quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O que um aquário tem a nos ensinar?

Olá! Alguns Amigos com sua maravilhosa irônia e humor negro dirão que logo logo a notícia que fui em definitivo para as fileiras dos franciscanos não será surpresa, rsrsrsrsrs.

Eu os amo por isso mesmo, são o que são e dizem o que sentem sem dissimular e sem intermediários. Eu aprendi a conheço-los e eles a mim.

Nos permitimos abrir nossos corações e a troca foi recíproca, sem isso como dizer que há amor fraterno?

Onde não existe coração disposto a se abrir não pode haver amor, seja que modo se manifeste...

Expressões como; não gostei, não entendi, a impressão que tive, com olho no olho, jogo aberto, fazem parte de suas condutas.

Amizade verdadeira que diz o que me disse Rosana: "Olha, me parece que vc guarda uma mágoa por não ter tido seu esforço reconhecido", me fazem refletir sobre o quanto ainda tenho a caminhar para transpor minhas fraquezas e deficiências.

Minha resposta foi: "Não, não busquei reconhecimento do que fiz, mas é possível tê-lo desejado pelo quanto meu coração acreditou ter demonstrado que queria amar (e transformar as coisas) e não recebeu o retorno esperado"

Claro que o nível de expectativa ou imaturidade influem no modo como isto se dá dentro de nós.

Como sempre, o tempo senhor da razão e seu grande hierofante, é quem vem nos mostrar se aquela pepita que tanto nos deixamos cegar pelo brilho era mesmo de ouro.

O tempo nos diz se fomos ou não tolos em nossas escolhas, como agiremos a partir aí é que nos dirá se amadurecemos. Lição só é lição para que se dispõe a enxergar-se e reconhecer suas deficiências e nisto promover suas potencialidades, claro!!!! Não somos o resultado de nossos erros, mas muito mais de nossos desejos, que podem muitas vezes não terem suas manifestações concretizadas no modo mais correto ou compreensível, até para nós mesmos.

Não somos pelas escolhas feitas, o boneco de malhação onde devemos ser apedrejados pela culpa, mea culpa, minha tão grande culpa.

Somos o que queremos ser na construção a partir de cada escolha que fazemos, a cada momento, como tudo aquilo que desejamos dentro de nosso coração. Eis por que é tão importante cuidar do que aí vai!

Cuidemos do que vai em nossos corações, pois é a partir dele que nasçem os sonhos e os desejos de lindos mundos tal e qual um belo aquário, bem cuidado e constantemente examinado, pois caso contrário, este se tornará um foco de doenças e ilusões.

Às vezes é preferível e necessário ser o cascudo, feio e que ninguém nota, salvo se o aquário começar a ficar escuro demais, e aí muitos até mesmo não compreendem seu trabalho e o criticam, a aplaudir o belo e inconsequente ornamental que só quer ser admirado, admirado, admirado.

Dedico estes escritos à todos os cascudos que já conheci um dia e conheço hoje, em especial, cascudos que são por muitos considerados feios, rudes, ásperos, sem utilidade comunitária já que insistem em demonstrar que há lodo e que não aplaudem (já que suas barbatanas e cérebros não forma feitos prá isso mesmo! rsrsrsrsrs) todo e qualquer novo movimento ornamental para a boa apresentação ornamental da Umbanda a sociedade, igualmente ornamental.

"O que um aquário tem a nos ensinar?"

Artigo Professor Falcão

http://www.franciscanosnaprovidencia.org.br/ver_artigo.php?codigo_artigo=97

"Certo dia observando um pequeno aquário que tenho em casa, estou eu lá contemplando a beleza dos peixes ornamentais, com suas mais variadas tonalidades de cores, eles me olham e chegam até me enfeitiçar com seu lindo nado e sua exuberante beleza, mas para meu espanto estou com os olhos fixos num cascudo no fundo de aquário, imóvel, feio que dói, um peixe rude, áspero, sem nenhuma beleza que possa me encantar, mas não sei o porquê eu estou lhe admirando.

Todos nós sabemos qual é a finalidade de se colocar um cascudo no aquário, o pobre coitado tem a difícil missão de limpar o quê os lindos peixes sujam, além de não deixar que o lodo tome conta do ambiente. Confesso que nunca havia olhado para o cascudo como naquele dia, sempre passou despercebido aos meus olhos, imagine você que eu nunca havia valorizado sua nobre missão de limpar as impurezas que os outros lançam.

Penso que no nosso mundo, onde valoriza-se muito o externo, as aparências, a beleza que faz mal, o feitiço fácil, faltam pessoas “cascudos”, pessoas que deixem nosso ambiente mais puro e limpo materialmente e o nosso meio ambiente agradece, mas deixa nossa sociedade mais limpa espiritualmente, pessoas que vão limpando as invejas, os ódios, as vinganças, o mal causado aos outros, o alcoolismo, as drogas, a violência , as separações dos casais, ao adultério.

Quantos de nós não temos lançado dejetos na vida dos outros, e também na nossa vida, invadimos a vida dos outros sem pedir permissão, e abrimos as portas também para que as pessoas depositem em nós , óvulos da maldade, e esses óvulos quando eclodirem no “aquário”, vocês não tem a idéia dessa contaminação, torna-se um ambiente sujo, solitário, onde o egoísmo e o pecado vão se disseminando sem controle algum.

Quantas pessoas são como esses lindos peixes dos aquários, nadam de um lado para outro, sem direção, perdidas nas suas próprias vaidades, e vão deixando o relativismo tomar conta de seus corações, esse que tem causado tanto mal a nossa Igreja, onde tudo pode, tudo é permitido, tudo depende do ponto da relatividade, e onde impera o relativismo o “lodo” vai tirando nossa visão desse lindo “aquário”, que numa linda metáfora aqui vou chamar de vida.

Jesus via além das aparências, Jesus sabia que junto às rosas vem o espinho, mas não desistia de cuidar desse jardim. O relativismo vai contra a Palavra de Deus, que é absoluta, não existe meio termo, a palavra de Deus muitas vezes fere, mas muitas vezes a sangria se faz necessária.

Sem o cascudo o lodo toma conta do aquário, passado algum tempo, não conseguimos nem nos ver, nem ser visto por ninguém, as máscaras se tornam insuportáveis, pois depois de algum tempo, acabam tomando o formato do nosso rosto, e chega um certo momento em que nós não sabemos mais quem somos, perdemos nosso essência.

Jesus olhava além dessa beleza exterior encantadora, Jesus queria saber da missão, de tornar esse mundo mais limpo, justo e igualitário.

Observe que o cascudo se fixa a um local, enquanto a missão não termina ele não sai dali, sabe por onde anda, sabe onde precisa socorrer primeiro, onde o lodo irá aparecer primeiro , é um estrategista, guiado pela solidariedade que brota em seu coração. A grande definição para desequilibro emocional é a pessoa que saiu do eixo, anda para lá para cá e não se encontra, anda com a única finalidade de enfeitiçar, de vender a imagem, até tem presa em suas “nadadeiras”,uma placa dizendo: - Deixe-se enfeitiçar!

Isso nos mostra e deixa claro que pessoas “peixes ornamentais” estão descompromissadas da missão de um “aquário” melhor, enquanto as pessoas que aceitam sua missão de “cascudos”, não desistem da sua árdua tarefa, de termos um mundo melhor. Eles pode até não ser belo aos olhos do mundo, mas é belíssimo aos olhos do Criador."


Francisco de Assis foi e continua sendo um grande cascudo perante a nossa sociedade e a nossa própria hipocrisia, diante de tanto amor estéril.

À vc Pai Francisco, meu beijo e abraço fraternos, tua luz nos guie hoje e sempre em direção à Jesus!


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pixinguinha, Martin Luther King, Zumbi dos Palmares

Hoje, 20 de novembro "comemora-se" a data dedicada ao héroi nacional Zumbi dos Palmares. Entre aspas, pois como ouço e leio dos integrantes do Movimento Negro não há o que comemorar, mas sim muito o que refletir.

E eis que uma vez mais os cidadãos brasileiros que se destacam pelo tom de pele negra vêm nos ensinar que festa mesmo, comemoração mesmo, plenas só quando os direitos, as oportunidades, o tratamento, o respeito, a integridade, a educação, a saúde, o saneamento básico, os parlamentos, forem IGUALMENTE observados, cumpridos, exercitados, aplicados PARA TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS, independente de sua cor de pele, etnia (pelo amor de Deus parem de usar a expressão raça, quem tem raça é cachorro!!!!!), opção sexual, religião, etc.

Até lá, até podemos nos confraternizar sim, mas ainda não dá para sorrir inconsequentemente como se ali na esquina não estivesse alguém sendo espancado, estuprado, queimado ou morrendo de fome, independente de sua cor de pele, aliás, depois que se tornou sub-qualquer coisa é o que menos vão olhar, afinal já se tornou paisagem morta, menos um ser humano, nosso semelhante.

Aliás 2, enquanto não despertarmos para nossa verdadeira realidade espiritual estacionaremos nos mesquinhos detalhes de nossas diferenças terrenas.

DANÇANDO FORA DO CORPO NA CHUVA II*

Eu olho vocês cantando na noite na grande avenida.
Os carros passam acelerados.
E os transeuntes correm da chuva.

Mas ninguém os vê.
Nem escutam canção alguma.
Entretanto, eu escuto daqui.
Porque eu ouço com o coração.

E porque sua canção é linda
E cheia de amor.
Porque ela tem alma.
E, por isso, é verdadeira.

Ah, brothers**, que coro é esse?
Que faz as estrelas descerem
Ao asfalto molhado e sujo,
E que também limpa os corações...

Eu vejo vocês dançando na 5ª Avenida,
E suas auras*** brilham bem mais
Do que as luzes da cidade.
Será porque Deus dança com vocês?

Estamos ligados, hein brothers?
Vocês aí, e eu aqui, corações que cantam...
Enquanto as estrelas também escutam
E descem na noite dos homens.

Ah, eu nem sei o que dizer!
Eu olho vocês dançando, e fico admirado
Como os seus sapatos brilham tanto.
Será porque seus movimentos são de luz?

Vocês estão no duplo extrafísico da avenida
E a chuva atravessa os seus corpos espirituais* ***.
Mas vocês estão além do frio e da sujeira,
Porque a fé aquece seus corações.

É por isso que vocês cantam na noite...
Trazendo as estrelas para o asfalto
E falando de um Grande Amor.
Os homens não escutam, mas os espíritos, sim.

E muitos deles, infelizes, trocam a sujeira
Pela canção e abrem o coração para a Luz.
E, então, são levados para o Céu.
Será por isso que as estrelas desceram?

My brothers, que coro é esse,
Que só o coração escuta?
Que atravessa os planos e chega aqui,
Como som do Eterno?

Aí e aqui, corações que cantam na noite,
Enquanto a chuva cai na 5ª Avenida;
E as estrelas dançam no asfalto,
Enquanto os espíritos voam...

Ah, brothers, eu vejo vocês daqui.
E sinto a fé que os move.
Porque é a mesma que move meu coração,
E que fala de um Grande Amor.

Então, mesmo à distância, estamos juntos!
Vocês cantam e dançam, e eu escrevo;
Enquanto as estrelas fazem o serviço...
Será por isso que Deus nos juntou espiritualmente?

Ah, que coro é esse, que enche o chão
Da 5ª Avenida de estrelas dançantes?
E que liberta os espíritos infelizes
E também enche o meu coração de luz?

E essa alegria, que vem da fé?
Que não doutrina nem julga, só ama.
Que não fala de religião alguma.
E que fala da eternidade da consciência.

Ah, brothers, que canção linda!
Que faz pensar na Luz do Eterno;
Que faz as estrelas descerem, não só no chão,
Mas, também, em meu coração.

Eu vejo vocês na noite da 5ª Avenida.
Vocês continuam cantando e dançando,
Enquanto as estrelas dançam no asfalto,
E eu vou escrevendo, em nome de um Grande Amor...

My brothers, thank you !

(Dedicado a Pixinguinha e a Martin Luther King*****).

P.S.:Fiz esses escritos enquanto via, extrafisicamente, um trabalho de assistência espiritual rolando na cidade de Nova York. O mesmo era realizado por um grupo de amparadores extrafísicos ligados à música. Todos eles eram negros e cantavam e dançavam como os mestres do Soul, do Blues, do Gospel, e do Jazz. Olhando os caras dançando e cantando na noite dos homens tristes e sem luz, lembrei-me de Sam Cooke, que foi o grande crooner negro da América.

Além da alegria deles, ficava evidente sua fé e seu amor pela música. E eu sentia a atmosfera deles aqui comigo.

O Grande Amor uniu nossos corações, e os motivos disso, só o Grande Arquiteto Do Universo é que sabe. Na verdade, eles não são americanos, e eu não sou brasileiro.

Somos cidadãos do Universo. E eu não sou branco, e nem eles são negros. Somos da raça da Luz, que é a de todos. Acima de nós, brilham as estrelas.

Mas, nessa noite de hoje, elas desceram ao asfalto e dançaram com os espíritos, lá na 5ª Avenida, em Nova York. E elas também vieram aqui para o Brasil, no bairro da Saúde, na cidade de São Paulo, tão grande e cosmopolita quanto a sua irmã americana, e dançaram em meu coração.

E, agora, eu nem sei mais o que dizer. Porque tem um chão de estrelas aqui.E, lá em cima, no Astral Superior, talvez Pixinguinha e Martin Luther King estejam compondo algumas canções juntos, quem sabe?

Paz e Luz.

- Wagner Borges - sujeito sem jeito, que, na Terra, não dança nada; mas que, no Astral, dança como nunca, junto com um grupo de espíritos cheios de alegria, música e amor, sempre em nome da Luz.

São Paulo, 12 de novembro de 2009.

Em tempo: Não tenho como provar as coisas do espírito para outros. Apenas escrevo e compartilho o que O Grande Arquiteto Do Universo me deixa ver no imenso concerto da vida universal. E só isso já me deixa muito contente. Não tenho verdades absolutas nem sei explicar mistérios universais. Mas, o pouco do infinito que já percebo em meu coração, me deixa cheio daquela alegria e amor que não se explica, só se sente...Sim, não posso provar nada; mas, que tem vida além da morte, ah, tem sim!E os espíritos dançam, sim, pois estão bem vivos. E que legal poder escrever sobre isso, e dançar junto, pelas pistas do Eterno, e por aquelas outras, que estão dentro do próprio coração espiritual.

Como diz o Pai Joaquim de Aruanda, sábio mentor extrafísico das lides da Umbanda, “cada um de nós é como uma gotinha; os mentores espirituais são copos de água; os grandes mestres são galões cheios de água; e o Papai do Céu é o oceano de todos.”

Concluo esses escritos com duas palavras fortes, cheias de valor:

NA FÉ! NA LUZ!


Notas:
* A primeira parte desse texto está postado no site do IPPB – www.ippb.org. br, no seguinte endereço específico: http://www.ippb. org.br/modules. php?op=modload&name=News&file=article&sid=6388 ** Brothers – do inglês – irmãos.

*** Aura – do latim, aura - sopro de ar – halo luminoso de distintas cores que envolve o corpo físico e que reflete, energeticamente, o que o indivíduo pensa, sente e vivencia no seu mundo íntimo; psicosfera; campo energético.**** Corpo espiritual - Cristianismo - Cor. I, cap. 15, vers. 44.Sinonímias: Corpo astral - do latim, astrum - estrelado - expressão usada pelo grande iniciado alquimista Paracelso, no séc. 16, na Europa, e por diversos ocultistas e teosofistas posteriormente. Perispírito - Espiritismo - Allan Kardec, séc. 19, na França. Corpo de luz – Ocultismo. Psicossoma - do grego, psique - alma; e soma, corpo. Significa literalmente "corpo da alma" - Expressão usada inicialmente pelo espírito André Luiz nas obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier e por Waldo Vieira, nas décadas de 1950-1960, que atualmente é mais usada pelos estudantes de Projeciologia.

Dediquei esses escritos a Pixinguinha e Martin Luther King porque foi o que senti intuitivamente para fazer. Então, deixo na sequência algumas informações sobre esses dois gigantes da raça negra; um do Brasil, e o outro dos Estados Unidos da América.

- Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, (1897-1973) foi um flautista, saxofonista, compositor, cantor, arranjador e regente brasileiro.Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira e contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.

Em 1919, ele formou o conjunto Oito Batutas, formado por Pixinguinha na flauta, João Pernambuco e Donga no violão, dentre outros músicos. Fez sucesso entre a elite carioca, tocando maxixes e choros e utilizando instrumentos até então só conhecidos nos subúrbios cariocas.Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917, e "Lamentos", em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso", na época, não foi considerado choro, e sim uma polca.Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo", e "Sofres porque Queres".

No dia 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, trata-se de uma homenagem ao nascimento de Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.Pixinguinha faleceu na igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, quando seria padrinho de um batizado.

- Martin Luther King, Jr. (1929-1968) - Líder de movimentos que buscavam o respeito aos direitos dos negros e o fim da discriminação racial nos EUA. Pastor protestante, liderou vários protestos pacíficos e conseguiu mudar bastante a situação dos negros em seu país.

Eis aqui alguns extratos do que ele falava:

“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.É melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-se, fazendo nada até o final.Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver.”

“Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos. Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.”

“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.”

“Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora. O seu pensamento é a planta concebida por um arquiteto para construir um edifício denominado prosperidade. Você deve tornar o seu pensamento mais elevado, mais belo e mais próspero.”

“Cada dia é o dia do julgamento, e nós, com nossos atos e nossas palavras, com nosso silêncio e nossa voz, vamos escrevendo continuamente o livro da vida. A luz veio ao mundo e cada um de nós deve decidir se quer caminhar na luz do altruísmo construtivo, ou nas trevas do egoísmo. Portanto, a mais urgente pergunta a ser feita nesta vida é: o que fiz hoje pelos outros?”

“Mesmo as noites totalmente sem estrelas podem anunciar a aurora de uma grande realização.”

“Quando os nossos dias se tornarem obscurecidos por nuvens negras e baixas; quando as nossas noites forem mais negras do que mil noites, lembremo-nos que no universo há um grande e benigno poder, que é capaz de abrir caminho onde não há caminho, e de transformar o ontem sombrio num luminoso amanhã.


Obrigado Mãe Benedita, Pai José, Pai Tinoco, Pai Guiné, Mãe Maria Conga, Mãe Cambinda, Pai Sabino, Pai Antônio e toda Linha de Trabalho das Almas!

sábado, 14 de novembro de 2009

Umbanda, que a tua Luz vele pelos humildes e pequeninos!

Olá! - olá! olá! olà!, resposta do eco aos textos que aqui disponibilizo e as bobagens que escrevo, rsrsrsrsrsrsrs. Perdoem mas não resisti ao graçejo - Ontem pretendia postar o último ou o assim pretenso texto na série comemorativa a data de surgimento da Umbanda através do Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas no plano terreno.

Até pesquisei textos do Sr. Benjamim Figueiredo / Sr. Caboclo Mirim, Sr. Roger Feraudy, Sr. Matta e Silva / Pai Guiné, mas quando estava diante da tela e olhei para a estante onde este se encontra, vi a foto de minha avó Sra. Angelina da Cruz da Silva, conhecida como Mãe Mina, manifestando seu Guia de frente o Sr. Caboclo Rompe Mato.

Aí danou-se tudo! Evitar as lágrimas foi impossível, pela alegria, saudade, emoção e respeito e o insight acendeu na mente :

"Sim é louvável citar e referendar-se nos nomes luminosos dos que se arrojaram como pontas de lanças, mas e os que fizeram sua parte fervorosa, confiante e humildemente e nunca terão seus nomes conhecidos ou destacados nos discursos e livros do mundo, mas que no Livro da Vida, Àquele que sabe e é o único que pode pesar o que vai nos corações conhece?"

Então me lembrei de tanta gente de minha infância, alguns que não lembro o nome inclusive, benzedores, senhoras e senhores pobres, simples, vivendo em casas caindo aos pedaços ou muito muito humildes.

Lembrei de uma senhorinha que ia no terreiro de minha avó e ficava sentada num banquinho, terço de lágrimas-de-nossa-senhora nas mãos rezando, rezando, rezando sem fim, até que um dia perguntaram ao Sr. Caboclo Rompe Mato se tinha prq dela ficar ali rezando e sua resposta foi:

"Se não fosse pela fé e as rezas daquela mulher, muitos ali não saberiam de quantos males teriam se livrado".

Vc acha que ela estava preocupada em ter sua foto pendurada em alguma parede de federação como decano de um tempo que passou?

Lembrei das cartas que minha avó recebia de gente de longe, agradecendo pelas curas, pelas orações, pelo carinho e respeito com que foram tratados no terreiro, por fatos que muitos hoje poderiam considerar extraordinários, mas quem tem contato com gente da antiga sabe perfeitamente que aconteciam (e talvez motive estes mesmos mudernos a tentarem copiar, causar impacto é importante não é mesmo? Senão com vão dizer que ali têm força, axé, luz...).

Lembrei de outras pessoas que exerçem algo que nem sabem que se chama mediunidade, mas que com entrega e amor à Jesus deixam um tal índio, híndu, preto-velho realizarem seu trabalho de caridade através de um benzimento com copo dágua, um galhinho de arruda e uma vela branca acesa, e sem espanto um quadro com a foto do Dr. Bezerra de Menezes.

Vc acha que eles estão preocupados em discutir sincretismo?

Lembrei da Umbanda Fest 2007 quando o Sr. Pai Dito de Cafelândia, então com 72 anos subiu ao palco e a idéia era que ele, assim como outros que ali foram chamados dessem um alô e um salve - mas ou faltou combinar ou atendendo ao seu coração - este Sacerdote disparou a falar, deixando-nos ,organizadores, atônitos. Mas entre as coisas que ele falou, destaco:

"Tem muita gente nova que mal saiu das fraldas e já está dando passe!" e disse sobre a falta de respeito aos mais velhos, e disse sobre o abuso de cobranças (até pelo simples fato de dar um passe), e disse que se queremos uma coisa bonita, honesta e que o povo não desacredite no nosso trabalho, é preciso dar um basta nestas coisas (neste ponto escrevo de memória, mas se ele não disse, assim compreendi e concordo).

Revi este Sacerdote num evento realizado a pouco tempo em Bauru e respeitosamente mirei seu rosto e seu olhar, quanto teria hoje para falar, se lhe dessem oportunidade...

Lembrei da Dona Eva e sua Baiana, que há anos realiza um trabalho maravilhoso de caridade e assistência social, quando não havia discursos, nem meus, nem de outros sobre dignificar a Umbanda perante a sociedade.

Lembrei do Seo Paiva da Sociedade Beneficente Cristã, do Sr. Inu, Dna Maria, avó de um amigo o Paulo Baiano, etc.

Quantos outros estão espalhados nestes rincões sem placa indicativa no portão e neste exato momento em que escrevo podem estar fazendo ou se preparando para dar um passe com um terçinho ou guia, um copo dágua e um galhinho de arruda nas mãos e um coração aceso de tanta fé a amor a verdade:

Umbanda é prática da caridade através da manifestação dos ESPÍRITOS no sentido do AMOR FRATERNO que Jesus DELEGOU como missão a um grupo de espíritos desencarnados para no plano terreno junto a tantos outros espíritos encarnados atuassem, tendo à frente um que para melhor se fazer compreender e ser aceito se auto-denominou Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Jesus como Mestre Maior, Espíritos desencarnados como Trabalhadores-Orientadores, Espíritos encarnados como Instrumentos-Servidores e TODOS em nome de uma LEI MAIOR.

"Ah vc agora chutou o balde cara!"

Mas será que não deu prá entender ainda que o que vale mesmo e dá sentido ao surgimento da Umbanda neste plano é exatamente isso?

Que podemos até LOUVAR ao Orixás na Umbanda, mas que nesta não temos como premissa CULTUÁ-LOS?

Que o sentido da expressão AMOR FRATERNO é essência e se realiza toda vez e todo lugar onde acontece e que tanto faz se recebe o nome de Umbanda ou outro qualquer?

Este é o sentido que falta e assim me permito refletir, sobre o prq não haver a tão conclamada união. Muitos estão preocupados, receosos e mesmo não interessados de abandonar a sua talbuá de salvação neste imenso oceano chamado Umbanda ou Escola da Vida Maior.

Óbvio ululante que o fator interesses mesquinhos, personalistas e inomináveis sejam a antítese.

Não é demais lembrar que não adianta maquiarmos nossos atos, pois a vibração do que realmente intentamos está sendo vista e percebida 1º pela Espiritualidade e 2º algum dia no plano terreno.

Que há o direito sim de aplicar ritualisticamente isto ou aquilo - não incentivo a formatação ou engessamento das pretensas codificações e nem tampouco creio que sejam a solução como muitos fomentam - mas é preciso estar atento e realmente comprometido para que não se percam os própositos supracitados.

Mas vejam só, pego pelo contrapé não é mesmo? O que estou fazendo aqui que ainda não fui prá lá ao lado deles de joelhos no chão, elevando preçes e maõs em favor de alguém?

À todos vcs que nunca me lerão, meus profundos respeitos!

Peço e preciso da sua benção,

E muito, muito obrigado, pois é por vcs que um dia Jesus disse e ainda ecoam suas palavras:

"Pai, obrigado por esconder estas coisas dos poderosos e arrogantes e as revelastes ao pequeninos e humildes!"

Mas não nos enganemos, não pela suposta humildade ou simplicidade externa que se apresenta ou se queira demonstrar, mas acreditemos nos vai pelos olhos nos olhos daquilo que vai e fala o coração, de cada um de nós.

Humildade, simplicidade, sinceridade não são adereços que se possam colocar pendurados no peito, mas sim endereços por onde a autenticidade entra e sai, sem jamais deixar de se ausentar...

Paz e Luz!


TEMPO REI - GILBERTO GIL
http://www.youtube.com/watch?v=CTJdrLuNVzQ

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Umbanda, contagem regressiva:...1908 - parte IV

Um dos pensadores e sacerdotes que merecem maior e melhor atenção dos umbandistas, Pai Caio de Omulú, seus textos falam por si.

Oxalá sejam acolhidos nos corações sedentos de esperança...

Meus sinceros e fraternos respeitos!

Retirado do blog (destaques coloridos meus):


Umbanda sem mistério
http://umbandasemmisterio.blogspot.com/


Revirando os esqueletos do armário! (Tema I)

"SANTO (ORIXÁ) É EVOLUÇÃO!"

Existe uma polêmica resistente nos meios da psicologia e até mesmo da sociologia sobre a questão de que o somos produto ou resultado do meio em que vivemos. Muitos defendem que nossa personalidade é formatada, pelas inferências sociais e psicológicas, que sofremos durante nosso dia-a-dia, principalmente no período da infância para adolescência.

Verdade, exageros ou discordâncias a parte, é fato que, em qualquer situação de nossas vidas, nos valemos de referenciais externos para formarmos nossa opinião, bem como, os nossos relacionamentos influenciam de alguma forma.

Assim, como na vida em geral, assim, como nos setores e áreas de nossos interesses e convivências, tais quais, o lado profissional, o religioso, o social, o familiar e o amoroso.

Como este blog é voltado para assuntos da religião e mais especificamente da Umbanda, vamos nos deter neste aspecto. Desta feita assimilamos paradigmas, assumimos posições e durante um bom tempo, ou até pela vida inteira, agimos e reagimos baseados em referências adquiridas, dogmas, crenças conscientes ou inconscientes e conclusões produzidas por ilações de motu proprio.

Essa nova série do Blog: "Revirando os esqueletos do armário", visa fazer uma releitura dos paradigmas e crenças, que fizeram o constructo da minha religiosidade.

Durante alguns anos da minha vivência na Umbanda, escutei a seguinte frase:

"Santo (Orixá) é evolução".

Essa frase repetida muitas vezes, era pronunciada dentro do contexto, de que Umbanda sem Orixá e melhor ainda, sem o fundamento destes, sob a ótica dos cultos de nação, ou mesmo do Candomblé, era algo estático e que não permitia a evolução, dentro da própria religião do então umbandista.

Em outras palavras, a Umbanda evolutiva, a que proporcionaria um salto qualitativo, um upgrade no desenvolvimento do agora filho-de-santo, era aquela que envolvia em seu modus operandi e vivendi os fundamentos dos Orixás, de acordo com os ensinados nos cultos de nação, que envolvem camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc.

É posto e é fato, que os Cultos de Nação e o Candomblé, de forma nobre e também progressiva, contribuem para evolução e o religare da fé de seus adeptos. Isto não está em discussão.

O problema surge é quando dirigentes umbandistas, adotam este discurso, para referendar o seu modo de praticar, ensinar e doutrinar na Umbanda.

Será que esta assertiva, no contexto acima explicitado, é verdade? Vejamos a luz da racionalidade e não do dogma e da imposição.

Não precisamos nos aprofundar muito, em teses e tratados, para derrubar esta assertiva. Basta lançarmos um olhar sobre a história, para que a lógica e bom senso prevaleçam.

No período pré-colonial existiam os povos indígenas, que em termos religiosos atingiu a nossa contemporaneidade com uma corruptela de seus ritos, denominados genericamente de Pajelança.
Com a chegada da era colonial e do processo escravagista, o povo africano desembarca em nosso continente, trazido a força pelos comerciantes de escravos em seus navios negreiros, como eram chamados.

Aqui recolhidos as senzalas, misturados sem nenhuma preocupação com etnia, língua ou dialeto e inclusive, não sendo respeitado afinidades familiares, sociais etc., tiveram que se adaptar as duras condições de existência em uma terra totalmente desconhecida.

Quando falamos em sincretismo religioso, devemos lembrar que os escravos tiveram no Brasil, mesmo que inconscientemente, realizar o seu próprio, tendo em vista a necessidade de perpetuar suas crenças, fé, ritos etc., independente das diferenciações que existiam em África.
Como maioria, a cultura yorubá/nagô, teve uma forte influência, e serviu para moldar ou gerar este amálgama religioso.

Inkices, Voduns e Orixás se transformaram em sinonímia, com estes últimos (Orixás) ganhando maior abrangência. Muito rapidamente, os Orixás tiveram que sofrer, para garantia de sobrevivência religiosa, um segundo sincretismo, agora devido ao Catolicismo (religião dominante e impositora), que foi a equivalência aos Santos Católicos pelo comparativo dos arquétipos, como hoje nos explica os estudiosos do assunto.

Como resultado de tudo isso, surge o Candomblé que de elementos díspares até, formatou-se para servir de molécula agregadora de toda uma situação religiosa, existente em África e que foi vilipendiada, em seus cultos originais pelass condições sub-humanas, que envolviam os escravos no Brasil.

Décadas e mais décadas separam a colônia e o império da posterior república, tendo como interstício, a Lei Áurea e a libertação dos escravos. Só de escravidão foram 300 anos.
Roger Bastide, eminente sociólogo francês, nos ensinou, que nos primórdios do Candomblé, já como uma religião instituída na Bahia, embora não oficialmente reconhecida a época, existia apenas o culto aos Orixás, sem manifestação alguma, do que é comumente chamado de eguns (espíritos que passaram por processos reencarnatórios).

Como é de domínio público, os Orixás incorporados ou bolados, como se diz no linguajar dos Cultos Afro-brasileiros, não se comunicam ou falam, apenas se manifestam e realizam suas danças ao sons do ilus ou atabaques tocados pelos alabês ou ogans. Como no início de tudo, eles continuaram sendo energias divinas ou potestades, que nunca tiveram passagem pelo Aiyê (Terra) como encarnados, vivem desde sempre no Òrun (mundo divino ou espiritual).

Orixás, somente, se comunicam pelo oráculo ou jogo, seja o Ifá ou o de Búzios.

Na sequência histórica, aparecem os denominados Candomblés de Caboclo, com incorporação de entidades espirituais ou eguns, puxados pelos boiadeiros, por alguns Exus e Pombagiras e até mesmo, os Mestres de Jurema oriundos do Catimbó.

Algumas linhas de estudo imputam, que o surgimento dos Candomblés de Caboclo fomentou a sua migração para o que um dia, nos idos de 1908, foi denominado de Umbanda.

Para os umbandistas, está mais do que certo, a história é outra e está, intrinsicamente, ligada ao advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, da vida do seu médium Zélio Fernandino de Moraes e da sua família.

Desta forma, temos para nossa linha de raciocínio a seguinte sequência: os Orixás em primeiro lugar e depois as Entidades Espirituais ou eguns. O Candomblé, depois o Candomblé de Caboclo e na esteira da história a Umbanda.

Importante salientar que, nesta contemporaneidade, convivem ou conviveram e por isso influenciam ou influenciaram também a Pajelança, o Catimbó, o Xambá, o Toré, o Terecô, o Tambor de Minas, os Xangôs do Nordeste, entre outras.

Bom... A Umbanda surge ou ressurge (eu sou um dos que acredita na universalidade e ancestralidade da Umbanda), louvando aos Orixás, sem fundamentá-los em camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc. Portanto, ela (a Umbanda) é que seria a novidade sobre o que estava até então posto como religiosidade afro-brasileira, indígena e outros segmentos correlatos ou corruptelas (Candomblé, Candomblés de Caboclo, Pajelança, Catimbó etc.) e não o contrário.

Desta forma, se os Orixás fundamentados, vamos assim se referir, vieram antes, eles não podem dar um pulo para frente na história e surgirem como salvaguarda de um processo evolutivo e revolucionário em algo, que surgiu ou ressurgiu posteriormente.

Este novo (Umbanda) é que na lógica, poderia sim, realizar esse papel.


Se a Umbanda (res) surgiu, no século XX, para isso ou não, é discussão e polêmica para mais de metro, como se diz. Não é o meu intuito discutir isso aqui e agora. Mas é irracional, no mínimo, querer quebrar a cronologia dos fatos e se colocar o carro na frente dos bois, apenas no intuito de referendar as práticas e doutrinas pregadas em muitos terreiros, que se denominam de Umbanda, mas que no dia-a-dia de suas práxis são cultos de nação, candomblés disfarçados ou candomblés de caboclo mal elaborados.

Costuma-se, hoje em dia, realizar um enquadramento de todos esses tipos de manifestações, ditas umbandistas, no que comumente se denominou de diversidade.

A diversidade na Umbanda existe sim, mas está compartimentalizada em determinados padrões ou parâmetros doutrinários facilmente identificáveis, naquilo que denomino de Escolas.

Para ficar no exemplo, cito como escolas entre outras tantas, a Umbanda Esotérica (que resgatou a ancestralidade da Umbanda), a Umbanda Iniciática (que ampliando o trabalho da escola esotérica, está proporcionando o sentido da universalidade da Umbanda) e a Umbanda Omoloko (que fazendo uma releitura dos cultos afro-brasileiros, caminha para um upgrade nesses ritos, catalizando-os para uma forma mais próxima a Umbanda, do que levando-os de volta aos seus ancestrais diretos, o Candomblé, o Candomblé de Caboclo e outros segmentos, como o Catimbó por exemplo).

O que me preocupa, nesse quadro, são os terreiros que vivem a situação de praticar os fundamentos de santo, no trato com os Orixás [por conta da beleza das vestes, das obrigações (camarinhas, feituras e demais ritos), sempre pagas com dinheiro, das festas (com as saídas-de-santo) sempre pomposas, verdadeiros cultos a vaidade e ao orgulho] e, no entanto, precisam também dos caboclos, pretos-velhos, crianças e exús, para gerar consultas e trabalhos, angariando com isso mais dinheiro ainda.

Geralmente, os enquadrados nessa situação se auto-denominam umbandomblés, ou mesmo se reconhecem como da Umbanda Omoloko, que destes casos passa ao largo. São esses mesmos, que um dia batiam uma Umbanda, como dizem alguns, pé-no-chão, branca ou simples e que decidiram mudar para agregar o fundamento dos Orixás, arranjando a desculpa da evolução para seus seguidores, e que hoje, taxam de catimbozinhos atrasados e de terreiros de fundo de quintal, o seu próprio passado.

Porque, caridade e viver para Umbanda não traz dinheiro e nem produz os benefícios auridos de se viver da Umbanda.

Fico feliz, quando descubro que o Omoloko, tem em muitos páramos do Brasil, representantes dignos e que trabalham respeitando suas tradições, fundamentos e história. É bom ver a beleza de Cultos Afro-brasileiros, como o Candomblé, por exemplo, mantendo sua cultura religiosa intacta, fortalecendo a sua religiosidade.

É gratificante, perceber como o movimento umbandista e muitos terreiros no Brasil e no mundo, tem trabalhado pelos objetivos superiores dentro da sua linha de atuação.

Óbvio ululante, que os Orixás, sejam eles tratados, com os fundamentos dos Cultos Afro-brasileiros ou com a ciência da Umbanda, serem reconhecidos como potestades e proporcionarem evolução, ou conduzirem o processo evolutivo de seus filhos.

Triste, é perceber a apropriação do alheio (fundamentos) para validar práticas questionáveis e com intenções, no mínimo, de interesses próprios, sejam eles financeiros, sejam produzidos pela vaidade, orgulho, prepotência e arrogância. Realmente, existem pessoas, que não conseguem caber dentro de si mesmas. São os desesperados, pela única causa válida na vida deles, ou seja, eles mesmos.

Tem gente que acredita, que a verdade existe, tem outras que se acham donos dela. Como também, existem os que acham que são Deus e outros, que tem certeza que o são.

Aos incautos, irmãos umbandistas, presos nesse tipo de armadilha consciencial, eu digo, estudem mais a sua religião, visitem outros terreiros, vejam o que está sendo feito e realizado até mesmo fora do seu Estado.

Leiam mais, pesquisem e sobretudo reflitam, pensem e meditem, racionalizem a sua fé e questionem as suas crenças. Somente assim crescemos, amadurecemos e nos fortalecemos.

A Umbanda não precisa de fanáticos religiosos, nem tão pouco de seguidores de ególatras.

Ela precisa de gente sincera, de fé racional e praticantes do bem, do amor e da caridade.

Façam como eu, que não tenho medo de revirar os esqueletos no armário, jogá-los fora um a um e depois nem lembrar que um dia, aquela caveira sorriu para mim.

Fica a sugestão deste Sacerdote a todos, em especial aos que compreendem de verdade prq estão pisando num chão chamado terreiro...

Paz e Luz!






quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Umbanda, contagem regressiva:...1908 - parte III

Peço desculpas pelo mal jeito, mas o apagão nacional de ontem, mal comparado com o nosso próprio apagão consciencional, causou este pequeno atraso na edição da continuidade dos textos comemorativos ao nosso aniversário para o próximo dia 15 de novembro.

O texto escolhido é sem dúvida um dos mais lidos e publicados (muitas vezes sem o devido registro do autor), entre os umbandistas, mas que infelizmente LÊEM SEMPRE PARA OS OUTROS, nunca para si mesmos, será por não se enxergarem mesmo na condição de necessitados (tal e qual a fila do texto) ou por se considerarem instrumentos ungidos do alto astral da esferas elevadas?

Aproveito a publicação feita no excelente site (destaques negritos e coloridos meus):

Reencontrando o Sagrado
http://www.nativa.etc.br/umb_conceito_006.html

As sete lágrimas de Pai-Preto

Tenho visto a divulgação das Sete Lágrimas de Pai-Preto. E, pelo fato da sua origem não estar sendo divulgada, achei por bem, reproduzí-las aqui, com estas informações adicionais. Este texto é um resumo de uma experiência de desdobramento de W.W. da Matta e Silva ( Mestre Yapacani) .

O texto foi copiado do Livro "Lições de Umbanda (e Quimbanda) na palavra de um Preto-Velho, 3a. edição", que recomendo à todos lerem, independentemente de sua convicção filo-religiosa, para entenderem o que é Umbanda e, principalmente, àqueles que estão inseridos no Movimento Umbandista.

Pessoalmente, creio que é/será de interesse para aqueles que estão no início de jornada nesta Seara.
Thashamara

Introdução

Nestas páginas, estão cravadas as impressões vividas e sentidas por mim, diretamente, de um humilde e leal amigo do astral - o Pai G....., a quem rendo minha eterna gratidão, como seu veículo mediúnico desde a Infância...

Desse "Preto-Velho", colhi esse lamento e essa lição, sobre a natureza das humanas criaturas que "giram" nos terreiros ou Tendas de Umbanda.

Isto foi há muitos anos... quando a experiência ainda não tinha encanecido minha alma nesse mister...

Naturalmente, ele, ao proporcionar-me esse "passeio-astral" e ao falar assim numa demonstração direta, quis que eu visse a coisa como ela era e é... pois eu tinha ilusões e bastante ingenuidade ainda...

Assim, quero dedicar essas suas sete lágrimas, a meus Irmãos de Umbanda, aparelhos, sinceros, para que, meditando nelas e vibrando na doce paz desses "pretos-velhos", possam haurir forças e compreensão e sobretudo a indispensável experiência, para que sejam, realmente, baluartes das verdades que eles tanto ensinam... quando têm oportunidade...

W.W. da Matta e Silva

AS SETE LÁGRIMAS... DE PAI-PRETO

Foi uma noite estranha aquela noite queda; estranhas vibrações afins penetravam meu Ser Mental e o faziam ansiado por algo, que pouco a pouco se fazia definir...

Era um quê desconhecido, mas sentia-o, como se estivesse em comunhão com minha alma e externava a sensação de um silencioso pranto...

Quem do mundo Astral emocionava assim um pobre "eu"? Não o soube, até adormecer.., e "sonhar"...

Vi meu "duplo" transportar-se, atraído por cânticos que falavam de Aruanda, Estrela Guia e Zamby; eram as vozes da SENHORA DA LUZ-VELADA, dessa UMBANDA DE TODOS NÓS que chamavam seus filhos de fé...

E fui visitando Cabanas e Tendas, onde multidões desfilavam... Mas, surpreso ficava, com aquela "visão" que em cada urna eu "via", invariavelmente, num canto, pitando, um triste Pai-preto, chorava.

De seus "olhos" molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pelas faces e não sei porque, contei-as... foram sete.

Na incontida vontade de saber, aproximei-me e Interroguei-o: fala Pai-preto, diz a teu filho, por que externas assim uma tão visível dor?

E Ele, suave, respondeu: estás vendo essa multidão que entra e sai? As lágrimas contadas, distribuídas estão dentro dela...

A primeira eu a dei a esses indiferentes que aqui vêm em busca de distração, na curiosidade de ver, bisbilhotar, para saírem ironizando daquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber.

Outra, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um "milagre" que os façam "alcançar" aquilo que seus próprios merecimentos negam.

E mais outra foi para esses que crêem, porém, numa crença cega, escrava de seus interesses estreitos. São os que vivem eternamente tratando de "casos" nascentes uns após outro...

E outras mais que distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejam sempre prejudicar a um seu semelhante - eles pensam que nós, os Guias, somos veículos de suas mazelas, paixões, e temos obrigação de fazer o que pedem... pobres almas, que das brumas ainda não saíram.

Assim vai lembrando bem, a quinta lágrima foi diretamente aos frios e calculistas - não crêem, nem descrêem; sabem que existe uma força e procuram se beneficiar dela de qualquer tona.

Cuida-se deles, não conhecem a palavra gratidão, negarão amanhã até que conheceram urna casa da Umbanda... Chegam suaves, têm o riso e o elogio à flor dos lábios, são fáceis, muito fáceis; mas se olhares bem seus semblantes, verás escrito em letras claras: creio na tua Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zamby, mas somente se vencerem o "meu caso", ou me curarem "disso ou daquilo’...

A sexta lágrima eu a dei aos fúteis que andam de Tenda em Tenda ido acreditam em nada, buscam apenas aconchegos e conchavos; seus olhos revelam um interesse diferente, sei bem o que eles buscam.

E a sétima, filho, notaste como foi grande e como deslizou pesada? Foi a ÚLTIMA LÁGRIMA, aquela que "vive’ nos "olhos" de todos os Orixás; fiz doação dessa, aos vaidosos, cheios de empáfia, para que lavem suas máscaras e todos possam vê-los como realmente são... Cego., guias de cegos", andam se exibindo com a Banda, tal e qual mariposas em torno da luz; essa mesma LUZ que eles não conseguem VER, porque só visam a exteriorização de seus próprios ‘egos".

"Olhai-os" bem, vede como suas fisionomias são turvas e desconfiadas; observai-os quando falam "doutrinando"; suas vozes são ocas, dizem tudo de "cor e salteado", numa linguagem sem calor, cantando loas aos nossos Guias e Protetores, em conselhos e conceitos de caridade, essa mesma caridade que não fazem, aferrados ao conforto da matéria e à gula do vil metal. Eles não têm convicção.

Assim, filho meu, foi para esses todos que viste cair, uma a uma, AS SETE LÁGRIMAS DE PAI-PRETO! Então, com minha alma em pranto, tornei a perguntar: não tens mais nada a dizer, Pai-Preto? E, daquela "forma velha", vi um véu caindo e num clarão intenso que ofuscava tanto, ouvi mais uma vez...

Mando a luz da minha transfiguração para aqueles que esquecidos pensam que estão... ELES FORMAM A MAIOR DESSAS MULTIDÕES"...

São os humildes, os simples; estão na Umbanda pela Umbanda, na confiança pela razão... SÃO OS SEUS FILHOS DE FÉ.

São também os "aparelhos’, trabalhadores, silenciosos, cujas ferramentas se chamam DOM e FÉ, e cujos "salários" de cada noite... são pagos quase sempre com urna só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra - a INGRATIDÃO...

MESTRE YAPACANI

Com votos de profunda paz nos seus pensamentos, irradiante alegria nos seus sentimentos e harmonia nas suas ações, com prosperidade, força e minha benção.

THASHAMARA
O ETERNO APRENDIZ


Paz e Luz!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Umbanda, contagem regressiva:...1908 - Parte II

"Enquanto houver espaço, tempo e corpo e algum modo de dizer não, eu canto!" e isso tbm quer dizer: não deixar ser jogado prá debaixo do tapete o que é importante, nesta semana que nós umbandistas, tal e qual quando nos aproximamos de nosso aniversário e segundo diz a Astrologia, vivemos nosso "inferno" astrológico, que nada mais é senão um período de avaliação e conclusão de ciclo, trago um texto que diz muito, ou ao menos deve dizer a todos os umbandistas honestos, sérios e verdadeiros sobre o que é e como se moldou nossa origem no plano terreno.

Mas que convenientemente foi sendo deixado de lado por ser considerado, quem sabe, antiquado, retrógrado, teologicamente ultrapassado, simplista, PRECONCEITUOSO, branco demais...

Este texto e outros de igual e maior importância podem ser encontrados no blog Cláudio Zeus, um dos cúmplices neste blog. Importante cabe ressaltar que o texto foi escrito muito antes deste blog surgir.


Umbanda Sem Medo
http://umbandasemmedo.blogspot.com

TENDA ESPÍRITA NOSSA SENHORA DA PIEDADE

REGIMENTO INTERNO


PARA MELHORES REALCES, MINHAS APRECIAÇÕES E COMENTÁRIOS, DENTRO DO TEXTO, ESTARÃO EM "VERMELHITO"

A Diretoria da TENDA, usando das atribuições estatutária, por ordem e segundo orientação do nosso "CHEFE ESPIRITUAL" - O Caboclo das Sete Encruzilhadas - resolveu aprovar o presente Regimento Interno, a fim de estabelecer a necessária ordem interna e para atender aos seus associados, trabalhadores e frequentadores, na maior harmonia e o mais completo aproveitamento dos trabalhos espirituais.

CAPÍTULO I
DAS SESSÕES EM GERAL

Art. 1° - As sessões da Tenda, que deverão começar às 20 horas e terminar às 22 horas, com a tolerância de 15 minutos no máximo, sobre a hora de encerrar, dividem-se:

PRIMEIRO APARTE: Observemos que havia tempo determinado para a realização de SESSÕES. A mim foi explicado, quando de meu início, que esse tempo visava cautela para com os próprios médiuns, evitando degastes desnecessários e muitas vezes nocivos, tanto à saúde física quanto mediúnica dos mesmos, incluindo-se aí o possível animismo imperante a partir do momento em que, por estarem cansados, médiuns costumam perder os contatos positivos com seus protetores, principalmente os de fase consciente.

a) Sessões de caridade:

b) Sessões de desenvolvimento mediúnico e de consultas exclusivamente para "trabalhadores do terreiro";

c) Sessões especiais;

SEGUNDO APARTE: Havia orientação para que se fizesse sessões EXCLUSIVAS para médiuns e trabalhadores do Terreiro, fossem elas de atendimento ou de desenvolvimento. Interessante porque você já deve ter lido sobre isso em alguns de meus textos.

Parágrafo único - Essas sessões terão lugar:

a) DE CARIDADE (Sessões públicas}

Às segundas-feiras - Trabalho de "Caboclo";

Às terças-feiras - Trabalhos de "Pretos Velhos" e "Caboclos";

Às sextas-feiras - Trabalhos de "Pretos Velhos".

TERCEIRO APARTE: Reparou que NÃO HAVIA DETERMINAÇÃO PARA SESSÕES DE EXU em relação à CARIDADE? Perceba que ENTIDADES DE TRABALHO para a Umbanda eram CABOCLO E PRETOS VELHOS APENAS. Essa informação se torna interessante na medida em que muitos afirmam que Exu era Linha de trabalho de Umbanda até para o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Onde estão eles então, na Tenda Nossa Senhora da Piedade?

Para as consultas nesses dias, serão distribuídas aos assistentes, por ordem cronológica de chegada à Tenda à partir das 18 horas, cartões numerados com o nome do "Guia"que os deverá atender.

b) DE DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO E CONSULTAS AOS "GUIAS "EXCLUSIVAMENTE PARA TRABALHADORES DO TERREIRO (Sessões privativas)

1) Só poderão tomar parte nessas sessões médiuns e cambonos matriculados, não sendo permitido assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes;

2) Para frequenta-las, torna-se necessário que o Guia chefe do terreiro, após verificar a necessidade de desenvolvimento mediúnico, encaminhe a pessoa interessada, privativamente, a "ORIXÁ MALE" para que este autorize ou não a respectiva matricula;

3)Essas sessões são divididas em duas partes:

1a - Das 20 às 21 horas - Trabalho de desenvolvimento mediúnico;

2a - Das 21 às 22 horas - Consultas aos "Guias", exclusivamente para os trabalhadores os quais poderão falar a mais de um "Guia", conforme as possibilidades do momento.

QUARTO APARTE: Nota-se claramente nessas disposições a importância que era dada, tanto a médiuns quanto aos demais trabalhadores do Terreiro. Isto é muito importante se ter em mente, já que esses são NA REALIDADE, os sustentáculos para os trabalhos que possam vir a ser realizados - médiuns e trabalhadores (ogãs e demais) mal orientados ou com problemas particulares e psicológicos ACABAM ATRAPALHANDO MAIS QUE AJUDANDO.

c) ESPECIAIS:

Entende-se por sessões especiais:

1 - Sessões do "CHEFE" (Sessões públicas) na primeira Quinta-feira de cada mês. Sessões em que a presença do Chefe Espiritual era garantida

2- Sessões de "descarga" de "ORIXÁ MALE" (Sessões privativas). Na Quarta- feira, véspera da Sessão do "CHEFE", são privativas dos trabalhadores da Tenda não se permitindo assistentes nem consultas. Sessões que visavam tirar dos médiuns quaisquer cargas acumuladas durante os trabalhos em dias de Sessões públicas e mesmo na vida diária.

No grupo onde iniciei elas se chamavam sessões de Expurgo.

3 - Sessões de "demanda" (Sessões privativas) Em dia e hora designados pelo "Guia" que estiver encarregado de executar e dirigir os trabalhos. Só poderão ser realizadas, com autorização especial do "CHEFE", a qual será transmitida por "PAI ANTÓNIO", e nela só poderão tomar parte os trabalhadores e pessoas que foram devidamente escaladas ou autorizadas pelo referido "Guia".

Percebe-se ainda aqui a preocupação de só se realizar sessões deste tipo COM A PRESENÇA de MÉDIUNS PREPARADOS, médiuns estes apontados como potencialmente preparados e não com a presença de todos os outros, já que isso poderia (como já expliquei em outros textos) trazer até mesmo riscos à saúde mediúnica destes.

4 - Sessões destinadas exclusivamente ao estudo da doutrina, desenvolvimento de outras mediunidades e aperfeiçoamento de cambonos, etc. Às quintas-feiras, com exceção da 1a de cada mês. Só poderão ser frequentadas por médiuns desenvolvidos e auxiliares, cambonos ou pessoas designadas pelo "CHEFE", não sendo permitido assistentes nem consultas por parte dos acompanhantes.

Perceba-se que o
CDSE se preocupava também com o desenvolvimento DE OUTRAS MEDIUNIDADES e não somente a de INCORPORAÇÃO e, além disso, preocupava-se também com o estudo da Doutrina. Mas que Doutrina seria essa? Vamos ver mais à frente.

5 - Sessões Festivas (Sessões públicas):

Em 20 de Janeiro - de Oxossi (São Sebastião)

Em 23 de Abril - de Ogum (São Jorge)

Em 13 de Maio - de Pretos Velhos (Pretos Cativos)

Em 13 de Junho - de Santo Antônio e Pai António

Em 15 de Setembro - de aniversário da TENDA N. S. DA PIEDADE

Em 27 de Setembro - de Cosme e Damião (Falange de crianças)

Em 30 de Setembro - de Xangô (São Jerônimo)

Em 16 de novembro - de aniversário do CHEFE

Em 04 de Dezembro - de Inhaçã (Santa Bárbara)

Em 08 de Dezembro - de lemanjá (Nossa Senhora da Conceição)

São sessões públicas comemorativas de datas solenes da TENDA e funcionam com horário especial, que será estabelecido na ocasião pelo CHEFE. Nelas poderão participar médiuns e cambonos de outros terreiros, desde que a tenda a que pertençam tenha sido devidamente convidada.

MUITO INTERESSANTE: Alguém consegue ver nessa relação de Sessões Festivas alguma que fosse para Exu? Acho que não! E mais uma coisinha: Perceba-se também que se formos considerar "ORIXÁS" o que o CDSE considerava, com nomes africanos, veremos somente aqui, nessa relação de festas: Oxossi, Ogum, Xangô, Inhaçã e Iemanjá. As SETE LINHAS DE TRABALHO seriam "fechadas" com Crianças (Cosme e Damião) e Pretos Velhos.

DA DIREÇÃO DAS SESSÕES

Art. 2° - As sessões serão dirigidas por um médium ou cambono designado pelo "CHEFE", o qual será auxiliado pelo cambonos chefe.

Parágrafo único - São atribuições do dirigente:
a) Abrir e encerar as sessões;

b) Organizar a mesa nas sessões de caridade, designando os médiuns auxiliares para campo-la e substituindo-os nas ocasiões que julgar necessário;

c) Cumprir e fazer cumprir por parte de todos, indistintamente, os dispositivos previstos nesse Regimento e ordens em vigor:

d) Resolver todos os casos omissos que chegarem ao seu conhecimento, quer no plano material, quer no espiritual, devendo, conforme o caso , dar ciência da solução adotada, na primeira oportunidade, ao Presidente da Tenda ou ao "CHEFE"- Caboclo das Sete Encruzilhadas;

e) Tomar todas as medidas que julgar necessárias para o bom andamento da sessão e que não estejam previstas nesse Regimento, ouvido, na ocasião, o Guia Chefe do terreiro.

DA REALIZAÇÃO DAS SESSÕES

Art. 3° - As sessões terão início às 2O horas com o defumador, o qual deverá terminar no máximo às 20:20 horas, até quando será permitida a entrada de assistentes e trabalhadores.
Isso é muito importante de se anotar porque essa medida visava fazer com que
TODOS os presentes tivessem passado pela defumação. Acho que não preciso dizer o porquê.

§ 1° - As exceções do presente artigo, no qual diz respeito a entrada após às 20:20 horas, serão da alçada exclusiva do dirigente da sessão, ouvido o Guia Chefe do terreiro;
Observar também: existiam exceções.

§ 2° - Nas sessões de caridade, a porta será aberta entre 21:10 e 21:20 horas, para saída das pessoas já atendidas e ingresso dos retardatários.
Ingresso de retardatários somente depois da gira firmada e não a qualquer momento com riscos e quebra de corrente.

Art. 4° - A abertura dos trabalhos, que será feita com uma preleção doutrinária conversando, principalmente, sobre assuntos atinentes à LINHA DE UMBANDA, seguida de prece, terá a duração máxima de 15 minutos.

§ 1° - As consultas e passes só poderão Ter início depois de baixar o Guia Chefe do terreiro;
§ 2° - Nos dias de desenvolvimento mediúnico, serão feitas explicações apropriadas sobre pontos cantados e riscados, durante 20 minutos aproximadamente, sendo prestados, na ocasião, todos os esclarecimentos que a esse respeito forem solicitados.
Observe-se mais uma vez que a preocupação com a boa orientação dos médiuns em desenvolvimento era marca registrada do
CDSE. Acredito piamente que ele entendia muito bem que MÉDIUNS, tanto podem ser muito bons para o Terreiro, quando conscientes de suas responsabilidades e bem preparados, como podem ser exatamente OS PONTOS FRACOS por onde o Baixo Astral pode ir tomando conta.

Art. 5° - As sessões de caridade terminarão, obrigatoriamente, por uma descarga espiritual feita pelo Guia Chefe do terreiro.
No meu entender e também como aprendi, isso é FATOR PRIMORDIAL. Médium que volta pra casa carregando nas costas as energias negativas de outros ou do ambiente, com certeza vai se desgastando aos poucos e quando chegar a perceber ...

Parágrafo único: Iniciada essa descarga, cessarão, imediatamente, as consultas aos Guias no ponto em que estiverem, não sendo permitido, sob qualquer pretexto, e a quem quer que seja, se dirigir aos mesmos ou aos demais participantes do terreiro, a fim de que não haja perturbação do trabalho por quebra de corrente.

Quebra de Corrente. Isso é tão importante quanto a própria respiração dentro de um Terreiro.


CAPÍTULO II

DOS TRABALHADORES DO TERREIRO

MÉDIUNS EM GERAL

Art. 6° - Médiuns desenvolvidos:São os médiuns cruzados que tem autorização de "ORIXÁ MALET", para dar passes econsultas, bem como auxiliar os trabalhos de desenvolvimento mediúnico, e outros quaisquer que se realizarem na Tenda, de acordo com esse Regimento.Distintivo: FAIXA VERMELHA na cintura.

Art. 7° - Médiuns em desenvolvimento:

a) Auxiliares: São os médiuns de desenvolvimento mediúnico adiantado, já classificados por "ORIXÁ MALET'. São obrigados a comparecer às sessões de Quarta-feira, não podendo, contudo, frequentar o terreiro em outro qualquer dia, a não ser na qualidade de assistente.

MAIS UM DISPOSITIVO IMPORTANTÍSSIMO: Quem acompanha os textos desse blog já percebeu que sempre que posso, procuro informar sobre a importância de NÃO SE TER MÉDIUNS INICIANTES em giras DE TRABALHO, NEM COMO CAMBONOS, já que, por ingenuidade e falta de preparo, costumam ser os MAIS VULNERÁVEIS a atuações de energias e entidades do Baixo Astral. Existem exceções? Existem, é claro! Mas a Regra é esta até por lógica, e se os médiuns iniciantes forem poupados, pelo menos no início de suas práticas, de estarem entrando em contato com energias e entidades que não conhecem, com certeza só terão a ganhar.

Aí, uma vez me disseram assim: "Que nada, é melhor mesmo que vão encarando "as barras pesadas" de começo e aprendendo, com isso, a levarem tombo e se levantarem".

Um bom conselho, talvez... Mas será que aplicam essa "técnica" também no aprendizado sobre a vida a seus próprios filhos carnais? Será que os deixam, sem medos ou críticas, enfrentarem a vida sem conselhos, ensinamentos e até mesmo reprimendas? E será que se agirem assim não vão acabar se arrependendo como tantos que vemos por aí sabendo depois, pela mídia, que seus "pobres e queridos filhos" estão diretamente envolvidos no comércio de drogas proibidas? Sei não!

O pior é que em caso de médiuns iniciantes, além de poderem SE prejudicar, PODERÃO PREJUDICAR A TODO O GRUPO MEDIÚNICO, na medida em que, fatalmente, serão eles os principais alvos do Baixo Astral com consequentes QUEBRAS DE CORRENTE e até mesmo necessidade de atendimento imediato e particular.Vamos pensar um pouquinho mais sobre isso?

Art. 8° - Os médiuns em geral, devem dar máxima passividade possível às entidades que se aproximarem, para que essas possam trabalhar com plenitude de irradiação e de força.
Acredito que isso seja norma em qualquer terreiro, até hoje.

CAMBONO EM GERAL

Art. 9° - Aos cambonos cruzados - secretários dos Guias - compete:

§ 1° - Ao Cambono Chefe:

a) Cumprir e fazer cumprir no terreiro, pelos médiuns, cambonos e assistentes, todas as origens vigorantes, velando pela boa e perfeita normalidade e regularidade dos serviços a seu cargo;

b) Fiscalizar o preparo e execução do defumador no início de cada sessão;

c) Superintender todos os serviços atribuídos aos demais cambonos, controlando a distribuição de todo material que se fizer necessário à realização dos trabalhos;

d) Controlar e disciplinar a chamada dos consulentes;

e) Esforçar-se para manter os trabalhadores e assistentes, em constante concentração espiritual, não permitindo que cruzem braços e pernas, que conversem e que procurem ter curiosidade sobre o que se passa no terreiro, além de tudo mais que possa perturbar ou quebrar a corrente fluídica durante as sessões;

f) Levar ao conhecimento do dirigente da sessão, qualquer irregularidade que notar, antes, durante e após os trabalhos;

g) Finalmente acatar e fazer cumprir as resoluções que eventualmente possam ser emanadas do dirigente da sessão ou Guia Chefe do terreiro.

Em relação ao ítem "E", percebemos a importância que era dada à PARTICIPAÇÃO DA ASSISTÊNCIA que, embora alguns não levem em conta, É IMPORTANTÍSSIMA NA FORMAÇÃO DA EGRÉGORA do Terreiro. Uma Assistência dispersiva, não concentrada, conversando entre si, também pode provocar maior CARGA DE TRABALHO para os médiuns com não muito boas conseqüências ao longo do tempo.

§ 2°- O Cambono chefe deverá ser substituído em seus impedimentos por um dos cambonos substitutos;

§ 3°- Ao Cambono Tronqueira: Além das atribuições dos cambonos substitutos e auxiliares, fica especialmente encarregado de:

a) Fazer parte, obrigatoriamente, da mesa nas sessões de caridade, auxiliando os trabalhos de descarga e de doutrinação que se fizerem necessários aos espíritos sofredores que nela baixarem.

§ 4°- Ao Cambono subchefe: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:
a) Zelar pelo asseio e correção do uniforme dos trabalhadores do sexo feminino;

b) Fiscalizar o vestiário das senhoras;

c) Exercer controle da passagem que dá acesso ao toalete durante os trabalhos.

§ 5°- As funções desse cambono, que está subordinado diretamente ao cambono chefe, serão privativas do sexo feminino e só poderão ser exercidas, em caso de substituição eventual, por pessoa do mesmo sexo, designada pelo "CHEFE", para esse fim.

§ 6°- Ao Cambono Substituto: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:

a) Substituir os cambonos chefe e tronqueira em seus impedimentos eventuais;

b) Secundar e auxiliar o Cambono Chefe em todas as suas atribuições;

c) Executar as ordens de serviço relativa à subdivisão de trabalhos e atividades que cada um deve superintender durante as sessões.

§ 7° - Ao Cambono auxiliar: Além das atribuições ainda não previstas:
a) Acatar e fazer cumprir as ordens recebidas do Cambono Chefe;

b) Receber das mãos do Cambono Chefe todo material que se fizer necessário ao Guia que assistir, salvo se o mesmo possuir material próprio, caso em que levará apenas ao conhecimento do Cambono Chefe a natureza do material a ser empregado;

c) Dar plena e geral assistência ao Guia com o qual estiver trabalhando, não podendo dele se afastar sem sua permissão;

d) Abster-se de ouvir as consultas, somente intercedendo nas mesmas em caso de ser chamado pelo Guia e apenas para atender ao assunto que por ele lhe for atribuído;

É terminantemente vedado:

1° - Revelar ou comentar a natureza das consultas e bem assim procurar tirar qualquer proveito dos assuntos tratados nas mesmas;

2° - Tomar ou procurar tomar conhecimento das consultas dadas por outros Guias, seja por curiosidade, seja por qualquer outro motivo.

§ 8° Ao Cambono Zelador: Além das atribuições dos cambonos auxiliares, especialmente:

Zelar pelo "Jacotá" (altar), trazendo-o sempre limpo.

Zelar pelo asseio e higiene de todas as dependências da Tenda:

Providenciar para que todos os objetos e utensílio à ela pertencentes estejam sempre limpos, arrumados em ordem e em seus devidos lugares;

§ 9° - Esse lugar será exercido por pessoa do sexo feminino diretamente subordinada à direção da Tenda;

Distintivo dos Cambonos cruzados: FAIXA VERDE na cintura.
O que está acima nem é preciso comentar. São determinações de âmbito puramente material.

CAPÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES COMUNS AOS TRABALHADORES DA TENDA

Art. 10 - Os trabalhadores da Tenda (médiuns e cambonos), indistintamente, são obrigados:

a) Médiuns desenvolvidos e cambonos: Matricular-se compulsoriamente, pelo menos uma vez por semana, em dia que escolher de comum acordo com a Direção da Tenda;

b) Comparecer às sessões em que estiverem matriculados ou escalados, só podendo faltar por motivo justificado;

c) Avisar, com a devida antecedência , a impossibilidade de seu comparecimento à sessão, justificando a falta;

d) Manter a concentração no terreiro, curimbando em voz alta os pontos que forem sendo puxados;

e) Fazer, nos dias de sessão a que se obrigarem, uso de banho de descarga, cuja espécie será indicada pelo Guia que receber (caso dos médiuns desenvolvidos), ou pelo o que der assistência (caso dos cambonos), ou ainda pelo Guia Chefe do terreiro, quando este terminar, sendo que, para os médiuns em desenvolvimento (sessão de Quarta-feira), esse banho será feito com 5 folhas de mangueira.

f) Fazer uso do uniforme adotado (conservando-o limpo) e seus distintivos, não podendo permanecer no terreiro em condições diferentes;

g) Procurar conhecer os pontos riscados e cantados (curimbas), bem como os seus significados, e, quando ignorá-los, pedir esclarecimento ao Guia Chefe do terreiro ou ao dirigente dos trabalhos.

Alt. 11° - Os trabalhadores que sem motivo justificado faltarem a quatro sessões consecutivas, nas quais estejam matriculados, ou para as quais tenham sido escalados, ficarão privados de trabalhar na Tenda, condicíonalmente:

a) Os médiuns: Enquanto "ORIXÁ MALET" não autorizar a sua volta ao terreiro;

b) Os cambonos: Até que suas faltas sejam justificadas pela Direção da Tenda;

Parágrafo Único: Os trabalhadores suspensos, só poderão frequentam as sessões em caráter de assistente, sendo vedado mudarem roupa de trabalho com o intuito de permanecer no terreiro.

Art. 12° - Os médiuns desenvolvidos e cambonos poderão tomar parte nos trabalhos de qualquer sessão na Tenda, ainda que nela não estejam matriculados, desde que para isso tenham o assentimento do Guia Chefe do terreiro.

Art. 13° - Os antigos trabalhadores da Tenda, afastados transitoriamente por motivos independentes de sua vontade, poderão frequentar e tomar parte em qualquer trabalho que se realize na Tenda, salvo o caso de proibição expressa do Guia Chefe do terreiro após o início da sessão.

Art. 14° - Fica terminantemente proibido aos trabalhadores:

a) Afastar-se do terreiro durante as sessões sob qualquer pretexto ou motivo, sem a devida autorização do dirigente dos trabalhos;

b) Trabalhar, sob pretexto algum, fora do recinto da Tenda ( em suas casas ou em outro qualquer terreiro), salvo o caso de autorização especial dada pelo "CHEFE";

c) Fazer comentários de qualquer natureza, dentro ou fora do terreiro, pessoais ou telefónicos, com referência aos assuntos que tenham sido tratados nas sessões, ou sobre outros quaisquer que digam respeito à vida privada de cada um.

O Artigo 14, em seus ítens "b" e "c" eram e ainda são considerados muito importantes porque, trabalhar em casa, sem a proteção da egrégora do Terreiro, é uma forma de se arriscar e trabalhar em outro Terreiro seria o mesmo que estar jogando em um Clube e ir treinar em outro - é claro que se pode antever certos problemas daí advindos.Proibição quanto a fazer comentários de qualquer natureza etc e tal, era e sempre será norma a ser cumprida por qualquer médium, do Terreiro que for.

Art. 15 ° - A secretária manterá os livros que forem necessários ao registro de matrículas dos trabalhadores e controle de seu comparecimento às sessões.

CAPÍTULO IV

DOS ASSISTENTES

Art. 16° - A entrada na Tenda só é vedada:

a) às pessoas alcoolizadas ou embriagadas:

b) às pessoas portadoras de armas ou animais;

c) às pessoas manifestamente mal intencionadas ou a desordeiros conhecidos.
Sem querer mexer com ninguém mas fazendo uma observação em vista de certas permissividades hoje existentes, será que alguém diria que a não permissão de entrada, nesses casos, seria falta de caridade?

§ 1° - São deveres dos assistentes:

a) Munir-se, logo após à sua chegada, do cartão numerado para a respectiva consulta;

b) Procurar acomodação na parte reservada a assistência, onde deverá se conservar até a hora de sair, com o respeito e dignidade devidos a um TEMPLO RELIGIOSO;

c) Acatar as ordens gerais da tenda e as que lhes forem transmitidas pelos cambonos;

d) Manter-se em elevação, si souber, o curimba (ponto cantado que estiver sendo puxado), para possibilitar uma perfeita e harmónica corrente fluídica, desde o início do defumador até o encerramento da sessão;

e) Atender prontamente, sob pena de perder a vez, ao chamado do cambono para a consulta.

§ 2° - É vedado terminantemente aos assistentes, consultarem a mais de um Guia na mesma sessão.
Ops! Já existia isso naquela época. Já existiam os "corre giras" e os "corre guias".

§ 3° - O assistente que tiver necessidade de qualquer natureza deverá dirigir-se ao cambono mais próximo, de preferência de seu sexo e expor o que deseja, para que este providencie como se fizer necessário.

§ 4° - Na ocasião da abertura da porta às 21:10 horas para saída das pessoas atendidas e retardatários, deverá ser observado o mais COMPLETO SILÊNCIO.Respeito aos médiuns, entidades e à egrégora que deve ser mantida sem desvios de pensamento ou comportamento.

CAPITULO VDAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 17 - Por princípio doutrinário e em se tratando de reuniões de caridade puramente cristã, as pessoas que vierem à Tenda, devem se abster de pensamentos e propósitos que contrariem as virtudes exemplificadas por JESUS.Assim sendo, as consultas não poderão versar sobre assuntos que fujam aos princípios capitulados nas DEZ MANDAMENTOS, constantes do EVANGELHO.

§ 1° - São deveres de todos os frequentadores:

Procurar conhecer o Espiritismo Cristão pela leitura de obras doutrinárias tais como:

O Evangelho, segundo o Espiritismo;

O Livro dos Espíritos;

O Livro dos Médiuns;

O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda.


Esse Capítulo é importantíssimo para que se deixem, de vez, de dizer coisas como: "Umbanda tem que largar o cristianismo e voltar às raizes africanas", ou então, "Umbanda é um Culto Afro", ou mesmo que "Umbanda com orações e leitura de livros espíritas é KARDECUMBANDA", comentários esses muito observados na Internet por conta de pessoas que, claramente, NÃO CONHECEM EM QUE PRINCÍPIOS A UMBANDA DO BRASIL SE FORMOU. Lendo o acima exposto e observando certos posicionamentos, percebemo-los totalmente inadequados em relação a todos os que agem por esta cartilha, seguindo o que já determinava o CDSE há quase 100 anos atrás.

Será que são eles os "errados", se é que existem erros de ritualística nesse sentido?

O caso é que a UMBANDA é FUNDAMENTALMENTE CRISTÃ e, de acordo com outros princípios e ritualísticas que cada Terreiro achou por bem adotar, pode ter seus rituais mais africanizados, mais puxados para as práticas chamadas de orientais, esotéricas, ocutista, etc. Mas o "miolo", o fundamento maior é o de ter os ensinamentos do Cristo como base para todas as outras aplicações. E que ensinamentos do Cristo são esses: AMOR AO PRÓXIMO - CARIDADE (ajuda ao próximo), sem o que, NÃO PODE SER UMBANDA.

§ 2° - Durante as sessões ou trabalhos de terreiro é expressamente proibido:

a) Palestrar ou tratar assuntos estranhos à doutrina;

b) Fazer comentários maldosos sobre os irmãos da Tenda;

c) Proferir palavras de gírias ou de interpretações duvidosas, obscenas ou provocadoras de risos;

d) Fazer gestos ofensivos à moral ou aos bons costumes;

e) Lançar suspeitas, provocar ódios, difamar ou fazer comentários desabonadores sobre a vida privada de qualquer pessoa;

f) Desrespeitar ou incitar ao desrespeito, os artigos, parágrafos e alíneas do presente Regimento e ordens em vigor na Tenda;

g) Ingressar ou permanecer no recinto onde estão instaladas a Tesouraria e a Secretária da Tenda, com exceção dos componentes da Diretoria e pessoas encarregadas de serviços especiais.

CAPÍTULO VIDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 18 - A Tenda tem como "CHEFE ESPIRITUAL" o Caboclo das Sete Encruzilhadas, também chamado simplesmente - o "CHEFE"- criador de UMBANDA no Brasil no ano de 1908.

"ORIXÁ MALET" é o trabalhador da Linha de "OGUM" (São Jorge), Chefe de Falange, encarregado dos trabalhos de demanda.

"PAI ANTÓNIO" é a entidade que serve de intérprete a "ORIXÁ MALET" e que comumente transmite as ordens do "CHEFE".

"GUIAS CHEFES DE TERREIRO" são as entidades designadas pelo "CHEFE" para dirigir e se responsabilizar pela parte espiritual das sessões.

Art. 19 - O presente Regimento entrará em vigor na data em que for ratificado pelo "CHEFE", em sessão especial, para isso convocada.TODA PESSOA QUE SE TORNAR ASSOCIADA DA TENDA O FAZ ESPONTANEAMENTE, PARA COOPERAR NA SUA MANUTENÇÃO E PROGRESSO, MOTIVO PELO QUAL, DEVERÁ CUMPRIR À RISCA, TODOS OS SEUS DEVERES E PRINCIPALMENTE MANTER EM DIA O PAGAMENTO DE SUA MENSALIDADE.

Obs.:O Regimento foi enviado por Mãe Maria de Omulu dirigente da Casa Branca de Oxalá. A quem deixamos registrado nossos agradecimentos.Manoel Lopes
São Vicente, 10 de Setembro de 2005 mLopes eBooks

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COMENTÁRIOS FINAIS: Ao descobrir esse documento colocado em pdf para que se baixe em http://ebooks.brasilpodcast.net/ebook.php?id=762

pude perceber o quanto ele nos mostra, independente de outros textos que já "rolam" na Internet, do que seria e como funcionaria a UMBANDA segundo a concepção do Caboclo das Sete Encruzilhadas e Zélio Fernandino de Moraes já que um REGIMENTO INTERNO é DOCUMENTO escrito ou ditado diretamente pelas pessoas (encarnado e/ou desencarnado, no caso) envolvidas na questão e não apenas fruto de possíveis interpretações de terceiros (sem querer tirar o valor dos mesmos).

E o que pudemos observar de importante nesse DOCUMENTO?

1- Que NÃO HAVIA, na UMBANDA ORIGINAL, trabalhos com as falanges de Exu e nem se firmava tronqueira para eles. Qualquer depoimento em contrário poderá ser tomado como duvidoso em vista deste DOCUMENTO.

2- Que as Sessões (hoje Giras ou Engiras) eram determinadas para as FALANGES DE TRABALHO (Caboclos e/ou Pretos Velhos) e não para as Linhas de Trabalho ou "orixás" para os que entendem melhor assim (Ex: Xângô hoje, Oxossi dia tal, Ogum mais adiante ...). Isso é importante porque em um mesmo dia de Sessão poderiam estar presentes, tanto Caboclos(as) de Xangô, quanto de Ogum, quanto de Oxossi, e até Pretos Velhos, como podemos observar em relação às Sessões de Terças Feiras, tudo DE ACORDO COM AS NECESSIDADES;

3- Que O CDSE determinou realmente LINHAS DE TRABALHO e não de ORIXÁS, utilizando-se de alguns nomes africanos, TODOS DEVIDAMENTE ANCORADOS A LINHAS DE SANTOS CATÓLICOS, talvez apenas LINHAS DE TRABALHO em que os CABOCLOS E PRETOS VELHOS (e suas contrapartes femininas) poderiam trabalhar.

Perceba como ele trata a entidade que se auto-intitula Orixá Malê: "ORIXÁ MALET" é o trabalhador da Linha de "OGUM" (São Jorge). Percebeu? Um trabalhador. E mesmo se auto-intitulando ORIXÁ MALET, não uma DIVINDADE da LINHA DE OGUM ou, como costuma-se falar também, " um Capangueiro do orixá Ogum".

Existe uma sutil diferença em se colocar as entidades como da LINHA DE OGUM (São Jorge) e não como FALANGEIROS DE OGUM (Orixá), ainda que se lhes dê o mesmos nome (Ogum, no caso).

No entanto, essa sutil diferença já nos mostra que a Umbanda de CDSE não era Umbanda de Orixás (divindades) e sim de Linhas de Trabalhos através das quais apresentavam-se entidades espirituais -
CABOCLOS - PRETOS VELHOS e mais raramente CRIANÇAS.

3- Que o CDSE determinou SETE Linhas de Trabalho sendo elas, pelo que se pode observar nas festas anuais: Iemanjá, Oxossi, Ogum, Xangô, Inhaçã, e segundo alguns, Oxalá e Exu que, no entanto, não são citadas, NEM NOS DIAS DE TRABALHO e nem nas FESTAS COMEMORATIVAS.

Encontramos sim, bem citadas, as Linhas de PRETOS VELHOS (Almas) E CRIANÇAS - as demais eram comemorativas dos Guias Chefes, da Umbanda em si e da Tenda Nossa Senhora da Piedade.

Por que ele determinou SETE? Está aí uma outra boa pergunta que deveriam ter feito a ele.

4- Que não vemos aqui a inserção de OXUM, NANÃ, OBALUAIÊ, OMULU, OXALÁ, OIÁ, OBÁ ou qualquer outro considerado orixá nas Nações afro.

Se a Umbanda Original fosse de ORIXÁS, seria pelo menos razoável que, já em seu início, considerasse os 16 escolhidos pelo Candomblé dentre tantos outros africanos, não acha?

5- Vemos, por um outro lado, que SANTO ANTONIO, também Santo Católico mas não considerado LINHA DE TRABALHO então, também era festejado em seu dia, já por influência de PAI ANTONIO - ambos eram festejados em 13 de junho.

6- Que a Doutrina básica da Umbanda do CDSE baseava-se em livros Kardecistas e num outro que talvez fosse o único escrito na ocasião: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda - do senhor Leal de Souza que veio a ser médium da Tenda Nossa Senhora da Piedade recebendo, posteriormente, a incumbência de abrir a Tenda de Nossa Senhora da Conceição (veja bem: não é de Iemanjá ou Oxum).

Aliás, sobre o senhor Leal de Souza, consta na história que ele divulgava ter sido o Caboclo Curugussu aquele que preparara o terreno para que o CDSE viesse, após, anunciar a Umbanda Branca.

Dizia-nos ele numa entrevista publicada no Jornal de Umbanda de outubro de 1952, com o título de "Umbanda - Um Religião Típica do Brasil:" A Linha Branca de Umbanda é realmente a religião nacional do Brasil, pois que, através dos seus ritos, os espíritos dos ancestrais, os pais da raça, orientam e conduzem a sua descendência. O precursor da Linha Branca foi o CABOCLO CURUGUSSU, que trabalhou até o advento do CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS que a organizou, isto é, que foi incumbido pelos Guias Superiores, que regem o nosso ciclo psíquico de realizar na Terra a concepção do espaço"...

Infelizmente o médium Leal de Souza, que inclusive ensaiou uma codificação das LINHAS DE UMBANDA (que cito abaixo) não deixou claro quem teria sido o médium do Caboclo Curugussu e nem onde ele teria se manifestado.

Segundo ainda Leal de Souza, em 1925, seriam as Linhas de Umbanda como se seguem:
OXALÁ (Nosso Senhor do Bonfim),
OGUM (São Jorge),
EUXOCE/Oxossi (São Sebastião),
SHANGÔ/Xangô (São Jerônimo),
NHAN-SHAN /Iansã (Santa Bárbara),
YEMANJÁ (Nossa Senhora da Conceição) e
ALMAS - utilizei a grafia como a encontrei e a que agora vemos.

Perceba que mesmo aqui NÃO HÁ MENÇÃO A EXUS NA UMBANDA e, para conhecimento de todos, essas linhas de trabalho foram ratificadas no 1º Congresso Brasileiro de Espiritismo e Umbanda realizado em 1941, no Rio de Janeiro.

O que isso quer dizer? Que para que fosse realmente reconhecido como UMBANDA, todo e qualquer grupamento deveria seguir estas determinações, assumindo estas Linhas de Trabalho. Quer dizer também que, na ocasião, todos os que se auto-rotularam UMBANDA e não seguiam estas determinações, já estavam se valendo de um nome ritualístico do qual não deveriam lançar mão.

E também nos posiciona melhor sobre os porquês de hoje em dia existirem tantas diversidades. O fato é este: O Congresso não teve a força que deveria ter ou, por outro lado, suas determinações não foram reconhecidas por uma grande parte que queria "fazer umbanda" ... mesmo não fazendo.


Mas como não introduzirmos Oxum? E Exu? Vai ficar fora da Umbanda?

Como diz o popular: "Tudo o que se repete de forma contumaz acaba virando verdade" e, como desde o início à Umbanda foram adicionadas Linhas outras e também outras formas de trabalho, desde que os Princípios Basilares da Umbanda sejam respeitados, cada grupamento espiritual tende a aceitar e adotar mais essas ou aquelas Linhas, esse ou aquele ritual, essa ou aquela liturgia ou mesmo TÉCNICA DE TRABALHO como é hoje a APOMETRIA que, mais rudemente, já era executada em diversos Centros de Umbanda, mormente os que eram (e ainda são) chamados de "Mesa Branca".

O que NÃO VALE MESMO é um grupamento querer "puxar a brasa pra sua sardinha" e dizer que Umbanda tem que voltar às raízes afro que nunca teve, ou que tem que deixar o Cristianismo (observe que não é CATOLICISMO) de lado, como se este não fosse um de seus pilares.

Que outras Linhas agregadas não podem ser aceitas na Umbanda. Dentro de padrões, pelo menos racionais, podem sim, dependendo do Chefe Espiritual da Casa de Umbanda (O QUE MANDA MESMO) que obrigatoriamente tem que ser ou um CABOCLO ou um PRETO VELHO, esses sim, MARCAS REGISTRADAS DA UMBANDA.

O que não pode é essas Linhas Agregadas tomarem conta da BANDA e saírem, por exemplo, em louvação à Mãe Lua, à Mãe Terra, etc, ou criando giras e rituais somente seus a ponto de mudarem totalmente os objetivos maiores das Sessões ou Giras de UMBANDA, ou fazerem como Chefe Espiritual do Terreiro: baianos, mineiros, exus, ciganos etc e tal.

Todos podem ser entidades de grande valor nos trabalhos, desde que a eles tenham sido ensinados os objetivos e formas de trabalho da UMBANDA, mas, como são AGREGADOS, AUXILIARES, não têm ordem de comando para dirigirem verdadeiros Terreiros de Umbanda, a não ser sob vigilância de um Verdadeiro Caboclo ou Preto Velho.

E como sei que alguns, ao lerem, vão logo querer defender as falanges de ciganos, deixo bem claro que não há ataque algum a qualquer tipo de falange neste texto e sim constatação de fatos. Vou adiantando aqui que, embora venham sendo aceitos em ALGUNS TERREIROS (não todos) e não há muito tempo, como querem fazer crer outros mais, essas falanges têm suas formas de ver e agir, bem assim como princípios religiosos e de louvação, bastante distintos do que sempre foi preconizado para a Umbanda e, até onde sei, há até mesmo indicações para que seus altares sejam diferenciados do altar mor dos Terreiros - o Congá.

E pra reforçar ainda mais, vemos em muitos Terreiros Giras Especialmente organizadas para o dia dos Ciganos e Ciganas, numa clara demonstração (só não percebe quem não quer) de que a ritualística deles tem que ser especial - sem Caboclos ou Pretos Velhos por perto - e, preferencialmente, com louvação a Santa Sara e não a Orixás ou Santos, embora já se veja, por parte de mais alguns, uma tentativa de adaptação dessas crenças para justificarem ciganos como povo de Umbanda.

Tenho nada contra quem faz assim e o que vou dizer não lhes tira o valor quando chegam para trabalhar pela Caridade verdadeiramente. Cada um chama e trabalha com as entidades que achar melhor e até muito positivamente, eu creio. Mas que são entidades fora do contexto de UMBANDA, lá isso são.

Se mais comentários couberem sobre o tema e tenham por mim sido postergados (desprezados), o ítem COMENTÁRIOS pode ser usado para melhores posicionamentos e até melhores interpretações por parte de qualquer um que leia esse artigo.

SAUDAÇÕES FRATERNAS A TODOS.

Paz e Luz!