Este
texto é um modo de dizer o quanto respeito e aprendo, até onde me é
possível, o trabalho da Falange Espiritual de Exú e Pomba Gira na
Umbanda, que particularmente chamo de Senhores e Senhoras. Sou
nascido e criado em chão de terreiro pois minha avó materna era
Babá e
tinha como Chefe da Tronqueira o Sr. Tranca Rua. Resolvi escrever
sobre pois de certo modo me considero um tanto quanto atípico como
umbandista já que não uso no dia a dia guia de proteção, patuá,
nem fico com trejeitos ou uso expressões que aos outros me
identifiquem como, e não é por vergonha, medo ou excessiva precaução (fator
relevante já que a intolerância espreita), mas por convicção no
que creio, vivo e respiro, eu sou feliz por pertencer e ser acolhido
pela Corrente Sagra de Umbanda.
Ah
sim eu gosto de enviar aos meus amigos letras, imagens
e vídeos de pontos cantados que considero tenha conteúdo e sentido,
como dizemos mesmo? De raiz! Tenho ojeriza às invencionices e
auto-exaltações ou pior ainda, comercialização embalada de
homenagem.
Em
verdade sou extremamente avesso ao que vejo e leio na comunidade
umbandista referente ao tema Exú e Pomba Gira e há anos me
alinho aos que como o Irmão de Fé Cláudio Zeus descreveu no texto
“Exumania ou Exulatria” no blog Umbanda Sem Medo, vide trecho
“Parece
até que conhecer-se sobre Exus é conhecer-se Umbanda!
“, é exatamente o contrário quando sabe-se em muitos lugares que
a iniciação mediúnica
é
feita firmando Exu / Pomba Gira como sinônimo de segurança para
depois firmar-se Caboclo / Preto Velho, entidades originais da
Umbanda.
Mas
me desvio, aliás talvez seja isso mesmo que ocorre ao se refletir
sobre o assunto, talvez seja isso que as entidades desta Falange
Espiritual prefiram, não para se esconder, não para omitir ou
enganar ou falsear, como diz no ponto belíssimo daqueles antigos
“Seu Tranca Rua me cobre com a sua capa, quem tem sua capa, escapa.
A sua capa é um manto da caridade, sua capa cobre tudo, só não
cobre a falsidade”. Me parece que os espíritos desta Falange
querem e precisam mais é trabalhar para sua evolução pois quem tem
ouvidos de ouvir pode perceber nas suas falas o quanto de consciência
sobre seus erros e enganos se
faz presente (quem
ouviu a frase “Vou descer alguns degraus para ajudar esta pessoa”,
sabe do que estou falando),
chega-se a quase sentir a dor que sentem enquanto nas falas de
Caboclos e Pretos Velhos pode-se perceber a sublimação desta mesma
dor.
Eu
não consigo mais fazer orações longas com longos pedidos pois um
enorme sentimento de gratidão pela vida toma conta de mim cada vez
que posto em frente a vela acesa, então eu digo;
“Graças
a Deus! Muito obrigado! Eu respeito, saúdo, me alegro, confio,
sinto, ouço e sigo meus caminhos na proteção de Exu e Pomba Gira!
Deus
os abençoe!”
Laroyê!