quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Eu vivo de fato o que digo acreditar?

Oi! Estou me "apropriando" de uma postagem feita pelo Luciano na Comunidade Espiritismo do Orkut, pois são sem dúvida alguma, de uma lucidez profunda..

Estava na Codificação o tempo todo

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=1690810&tid=5294457180271192757

E é claro que o Luciano sendo espírita, usou a Codificação como base, então minha intenção ao trazer para cá, não é necessariamente discutir a D.E., mas baseando no trecho exposto + os valiosos questionamentos, refletir (auto e extra) quanto ao nosso quintal (comunidade umbandista e afro (prq não?)).

E o faço pelo seguinte, ao passear por comunidades umbandistas, sites, blogs, percebo que o queixume não muda, somos os perseguidos eternos, os massacrados pelos neopentecostais, pela ICAR, pela sociedade que insiste em não nos entender (ó sociedade teimosa não é mesmo?).

Mas vejo muito pouca auto-reflexão, muito pouco auto-critica. Vejo muito pouca disposição em questionar o que é colocado como verdade ancestral. Crítica apontando o dedo podre para os outros isto não falta...

Leio e ouço muito discurso sobre a defesa da Umbanda e dos umbandistas, e não nego que existam ações que são afrontas doutrinarias e constitucionais e mesmo agressões fisicas. Tão pouco estou alheio que há ações positivas aqui e ali na questão do diálogo extra-comunidade.

Mas e quanto ao diálogo intra-comunidade? Fica restrito ao universo de cursos (via de regra enviesados por esta ou aquela fôrma de ver Umbanda), listas de discussões (argh!!!!) ou reuniões onde se é (quando se é!) convidado para dar seu apoio a eventos diversos (mas sem possibilidade de divergir)?

Externamente divulga-se que existimos para transformar, internamente existimos para apoiar incondicionalmente nossos lideres e guerreiros, que sem dúvida enxergam muito mais além (só me pergunto para qual horizonte e com qual objetiva).

Recordo-me de uma colocação feita por Pai Bruno Tonini Barbosa, representando o CONUB - Conselho Nacional da Umbanda do Brasil no I FÓRUM UMBANDISTA SOBRE LIBERDADE RELIGIOSA realizado em 2007 em Bauru:"Mais do que orgulho, é preciso ter convicção (em ser umbandista)".

Convicção: s.f. Certeza adquirida por fatos ou razões; persuasão íntima, convencimento. Ou de outro modo:

"Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida."

Sidarta Gautama (o 24º Budha)

Mas como incentivar, promover e divulgar tais ensinamentos e deixar "escapar" pelos dedos o imenso prazer em ser adulado, obedecido, aplaudido, temido, reverenciado não é mesmo? E olha que não falo aqui só de Umbanda...

Precisamos a todo momento estar de branco, com guias ao pescoço ou vestindo nossas camisetas com lemas, fotos, desenhos de Orixás, Guias, terreiros prá mostrar que existimos ou será que nossas ações no dia a dia em conformidade com a doutrina que abraçamos não falariam mais alto?

Mas aí seria imprescindivel que conhecessemos de fato e a fundo a doutrina que vestimos, discursamos não é mesmo?

Eis onde nasçe o giz da questão! Pois o que acontece qdo nos deparamos de frente com o espelho de nossas ações, em geral o efeito destas no outro que nos retorna (e com certeza para toda ação haverá reação de valor igual), e "descobrimos" que estamos sendo hipócritas?

Nos desculpamos alegando que somos falhos, fracos, tão humanos, que não somos tão elevados quantos nossos guias, Orixás ou deixamos tal e qual uma ferida infeccionada que o pus seja expulso? Mas ai! quantos de nós estamos dispostos a experienciar tal expurgo?

Bom, vamos ao texto supracitado e Oxalá! frutifiquem nossas reflexões (destaques em vermelho meus);

Estava na Codificação o tempo todo

"A resposta para os anseios de muita gente aqui e alhures já estava há muito tempo, e muito bem (como sempre) colocada, no Livro dos Espíritos.

Vejamos...

A questão (de número 842), é: "Todas as doutrinas têm a pretensão de ser a única expressão da verdade; como se pode reconhecer a que tem o direito de se posicionar assim?"

Essa pergunta é tão abrangente, que vale hoje tanto para os grandes sistemas religiosos/filosóficos, como Cristianismo, Budismo, quanto para divisões políticas e também para uma reflexão sobre o panorama interno do movimento espírita.

A resposta, meus queridos amigos de comunidade, é para ser saboreada e refletida cuidadosamente, aplicando-a como sempre em primeiro lugar a nós.

A doutrina mais verdadeira:

"R– Será aquela que faz mais homens de bem e menos hipócritas, ou seja, pela prática da lei de amor e de caridade em sua maior pureza e sua aplicação mais abrangente. A esse sinal reconheceis que uma doutrina é boa, já que toda doutrina que semear a desunião e estabelecer uma demarcação entre os filhos de Deus só pode ser falsa e nociva.

Temos aí então um parâmetro muito claro para avaliar... Não é preciso debater-se nem digladiar-se, basta apenas a certeza de que a Verdade está do lado da caridade, da união e da igualdade."

A reflexão que faço (e eu tbm!) é: estarei eu sendo, dentro do máximo de minhas capacidades, um bom exemplo para aquilo em que acredito?

Estou eu agindo de forma idônea e coerente com meu sistema de crenças, ou estou tendo dois pesos e duas medidas, ou duas caras, uma em casa, e outra na casa do vizinho?

Quando falo em amor, caridade, doçura, afabilidade, essa palavas encontram eco nas minhas atitudes? Ou será "caridade" apenas mais uma palavra ao vento?

E por outro lado, quando crio divisões, desunião, demarcações, inclusive na forma de "facções" do Espiritismo (e por extensão Umbanda), chegando ao extremo de diglas e códigos, estarei eu fazendo jus à doutrina que deveria ser uma expressão viva da Verdade?

Enfim, estou vivendo de fato como que digo acreditar?

Estou vivendo de fato a Umbanda que digo ser Amor, Paz, Luz, Caridade, Fraternidade?

Boas reflexões!

Paz e Luz!

3 comentários:

João Carlos disse...

Extremamente oportuno o questionamento! E, por falar nisso, válido para a grande maioria dos que professam alguma religião.

Trocando em miúdos (senão, eu falo demais...), a minha ideia sobre o assunto é: Pare de ficar puxando o saco de Deus e dos Orixás para conseguir o que você não merece, e trate seu semelhante como você gostaria de ser tratado.

Fácil de dizer... fazer é um pouco mais complicado.

Edenilson Francisco disse...

"Fácil de dizer... fazer é um pouco mais complicado."

Mano, e quem disse que não seria hein? rsrsrsrs

A questão é, tamos a fim de fazer ou não, não é mesmo?

Especialmente a parte do:"Pare de ficar puxando o saco de Deus e dos Orixás para conseguir o que você não merece"

Aí é que eu quero ver!

Paz e Luz!

Ana Triton disse...

Nada a complementar.


Como já disse o João Carlos:

-"Extremamente oportuno o questionamento."