sábado, 25 de dezembro de 2010

Se vale o trem do Adoniran, prq não a viola do Tião Carreiro?

Desde já deixo claro que este texto é como se diz, legislando em causa própria...

Recebi em meados de novembro, um e-mail da lista de grupos do prezado irmão de fé Alexandre Cumino, intitulado "Trem das Onze", e se somente agora resolvi dar tratos à bola sobre o mesmo é prq assim se deu na minha cachola o espaço para tal. Trata o referido e-mail de um culto ocorrido em agosto aos Exus, Pombas-Giras, Exus Mirins e Zé Pelintra, entidade prezadíssima, em especial, aos seguidores da Teologia de Umbanda Sagrada, ainda que seja um Mestre do Catimbó, recebendo vários epítetos e sendo um verdadeiro curinga.


Neste culto, segundo relata o e-mail, no momento da despedida dos vários "Zés" ali presentes, cantou-se a música conhecidíssima de Adoniran Barbosa, ícone do samba paulista, Trem das Onze, para espanto de alguns, porém como os "Zés" nada disseram, ficou como que aprovado, tanto que o próprio Cumino deixou claro que dali por diante, a música passaria a ser ponto de despedida.

Concordo com o prezado irmão quando diz que em cada terreiro, a autoridade máxima é o mentor da Casa ( o que me faz lembrar que os originais mentores de um Terreiro de Umbanda, ainda são ao menos para este servidor, Caboclo e PretoVelho), sendo assim, firmo posição que auto-crítica e lucidez são fatores fundamentais na proposta libertadora de consciências, que acredito ser o objetivo, na existência de um verdadeiro Terreiro de Umbanda. Até onde vivi, os Mentores de Umbanda, propõem e não impõem. E mesmo sendo autoridades máximas dentro de um Terreiro, obedecem e seguem uma Lei Maior.

Não tenho a pretensão de dizer o que pode ou não pode no chão dos outros, cada um que resolva o que serve ou não para si e sua vivência de Umbanda, quem cria nepotismos dentro dos terreiros desde antanhos, somos nós os encarnados, às vezes por nós mesmos, às vezes influenciados por espíritos, SE nós encarnados vamos placidamente acatar, já quem cala consente, ainda mais quando o assunto é "veio do espiritual" ou usar do atributo do livre-arbítrio para perguntar, aí é outra conversa.

Por isso mesmo, aproveitando que a deixa foi dada, uma coisa puxa a outra, se pode a música de Adoniran Barbosa, afeita  a Umbanda paulistana, prq não posso incorporar a música de Tião Carreiro e Pardinho, sem me rotular como ortodoxo ou aos outros de permissivos, mas apenas um observador do que seja a essência, da raiz, nas nossas giras? Sou do interior, de Bauru, gosto de sertaneja como diz meu tio Neno, tocada no pinho, e já que a Umbanda se regionaliza, se adapta, absorve e ressignifica... 

Gosto também de Led Zeppelin, Who, Rolling Stones, Mozart, Debussy, Bach, Villa Lobos, mas aí não sei se aguento tamanha diversidade.

Quem se dispuser a pesquisar as músicas desta dupla sertaneja, vai descobrir o quanto eles falam sobre Preto Velho e Caboclo, e se forem mesmo atrás vão descobrir até sobre Baianos e Boiadeiros,prá ajudar; Preto Velho, Azulão do Reino Encantado, Pai João, Preto de Alma Branca, Pretinho Aleijado, Sete Flechas, Baiano no Coco, Boiadeiro é boi também, entre outras.

Até deixo alguns exemplos, prá quem tiver olhos prá ver, de como casa diretinho, mas antes de sair cantando lá no nosso terreiro, vou perguntar antes aos nossos Mentores qual a opinião deles, vai que o gosto musical não bate não é mesmo?


Arapô, Arapô (Tião Carreiro e Lourival dos Santos)



Ara pô, ara pô (bis)
É ponto de nego véio
De Jongueiro cantador
É no A e é no R
É no P e é no O
Amarrei o leão na linha
E o leão não escapou
Pode crer meu sinhô

É no estilo de jongo
Que cantar agora eu vou
Fui levar uma boiada
Dona Júlia quem comprou
Ela esperou na porteira
O gado ela contou
Ela comprou mil cabeças
Novecentas só passou
Dona Júlia era sabida
Mas comigo se enganou, ara pô, ara pô


Ara pô, ara pô (bis)
É ponto de nego véio
De Jongueiro cantador
É no A e é no R
É no P e é no O
Amarrei o leão na linha
E o leão não escapou
Pode crer meu sinhô


Entrei na roda do jongo
Negro véio me falou
Eu tinha um laço de imbira
Quando eu era laçador
Eu fui amansar uma tropa
Só de burro pulador
Quem levou laço de couro
Foi só laço que estourou
Meu laço era de imbira
Meu laço não rebentou, ara pô , ara pô


Abrindo Caminho

http://www.4shared.com/audio/eMKncFtR/Tio_Carreiro__Pardinho_-_Abrin.html

Eu tenho um bom protetor
Que me segue todo dia
Eu tenho um bom protetor
Que me segue todo dia
Nossa paz, nosso sussego
Só quem dá é o nosso guia


Quando eu saio de casa
Eu deixo uma vela acesa
Que a chama só alegria
Combater toda tristeza
A proteção do meu guia
É minha maior riqueza

"Só quero amor e saúde
E bastante pão na mesa"

Eu tenho um bom protetor
Que me segue todo dia
Eu tenho um bom protetor
Que me segue todo dia
Nossa paz, nosso sussego
Só quem dá é o nosso guia

"Nossa paz, nosso sussego
Só quem dá é o nosso guia`

É Deus quem manda no mundo
Que se salve quem poder
Só sai vencedor na terra
Quem bom protetor tiver
Minha porta ninguém abre
Ninguém fecha o meu caminho
Muita gente me vê só
Mas eu nunca estou sozinho

"Muita gente me vê só
Mas eu nunca estou sozinho"


Fundanga 
http://letras.terra.com.br/tiao-carreiro-e-pardinho/1656606/


Bota fogo na fundanga tira este mal de mim
Fumaça benta que sobe traz meu amor pra mim (bis)

Um dia desse eu briguei com a minha namorada
Tem gente queimando vela pra roubar a minha amada
Feiticeiro trabalhou até alta madrugada
Encontrei o seu lencinho jogado na encruzilhada.

Coitadinha sofre tanto não me esquece um só momento
Se eu perder os seus carinhos vai dobrar meu sofrimento
Feiticeiros quem ver o fim do nosso casamento
Sofre eu sofre e sofre ela é grande o padecimento.

Bota fogo na fundanga tira este mal de mim
Fumaça benta que sobe traz meu amor pra mim (bis)

Qualquer dia vou baixar naquela famosa aldeia
Quero dar tanta pancada que os caboclos desnorteia
E o bando de feiticeiro eu vou cortar de correia
Depois quero que a policia leve todos pra cadeia.

Essa luta eu não perco vou com Deus no coração
Tenho fé no meu São Jorge pai Canário e Pai João
Vou Tirar o Meu amor dessa grande confusão
E colocar aliança no dedo da sua mão.


E prá quem julgar que estou sendo preconceituoso, intolerante em relação a entidade Zé Pelintra, deixo uma sugestão, com vídeo e letra, também do Tião Carreiro, tomara que gostem;

Malandro da Barra Funda

http://letras.terra.com.br/tiao-carreiro-e-pardinho/1785365/



Deixa a gira girar, chora viola!!!!!













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