A "festa da democracia" acabou, mas os resultados mostram, sendo um pouco pessimista vai, que a fervura pro lado dos umbandistas e religiões afro vai aumentar.
No Rio de Janeiro os Átila Nunes não foram reeleitos e em São Paulo até onde sei, não foi eleito nenhum candidato que representasse mais diretamente os interesses da comunidade.
Qual será o preço pago pelo desinteresse?, desconfiança?, desunião?, interesses escuros?, falta de uma plataforma clara de propostas que não fique apenas no discurso de que somos "coitadinhos", "perseguidos" e precisamos de um líder salvador?
Leia o artigo abaixo e depois o complemento. Destaques em vermelho meus.
Eleição mostra influência das igrejas
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101010/not_imp623104,0.php
Antes de os temas morais e religiosos 'invadirem' a campanha, os candidatos foram atrás do voto religioso, lembram analistas
10 de outubro de 2010 | 0h 00
Lourival Sant?Anna - O Estado de S.Paulo
A estridência com que o debate moral e religioso emergiu para o topo da agenda nessa eleição presidencial criou a sensação de aumento da influência das igrejas sobre o voto, e de que os candidatos - em especial Dilma Rousseff - foram pegos de surpresa e vitimados pelo dilúvio bíblico.
Mas a religião está intensamente envolvida na política brasileira desde que o Descobrimento foi celebrado com uma missa. E os políticos - incluindo Dilma - têm lutado pelo voto religioso com a mesma sofreguidão com que pastores e bispos têm buscado influência e poder - seja por lobby ou por participação direta nos partidos.
Embora se mostre agora perplexa com a "invasão" de temas morais e religiosos no debate eleitoral, Dilma está em "peregrinação" pelo voto católico e evangélico desde o fim de 2008, lembra o sociólogo Ricardo Mariano, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Em novembro daquele ano, com um véu cobrindo a cabeça - como manda o protocolo -, Dilma participou de audiência com o papa Bento XVI no Vaticano. Nela, Lula selou acordo com a Santa Sé, comprometendo-se com uma lista de reivindicações da Igreja, incluindo a orientação católica no ensino religioso nas escolas públicas, o que originou uma ação do Ministério Público questionando sua legalidade.
Mediante a bênção do papa, Lula lançou Dilma para a presidência, em entrevista a cinco jornalistas italianos. De lá para cá, Dilma visitou inúmeras lideranças religiosas - assim como Serra e Marina. A deferência de Lula parece resultar da experiência.
Enquanto não buscou o voto evangélico, Lula foi derrotado nas disputas presidenciais de 1989, 1994 e 1998, quando esse voto foi maciçamente despejado em Fernando Collor e, duas vezes, em Fernando Henrique Cardoso, respectivamente.
No primeiro turno de 2002, os evangélicos votaram no "irmão" Anthony Garotinho.
Foi a partir daquele segundo turno que Lula passou a compartilhar grande parte desses votos, graças a uma aliança com a Igreja Universal do Reino de Deus, lembra Cesar Romero Jacob, autor de A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais do Brasil: 1989-2006. "Lula se tornou pragmático, foi para o centro e atraiu os evangélicos."
Alianças.
Baseado em suas pesquisas, Jacob traça um axioma segundo o qual para se vencer eleições presidenciais no Brasil é preciso aliar-se às oligarquias locais no interior do País e aos políticos populistas e líderes pentecostais na periferia pobre das regiões metropolitanas; além de elaborar um discurso para a classe média urbana.
Foi o que Collor, FHC e Lula fizeram antes de se elegerem presidentes, diz o analista.
A questão religiosa afeta Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva de formas muito distintas, observam os especialistas. Serra, de uma certa maneira, foi vacinado contra a propaganda viral dos grupos anti-aborto em 2002, quando disputou a presidência pela primeira vez.
Naquela campanha, ele percebeu que seria prejudicado pela informação de que tinha, como ministro da Saúde (1998-2002), implantado no Sistema Único de Saúde (SUS) procedimentos de aborto previstos na lei - em casos de estupro e risco de vida para a gestante. Além disso, o SUS começou a distribuir a pílula do dia seguinte, considerada abortiva pelos conservadores. Serra passou então a declarar-se contrário à descriminalização do aborto, que segundo ele levaria a uma "carnificina".
Convicções.
Marina, como integrante da Assembleia de Deus, tem uma relação bem diferente com o tema. Os religiosos conservadores confiam nas suas convicções morais. Seu problema é o inverso, observa Ricardo Mariano: como pertencente à minoria evangélica (de um quarto a um quinto da população) em meio a uma maioria católica (dois terços dos brasileiros), ela tomou o cuidado de não ser vista como candidata dos evangélicos - ao mesmo tempo em que visitou seus templos tão ou mais frequentemente do que Dilma e Serra. Marina lava as mãos e propõe que um plebiscito resolva o assunto do aborto.
A situação de Dilma é mais delicada. O YouTube, site de exibição de vídeos na internet, apresenta declarações suas em termos considerados inaceitáveis por muitos conservadores. Em 2007, ela diz, em entrevista à revista IstoÉ: "Sou a favor de uma legislação que obrigue a ter tratamento para as pessoas para não correr risco de vida, igual aos países desenvolvidos do mundo inteiro, para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto."
À pergunta sobre se é um ato de livre escolha, ela respondeu: "Acho que tem de ser tratado como uma questão de saúde pública."
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101010/not_imp623104,0.php
Antes de os temas morais e religiosos 'invadirem' a campanha, os candidatos foram atrás do voto religioso, lembram analistas
10 de outubro de 2010 | 0h 00
Lourival Sant?Anna - O Estado de S.Paulo
A estridência com que o debate moral e religioso emergiu para o topo da agenda nessa eleição presidencial criou a sensação de aumento da influência das igrejas sobre o voto, e de que os candidatos - em especial Dilma Rousseff - foram pegos de surpresa e vitimados pelo dilúvio bíblico.
Mas a religião está intensamente envolvida na política brasileira desde que o Descobrimento foi celebrado com uma missa. E os políticos - incluindo Dilma - têm lutado pelo voto religioso com a mesma sofreguidão com que pastores e bispos têm buscado influência e poder - seja por lobby ou por participação direta nos partidos.
Embora se mostre agora perplexa com a "invasão" de temas morais e religiosos no debate eleitoral, Dilma está em "peregrinação" pelo voto católico e evangélico desde o fim de 2008, lembra o sociólogo Ricardo Mariano, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Em novembro daquele ano, com um véu cobrindo a cabeça - como manda o protocolo -, Dilma participou de audiência com o papa Bento XVI no Vaticano. Nela, Lula selou acordo com a Santa Sé, comprometendo-se com uma lista de reivindicações da Igreja, incluindo a orientação católica no ensino religioso nas escolas públicas, o que originou uma ação do Ministério Público questionando sua legalidade.
Mediante a bênção do papa, Lula lançou Dilma para a presidência, em entrevista a cinco jornalistas italianos. De lá para cá, Dilma visitou inúmeras lideranças religiosas - assim como Serra e Marina. A deferência de Lula parece resultar da experiência.
Enquanto não buscou o voto evangélico, Lula foi derrotado nas disputas presidenciais de 1989, 1994 e 1998, quando esse voto foi maciçamente despejado em Fernando Collor e, duas vezes, em Fernando Henrique Cardoso, respectivamente.
No primeiro turno de 2002, os evangélicos votaram no "irmão" Anthony Garotinho.
Foi a partir daquele segundo turno que Lula passou a compartilhar grande parte desses votos, graças a uma aliança com a Igreja Universal do Reino de Deus, lembra Cesar Romero Jacob, autor de A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais do Brasil: 1989-2006. "Lula se tornou pragmático, foi para o centro e atraiu os evangélicos."
Alianças.
Baseado em suas pesquisas, Jacob traça um axioma segundo o qual para se vencer eleições presidenciais no Brasil é preciso aliar-se às oligarquias locais no interior do País e aos políticos populistas e líderes pentecostais na periferia pobre das regiões metropolitanas; além de elaborar um discurso para a classe média urbana.
Foi o que Collor, FHC e Lula fizeram antes de se elegerem presidentes, diz o analista.
A questão religiosa afeta Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva de formas muito distintas, observam os especialistas. Serra, de uma certa maneira, foi vacinado contra a propaganda viral dos grupos anti-aborto em 2002, quando disputou a presidência pela primeira vez.
Naquela campanha, ele percebeu que seria prejudicado pela informação de que tinha, como ministro da Saúde (1998-2002), implantado no Sistema Único de Saúde (SUS) procedimentos de aborto previstos na lei - em casos de estupro e risco de vida para a gestante. Além disso, o SUS começou a distribuir a pílula do dia seguinte, considerada abortiva pelos conservadores. Serra passou então a declarar-se contrário à descriminalização do aborto, que segundo ele levaria a uma "carnificina".
Convicções.
Marina, como integrante da Assembleia de Deus, tem uma relação bem diferente com o tema. Os religiosos conservadores confiam nas suas convicções morais. Seu problema é o inverso, observa Ricardo Mariano: como pertencente à minoria evangélica (de um quarto a um quinto da população) em meio a uma maioria católica (dois terços dos brasileiros), ela tomou o cuidado de não ser vista como candidata dos evangélicos - ao mesmo tempo em que visitou seus templos tão ou mais frequentemente do que Dilma e Serra. Marina lava as mãos e propõe que um plebiscito resolva o assunto do aborto.
A situação de Dilma é mais delicada. O YouTube, site de exibição de vídeos na internet, apresenta declarações suas em termos considerados inaceitáveis por muitos conservadores. Em 2007, ela diz, em entrevista à revista IstoÉ: "Sou a favor de uma legislação que obrigue a ter tratamento para as pessoas para não correr risco de vida, igual aos países desenvolvidos do mundo inteiro, para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto."
À pergunta sobre se é um ato de livre escolha, ela respondeu: "Acho que tem de ser tratado como uma questão de saúde pública."
Agora leiam isto;
Um comentário:
Quando ainda em 2008 eu me mostrava preocupado com o desinteresse neste aspecto político do povo das umbandas, cheguei a ser de certa forma "confrontado" por alguns irmãos que, além de não verem nada de perigoso no avanço dos evangélicos (mormente os neo-pentecostais), com suas bancadas cada vez maiores e seus interesses de claramente chegarem ao poder para poderem gerar regras, ainda achavam que "Umbanda não se misturava com política".
Muito provavelmente esse conceito deve ter se disseminado e o que estamos vendo hoje é uma representatividade praticamente nula dos interesses, não só dos da Umbanda como de todos os ESPIRITUALISTAS, AFRICANISTAS, BUDISTAS, ESOTÉRICOS, e o favorecimento desses que, em busca de mais crentes para suas hostes, atiram para todos os lados, achando-se inclusive, no direito de detonarem Leis ou Projetos de Leis que não sejam os que lhes interessem pessoalmente ou à religião ou seita que apregoam como "a única que salva"!
Temo que este desinteresse venha a ser mais sentido ainda a partir de agora e que, como já se viu em anos passados, Terreiros, Centros, Ilês, etc., venham a ser atacados (como já eram antes) com mais certeza de impunidade, já que os dois candidatos estarão (pelo que se vê em suas buscas de votos) suficientemente comprometidos com os chamados evangélicos.
Uma lástima, mas uma experiência pela qual o "povo das umbandas" vai ter que passar por pelo menos 4 anos.
Quem sabe aprendem desta feita que, infelizmente, não só a Umbanda, mas todas as religiões e crenças TÊM QUE TER REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA PARA PODEREM EXISTIR?
Postar um comentário