Ao cantar o ponto "Todo mundo quer Umbanda, mas ninguém sabe o que é Umbanda. Umbanda tem fundamento, mas ninguém sabe o que é Umbanda", Pai Antônio, assim me parece, mirava para um futuro próximo e perene no qual muitos afirmariam saber para que e o que é Umbanda.
Confesso que já estive entre estes, hoje com mais caminhada por vezes dolorida, desalentadora e individual, jamais desamparado digo com algum orgulho bobo e até mesmo um leve sorriso que nada sei de Umbanda, não consigo sequer acender uma vela sem perguntar aos Amigos Espirituais se tal gesto será válido, a resposta é sempre a mesma "Examine o que vai no seu coração primeiro e então aja de acordo".
Já não me interessa as discussões eternas sobre 1908, se procedimento x ou y está correto, imagens de Orixás ou Santos católicos no altar ?, quem quiser ficar no raso que o faça, tenho fome de alcançar quem tem fome, quem possa ser alcançado pela minhas debéis preces através das vibrações utilizadas pelas Falanges Espirituais, tenho fome do Espírito Santo, tenho fome e medo ao implorar ao Senhor da Vida que tire dos meus olhos o barro para assim enxergar o que preciso e o que não quero enxergar.
Devido à pandemia, que não acabou, o terreiro ficou fechado e ainda está pois nossa Babá é idosa e enfrenta percalços na manutenção de sua saúde, e permaneça assim pelo tempo que for preciso pois espero ter minha mãe por longo tempo. Escrevo pois há dentro de mim uma saudade enorme da gira, mas me perdoe não das pessoas e dos seus "problemas", sinto falta de pisar na terra, do cheiro da mata, do vento me dizendo coisas e dos irmãos espirituais em volta, ora rindo, ora puxando as orelhas, mas sempre trabalhando por uma Lei Maior e sempre buscando em cada oportunidade, cada palavra semear a luz, e irônica e sutilmente nas pessoas que por óbvio não buscam a mim como médium mas aos Guias, rindo de mim mesmo neste momento relembro a antiga lição "seja a enxada com a qual o lavrador espiritual irá mexer na terra, por vezes dura e seca, a melhor enxada que puder ser, pronta e limpa para o serviço e feliz por servir como enxada".
Sem as pessoas e os seus problemas reais ou imaginários não há terreiro, não há fundamento para existir Umbanda, talvez eu tenha nesta pequena reflexão compreendido para que e o que é Umbanda, não é para ou sobre si, o "fazedor" de Umbanda que ela veio mas sim para o outro, então pode-se dizer que ao servir na Umbanda é necessário e imprescindível esvaziar-se para que outros de outros planos se esvaziem também de si mesmos e sirvam a um Amor Maior.
Dedico este texto aos meus amigos e irmãos Cláudio Zeus e João Carlos Cunha Lima e espero que no plano espiritual que agora estão possam também juntos rir e puxar nossas orelhas e certamente servir à Lei Maior.
Meu fraterno e carinhoso abraço!