sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Indo cada vez mais ao encontro das raízes da Umbanda

Em 25/12/2010 escrevi o post Se vale o trem do Adoniran, prq não a viola do Tião Carreiro, onde comentava sobre o uso aprovado e aceito de uma samba do compositor Adoniran Barbosa num culto em homenagem à Exu, Pomba Gira e Zé Pelintra.


Disse num trecho:"Por isso mesmo, aproveitando que a deixa foi dada, uma coisa puxa a outra, se pode a música de Adoniran Barbosa, afeita  a Umbanda paulistana, prq não posso incorporar a música de Tião Carreiro e Pardinho, sem me rotular como ortodoxo ou aos outros de permissivos, mas apenas um observador do que seja a essência, da raiz, nas nossas giras? Sou do interior, de Bauru, gosto de sertaneja como diz meu tio Neno, tocada no pinho, e já que a Umbanda se regionaliza, se adapta, absorve e ressignifica..."  


Muita água rolou de lá para cá, mas a busca da fonte nas raízes da Umbanda, simples, sem melindres, sem invencionices, sem aparatos mirabolantes, sem fantasias, sem mistérios misteriosos se mantém.Talvez, e não por mera coincidência, chegando a quase um ano daquela postagem, trupico sem querer, de verdade, em mais músicas sertanejas tocadas no pinho sim senhor, sem os holofotes, sem os efeitos de luzes, sem mirabolantes coreografias, sem pompa e circunstância, mas com conteúdo, no rasqueado bem ao estilo de preto velho que parece que diz sem estar dizendo. 


Diante da retomada e aceitação cada vez mais presente das antigas macumbas cariocas, pelo jeito não mais sob a capa da Umbanda, mas agora tomando conta mesmo, eu bato pé diante do congá.


Diante do esquecimento cada vez maior de Preto Velho e Caboclo, já que suas mensagens e posturas não coadunam com os fantásticos e cósmicos anseios dos que se postulam os mais perseguidos e injustiçados, eu bato pé diante do congá.


Enfim, coisa de caipira, pé no chão, como é com os pés no chão que se pisa no terreiro e com a fronte flexionada para baixo, consciente de quem é que manda na Umbanda.

Tião Carreiro e Pardinho - Preto Velho



AS SETE LÁGRIMAS... DE PAI-PRETO - W. W. MATTA E SILVA

Foi uma noite estranha aquela noite queda; estranhas vibrações afins penetravam meu Ser Mental e o faziam ansiado por algo, que pouco a pouco se fazia definir...
Era um quê desconhecido, mas sentia-o, como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto...
Quem do mundo Astral emocionava assim um pobre "eu"? Não o soube, até adormecer.., e "sonhar"...
Vi meu "duplo" transportar-se, atraído por cânticos que falavam de Aruanda, Estrela Guia e Zamby; eram as vozes da SENHORA DA LUZ-VELADA, dessa UMBANDA DE TODOS NÓS que chamavam seus filhos de fé...
E fui visitando Cabanas e Tendas, onde multidões desfilavam... Mas, surpreso ficava, com aquela "visão" que em cada urna eu "via", invariavelmente, num canto, pitando, um triste Pai-preto, chorava.
De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque, contei-as... foram sete.
Na incontida vontade de saber, aproximei-me e Interroguei-o: fala Pai-preto, diz a teu filho, por que externas assim uma tão visível dor?
E Ele, suave, respondeu: estás vendo essa multidão que entra e sai? As lágrimas contadas, distribuídas estão dentro dela...

A primeira eu a dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando daquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber.

Outra, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um "milagre" que os façam "alcançar" aquilo que seus próprios merecimentos negam.

E mais outra foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente tratando de "casos" nascentes uns após outro...

E outras mais que distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um seu semelhante - eles pensam que nós, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem... pobres almas, que das brumas ainda não saíram.

Assim vai lembrando bem, a quinta lágrima foi diretamente aos frios e calculistas - não crêem, nem descrêem; sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer forma. Cuida-se deles, não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram urna casa da Umbanda... Chegam suaves, têm o riso e o elogio à flor dos lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seus semblantes, verás escrito em letras claras: creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zamby, mas somente se vencerem o "meu caso", ou me curarem "disso ou daquilo’...

A sexta lágrima eu a dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda ido acreditam em nada, buscam apenas aconchegos e conchavos; seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.

E a sétima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada? Foi a ÚLTIMA LÁGRIMA, aquela que "vive’ nos "olhos" de todos os Orixás; fiz doação dessa, aos vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são... "Cegos, guias de cegos", andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma LUZ que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios ‘egos".

"Olhai-os" bem, vede como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam "doutrinando"; suas vozes são ocas, dizem tudo de "cor e salteado", numa linguagem sem calor, cantando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e à gula do vil metal. Eles não têm convicção.

Assim, filho meu, foi para esses todos que viste cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE PAI-PRETO! Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar: não tens mais nada a dizer, Pai-Preto? E, daquela "forma velha", vi um véu caindo e num clarão intenso que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez...

Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que esquecidos pensam que estão... ELES FORMAM A MAIOR DESSAS MULTIDÕES"...

São os humildes, os simples; estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão... SÃO OS SEUS FILHOS DE FÉ.

São também os "aparelhos’, trabalhadores, silenciosos, cujas ferramentas se chamam DOM e FÉ, e cujos "salários" de cada noite... são pagos quase sempre com uma só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra -

a INGRATIDÃO... 

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