sem carregar o corpo denso. Querem que as pessoas encarnadas saibam que não existe apenas vida após a morte, mas, também, muita alegria e amor.
Os seus textos são simples e diretos, buscando o coração do leitor.
Para mais detalhes sobre o trabalho dessa turma maravilhosa, ver os livros "Companhia do Amor - A Turma dos Poetas em Flor – Volumes 1 e 2" - Edição independente - Wagner Borges, e sua coluna no site do IPPB (que é uma das seções mais visitadas no site):
www.ippb.org. br.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Umbanda NÃO É show! Por Pai Caio de Omulu

Obrigado Pai Caio de Omulu! Este texto, antigo, nunca esteve tão atual (infelizmente) e aliás, sua lucidez também! (felizmente!).

Pensando bem, lucidez de fato é a atitude que cada dia menos vemos ser semeada, incentivada e vivenciada.

Embotar e deixar embolorar a própria consciência prá não se sentir exilado dos grandes acontecimentos parece que se tornou regra.

Menos para os que apontam na direção contrária... "Numa terra de fugitivos aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo." T. S. Eliot


Meus Respeitos!

http://umbandasemmisterio.blogspot.com/2006/08/umbanda-no-um-show.html

Destaques em vermelho meus;

Umbanda não é um show!

Quando eu digo que a Umbanda é uma religião abarcadora de consciências, significa que suas portas estão constantemente abertas para todos.

A Umbanda não é discriminatória e no movimento umbandista sempre existe um terreiro em que nossas almas se harmonizam, adequado ao nosso nível de consciência e preparado para desenvolver o nosso reencontro com o Sagrado.

É verdade, que no primeiro momento, muitos procuram a Umbanda para tentar sanar os seus males, sejam eles de origem material, física e objetiva (saúde, dinheiro, emprego, amor, causas as mais diversas etc.), sejam as espirituais e subjetivas (mediunidade, saúde, distúrbios psíquicos e psicológicos, demandas etc.).

Para isso, em dias de reuniões nos terreiros, a maior parte do tempo é dedicado aos trabalhos mediúnicos. Os médiuns incorporam as entidades espirituais e essas realizam o atendimento ao público presente. Esse atendimento visa também a prática da caridade do ouvir, do deixar falar e desabafar, da palavra e do ombro amigo, da mão estendida, do conselho e da orientação proporcionada pelos caboclos, pretos-velhos, crianças, exús entre outros.

Nas reuniões o material vai ao encontro ou serve de instrumento ao espiritual, o visível se conecta ao invisível, objetivo e subjetivo se completam e encarnados e desencarnados se comunicam. As palavras-chaves servir, conexão, completude e comunicação conseguem cumprir os seus significado nas reuniões em um terreiro, se existirem a contra-partida dos trabalhos espirituais. E trabalhos espirituais em 99,9% dos terreiros do movimento umbandista acontecem com médiuns incorporados e entidades atendendo alguém.

A gira mediúnica é o auge ou o clímax de uma reunião umbandista que é dividida em três momentos básicos a saber: abertura, momento que se evocam as forças e entidades espirituais e se invocam as bençãos, proteções, pedidos e auxílios; a gira mediúnica, instante em que os médiuns incorporam as entidades espirituais para atendimento ao público; encerramento, ou seja, o término da reunião, em que se agradece a assistência das forças e entidades espirituais.

Os ritos e liturgias utilizadas nas reuniões do movimento umbandista, variam de terreiro para terreiro, assim, como também, pode se diferenciar a decisão de como se processa a gira mediúnica, que tipos de entidades se fará presente e como deverá se proceder o atendimento ao público. Isso acontece, por que os terreiros são células religiosas que se adequam a coletividade que os rodeia, oferecendo dentro de um determinado padrão mínimo, os ritos, as liturgias, as manifestações espirituais que mais afinizem com os adeptos e o público que frequenta determinada casa.

Abarcar consciências é isso, atender as necessidades espirituais essenciais do indivíduo, mesmo que este processo se inicie por resolver suas necessidades materiais básicas, permitindo um equilíbrio mínimo da sua existência. Proporciona-se assim, condições estáveis a alma para realizar vôos evolutivos mais altos e abrir sua consciência a entendimentos mais profundos e finalmente se religar a Deus.

Através do que já discorremos, podemos chegar a conclusão que o atendimento ao público é o objetivo primordial de todas as reuniões de um terreiro. As pessoas que se encaminham a uma casa espiritual umbandista, possuem expectativas, estão ansiosas para encontrar a solução de seus problemas, desejam sair dali pelo menos reconfortadas, com esperança etc.

O público, portanto, deve ter um tratamento especial por parte dos dirigentes, dos organizadores e do corpo mediúnico da casa.

Tudo deve ser voltado para se fornecer um bom atendimento ao público presente. Devem ser bem recebidos, encaminhados a um local apropriado para assistirem a reunião, informados de como se processará o andamento da mesma, como deve ser o seu comportamento durante os trabalhos, em qual momento e como devem se dirigir aos médiuns incorporados, se houver necessidade de se retirar antes da gira terminar como fazê-lo, devem também ser indicados a eles os banheiros, aonde beber água etc.

É de bom tom, que o dirigente em algum instante na abertura, faça uma pequena e rápida preleção (palestra) trazendo para o público, informações, avisos, ensinamentos e doutrina.

Na gira mediúnica devem incorporar somente os médiuns que já tiverem mais experiência e estejam, como dizemos comumente, mais bem afirmados com suas entidades.

Desenvolvimento mediúnico deve ser uma reunião a parte e fechada ao público.

Após todos os médiuns incorporarem, os cambonos (pessoas que dão assistência as entidades espirituais e ajudam na organização durante a reunião) devem encaminhar o público para o atendimento.

O restante do corpo de adeptos, que não estiverem incorporados, devem sustentar a gira dos que estão em trabalhos mediúnicos através dos cânticos, de bons pensamentos e intenções.

É necessário, que se mantenha o bom nível vibratório, para que os trabalhos espirituais aconteçam em segurança e bem equilibrados. Todo o público deve ser atendido, sem exceção.

Uma reunião umbandista é algo bonito de se ver, os cânticos, os tambores e outros instrumentos formando um conjunto harmonioso de sons, a batida das palmas, os fardamentos, as guias coloridas, a decoração do ambiente, as imagens e símbolos do altar e mesmo a forma como se processa os ritos e liturgias enche os olhos e ouvidos de quem vem participar. Visual e som somam-se a um sem número de detalhes para permitir a harmonização de todos os presentes, mas tudo isso não é um espetáculo, nem uma encenação para agradar o público.

Muitas casas umbandistas se ressentem pela existência de muito pouco ou quase nenhum público. Geralmente são sempre as mesmas pessoas que se repetem em todas reuniões.

Quando tem a casa lotada sempre é por ocasião de festas, comemorações e louvações especiais. O terreiro já tem lá seus anos de existência, é um local bem decorado, limpo, asseado, de ambiente agradável e bastante arejado e iluminado. Os adeptos presentes em grande número, com um fardamento impecável, guias coloridas no pescoço e todos os adereços e material de trabalho de suas entidades. A reunião tem todo um processo organizado, bem estruturado, desde a abertura até o encerramento. A hierarquia da casa é plenamente identificada, pais e mães pequenas, cambones, tambozeiros etc., no entanto, cadê o público? Ou mediante as essas condições por que ele não é em grande número?

Diversos fatores contribuem para que tais fatos ocorram dentro de um terreiro:

a) Nas giras mediúnicas os médiuns trabalham para si mesmos;

b) Os médiuns incorporados se amontoam em frente ao tambor, em uma disputa para quem passa [cantar a curimba (ponto-cantado)] primeiro com a entidade;

c) Muitas vezes, existem guerras particulares, em que médiuns incorporados tentam demandar uns aos outros;

d) Ausência do Pai/Mãe-de-Santo na reunião, e quando presentes sem tomar as rédeas dos trabalhos na mão, nem uma iniciativa, nem participação a não ser ficar sentado olhando tudo acontecer como o público que ali se faz presente;

e) Sim, o público, porque se eles não tiverem iniciativa própria para falar com alguma entidade, terminam a reunião como iniciaram, apenas asistindo e nada mais;

f) Entidades tolhidas (impedidas) de fazerem quaisquer trabalhos espirituais, que não sejam apenas, falar com o consulente e no máximo aplicar-lhe um passe. Já que todos os trabalhos devem ser direcionados para o dirigente através de se provocar uma consulta particular;

g) Todos os médiuns trabalham, independente de sua condição de já estarem preparados o suficiente para dar consultas;

h) Giras mediúnicas confusas, barulhentas, com bebida alcoólicas em excesso, tambor sem ritmo ou acelerado demais, adeptos tendo que gritar mais alto para poder cantar as curimbas, entra-e-sai de filhos-de-santo, conversas o tempo todo entre os que estão na corrente segurando a banda etc.

Eis, meus amigos o que ocorre quando o objetivo da Umbanda se perde, num jogo de interesses e mau condução, quando o dirigente perde o gosto pelas reuniões de sua casa em troca de questões extra-religiosas. O terreiro fica sem dono ou com várias pessoas querendo ser dono dele.

Ah! O público, sim, afinal é ele a nossa principal preocupação e da Umbanda, se os adeptos tem outras formas válidas de conseguirem a sua harmonização, o seu religare e conhecimentos, ao público só resta este contato momentâneo que as reuniões proporcionam.

Em situações como eu relatei, ao público, geralmente leigo e incapaz de identificar esses problemas, se perguntado porque ele frequenta este terreiro a resposta será:

"É porque eu acho bonito!".

Amigo leitor, tenha certeza, a Umbanda não é um show!