Ele já me viu orando no pequeno altar que tenho em casa e já me acompanhou algumas vezes quando, nas palavras dele, vou conversar com o Papai do Céu (ainda vou ensinar que também há Mamãe do Céu, do Mar, das Matas, das Cachoeiras e Senhores e Senhoras tão respeitáveis quanto nas Encruzilhadas), também já me viu usando o uniforme branco, as guias e quando estava muito doente anos atrás viu o seu pai terreno orar e pedir aos Sagrados Orixás por ajuda e através dos Guias, Pai Obaluiaê derramou a sua benção através de um banho de pipocas, Atotô meu Pai!
Meu filho não viu seu pai terreno nas muitas vezes em que de joelhos em terra e muitas lágrimas no rosto orou e clamou por amparo, luz, proteção para si mesmo, por outras pessoas, para o nosso mundo, mas espero ainda ensina-lo que há um Amor Maior que a tudo permeia e zela com o mesmo carinho, como a chuva que cai sobre os bons e os maus, aqui entraria ainda uma outra esperança que seria poder ensinar minha oração favorita "Senhor, me ajuda a tirar o barro dos meus olhos e enxergar o que não alcanço e muitas vezes me recuso a enxergar".
Não faço questão que ele seja umbandista, mas que eu possa mostrar a ele que a Umbanda é uma escola espiritual que ensina o respeito à Vida e não aprisiona, não exige pompa nem apresentações elaboradas, mas sim que um copo dágua, uma vela acesa e um coração cheio de fé é muitas vezes o que os espíritos em nome de Deus na Umbanda precisam para realizar a tarefa confiada.
O que eu mais quero é que ele saiba andar neste mundo de enganos e ilusões que tenta a todo momento comprar e vender nossa alma.
Não fui mais o mesmo após a sua chegada, precisei e preciso trabalhar o que em mim considero equívoco pois sou espelho e é depois de me corrigir que tenho a necessária coragem para corrigi-lo sem me envergonhar, isto é o que o Amigos Espirituais que me conduzem fazem há anos, não deixando passar uma única escorregada sem apontar "É certo isso?", "Está de acordo com o que você diz ter aprendido no Evangelho?" e graças a esse que chamarei de amor consciente que posso hoje chegar aos pés do pequeno altar e só agradecer, mesmo que eu tente formular algo só consigo agradecer.
Eu sou feliz por ser umbandista! Eu sou feliz por ser filho de Mãe Benedita e do Caboclo Rompe Mato!
Relembrando Martin Luther King; "Eu não sou quem gostaria de ser; eu não sou quem eu poderia ser, ainda, eu não sou que eu deveria ser. Mas graças a Deus, eu não sou mais quem eu era"
