Vejam o que ele já escreve na página inicial do seu blog;
http://umbandasemmisterio.blogspot.
"Os textos dessa série, assim como todos publicados no blog, representam apenas uma opinião pessoal, alicerçada na experiência e vivência na religião; nos estudos e diversas pesquisas realizadas por mim ao longo dos meus 29 anos nessa Umbanda de todos nós. Entendam como meras reflexões minhas e como tais, podem sofrer alterações, acréscimos, serem abandonadas no seu todo ou em parte e finalmente substituídas por outras a qualquer tempo. Não existe nenhuma intenção da minha parte em marcar doutrina, impor idéias, angariar prosélitos, ou apresentar verdades inquestionáveis. Sou apenas um umbandista de fé e um livre-pensador, como todos nós devemos ser sempre".
Segue então a transcrição de um, entre seus maravilhosos (perdoem, perdoem) artigos
Paz e Luz!
Revirando os esqueletos do armário! (Tema I)
"SANTO (ORIXÁ) É EVOLUÇÃO!"
Existe uma polêmica resistente nos meios da psicologia e até mesmo da sociologia sobre a questão de que o somos produto ou resultado do meio em que vivemos. Muitos defendem que nossa personalidade é formatada, pelas inferências sociais e psicológicas, que sofremos durante nosso dia-a-dia, principalmente no período da infância para adolescência.
Verdade, exageros ou discordâncias a parte, é fato que, em qualquer situação de nossas vidas, nos valemos de referenciais externos para formarmos nossa opinião, bem como, os nossos relacionamentos influenciam de alguma forma.
Assim, como na vida em geral, assim, como nos setores e áreas de nossos interesses e convivências, tais quais, o lado profissional, o religioso, o social, o familiar e o amoroso.
Como este blog é voltado para assuntos da religião e mais especificamente da Umbanda, vamos nos deter neste aspecto. Desta feita assimilamos paradigmas, assumimos posições e durante um bom tempo, ou até pela vida inteira, agimos e reagimos baseados em referências adquiridas, dogmas, crenças conscientes ou inconscientes e conclusões produzidas por ilações de motu proprio.
Essa nova série do Blog: "Revirando os esqueletos do armário", visa fazer uma releitura dos paradigmas e crenças, que fizeram o constructo da minha religiosidade.
Durante alguns anos da minha vivência na Umbanda, escutei a seguinte frase: "Santo (Orixá) é evolução".
Essa frase repetida muitas vezes, era pronunciada dentro do contexto, de que Umbanda sem Orixá e melhor ainda, sem o fundamento destes, sob a ótica dos cultos de nação, ou mesmo do Candomblé, era algo estático e que não permitia a evolução, dentro da própria religião do então umbandista.
Em outras palavras, a Umbanda evolutiva, a que proporcionaria um salto qualitativo, um upgrade no desenvolvimento do agora filho-de-santo, era aquela que envolvia em seu modus operandi e vivendi os fundamentos dos Orixás, de acordo com os ensinados nos cultos de nação, que envolvem camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc.
É posto e é fato, que os Cultos de Nação e o Candomblé, de forma nobre e também progressiva, contribuem para evolução e o religare da fé de seus adeptos. Isto não está em discussão.
O problema surge é quando dirigentes umbandistas, adotam este discurso, para referendar o seu modo de praticar, ensinar e doutrinar na Umbanda.
Será que esta assertiva, no contexto acima explicitado, é verdade? Vejamos a luz da racionalidade e não do dogma e da imposição.
Não precisamos nos aprofundar muito, em teses e tratados, para derrubar esta assertiva. Basta lançarmos um olhar sobre a história, para que a lógica e bom senso prevaleçam.
No período pré-colonial existiam os povos indígenas, que em termos religiosos atingiu a nossa contemporaneidade com uma corruptela de seus ritos, denominados genericamente de Pajelança.
Com a chegada da era colonial e do processo escravagista, o povo africano desembarca em nosso continente, trazido a força pelos comerciantes de escravos em seus navios negreiros, como eram chamados.
Aqui recolhidos as senzalas, misturados sem nenhuma preocupação com etnia, língua ou dialeto e inclusive, não sendo respeitado afinidades familiares, sociais etc., tiveram que se adaptar as duras condições de existência em uma terra totalmente desconhecida.
Quando falamos em sincretismo religioso, devemos lembrar que os escravos tiveram no Brasil, mesmo que inconscientemente, realizar o seu próprio, tendo em vista a necessidade de perpetuar suas crenças, fé, ritos etc., independente das diferenciações que existiam em África.
Como maioria, a cultura yorubá/nagô, teve uma forte influência, e serviu para moldar ou gerar este amálgama religioso.
Inkices, Voduns e Orixás se transformaram em sinonímia, com estes últimos (Orixás) ganhando maior abrangência. Muito rapidamente, os Orixás tiveram que sofrer, para garantia de sobrevivência religiosa, um segundo sincretismo, agora devido ao Catolicismo (religião dominante e impositora), que foi a equivalência aos Santos Católicos pelo comparativo dos arquétipos, como hoje nos explica os estudiosos do assunto.
Como resultado de tudo isso, surge o Candomblé que de elementos díspares até, formatou-se para servir de molécula agregadora de toda uma situação religiosa, existente em África e que foi vilipendiada, em seus cultos originais pelass condições sub-humanas, que envolviam os escravos no Brasil.
Décadas e mais décadas separam a colônia e o império da posterior república, tendo como interstício, a Lei Áurea e a libertação dos escravos. Só de escravidão foram 300 anos.
Roger Bastide, eminente sociólogo francês, nos ensinou, que nos primórdios do Candomblé, já como uma religião instituída na Bahia, embora não oficialmente reconhecida a época, existia apenas o culto aos Orixás, sem manifestação alguma, do que é comumente chamado de eguns (espíritos que passaram por processos reencarnatórios).
Como é de domínio público, os Orixás incorporados ou bolados, como se diz no linguajar dos Cultos Afro-brasileiros, não se comunicam ou falam, apenas se manifestam e realizam suas danças ao sons do ilus ou atabaques tocados pelos alabês ou ogans. Como no início de tudo, eles continuaram sendo energias divinas ou potestades, que nunca tiveram passagem pelo Aiyê (Terra) como encarnados, vivem desde sempre no Òrun (mundo divino ou espiritual). Orixás, somente, se comunicam pelo oráculo ou jogo, seja o Ifá ou o de Búzios.
Na sequência histórica, aparecem os denominados Candomblés de Caboclo, com incorporação de entidades espirituais ou eguns, puxados pelos boiadeiros, por alguns Exus e Pombagiras e até mesmo, os Mestres de Jurema oriundos do Catimbó.
Algumas linhas de estudo imputam, que o surgimento dos Candomblés de Caboclo fomentou a sua migração para o que um dia, nos idos de 1908, foi denominado de Umbanda.
Para os umbandistas, está mais do que certo, a história é outra e está, intrinsicamente, ligada ao advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, da vida do seu médium Zélio Fernandino de Moraes e da sua família.
Desta forma, temos para nossa linha de raciocínio a seguinte sequência: os Orixás em primeiro lugar e depois as Entidades Espirituais ou eguns. O Candomblé, depois o Candomblé de Caboclo e na esteira da história a Umbanda.
Importante salientar que, nesta contemporaneidade, convivem ou conviveram e por isso influenciam ou influenciaram também a Pajelança, o Catimbó, o Xambá, o Toré, o Terecô, o Tambor de Minas, os Xangôs do Nordeste, entre outras.
Bom... A Umbanda surge ou ressurge (eu sou um dos que acredita na universalidade e ancestralidade da Umbanda), louvando aos Orixás, sem fundamentá-los em camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc.
Portanto, ela (a Umbanda) é que seria a novidade sobre o que estava até então posto como religiosidade afro-brasileira, indígena e outros segmentos correlatos ou corruptelas (Candomblé, Candomblés de Caboclo, Pajelança, Catimbó etc.) e não o contrário.
Desta forma, se os Orixás fundamentados, vamos assim se referir, vieram antes, eles não podem dar um pulo para frente na história e surgirem como salvaguarda de um processo evolutivo e revolucionário em algo, que surgiu ou ressurgiu posteriormente. Este novo (Umbanda) é que na lógica, poderia sim, realizar esse papel.
Se a Umbanda (res) surgiu, no século XX, para isso ou não, é discussão e polêmica para mais de metro, como se diz. Não é o meu intuito discutir isso aqui e agora. Mas é irracional, no mínimo, querer quebrar a cronologia dos fatos e se colocar o carro na frente dos bois, apenas no intuito de referendar as práticas e doutrinas pregadas em muitos terreiros, que se denominam de Umbanda, mas que no dia-a-dia de suas práxis são cultos de nação, candomblés disfarçados ou candomblés de caboclo mal elaborados.
Costuma-se, hoje em dia, realizar um enquadramento de todos esses tipos de manifestações, ditas umbandistas, no que comumente se denominou de diversidade.
A diversidade na Umbanda existe sim, mas está compartimentalizada em determinados padrões ou parâmetros doutrinários facilmente identificáveis, naquilo que denomino de Escolas.
Para ficar no exemplo, cito como escolas entre outras tantas, a Umbanda Esotérica (que resgatou a ancestralidade da Umbanda), a Umbanda Iniciática (que ampliando o trabalho da escola esotérica, está proporcionando o sentido da universalidade da Umbanda) e a Umbanda Omoloko (que fazendo uma releitura dos cultos afro-brasileiros, caminha para um upgrade nesses ritos, catalizando-os para uma forma mais próxima a Umbanda, do que levando-os de volta aos seus ancestrais diretos, o Candomblé, o Candomblé de Caboclo e outros segmentos, como o Catimbó por exemplo).
O que me preocupa, nesse quadro, são os terreiros que vivem a situação de praticar os fundamentos de santo, no trato com os Orixás [por conta da beleza das vestes, das obrigações (camarinhas, feituras e demais ritos), sempre pagas com dinheiro, das festas (com as saídas-de-santo) sempre pomposas, verdadeiros cultos a vaidade e ao orgulho] e, no entanto, precisam também dos caboclos, pretos-velhos, crianças e exús, para gerar consultas e trabalhos, angariando com isso mais dinheiro ainda.
Geralmente, os enquadrados nessa situação se auto-denominam umbandomblés, ou mesmo se reconhecem como da Umbanda Omoloko, que destes casos passa ao largo. São esses mesmos, que um dia batiam uma Umbanda, como dizem alguns, pé-no-chão, branca ou simples e que decidiram mudar para agregar o fundamento dos Orixás, arranjando a desculpa da evolução para seus seguidores, e que hoje, taxam de catimbozinhos atrasados e de terreiros de fundo de quintal, o seu próprio passado. Porque, caridade e viver para Umbanda não traz dinheiro e nem produz os benefícios auridos de se viver da Umbanda.
Fico feliz, quando descubro que o Omoloko, tem em muitos páramos do Brasil, representantes dignos e que trabalham respeitando suas tradições, fundamentos e história. É bom ver a beleza de Cultos Afro-brasileiros, como o Candomblé, por exemplo, mantendo sua cultura religiosa intacta, fortalecendo a sua religiosidade. É gratificante, perceber como o movimento umbandista e muitos terreiros no Brasil e no mundo, tem trabalhado pelos objetivos superiores dentro da sua linha de atuação.
Óbvio ululante, que os Orixás, sejam eles tratados, com os fundamentos dos Cultos Afro-brasileiros ou com a ciência da Umbanda, serem reconhecidos como postetades e proporcionarem evolução, ou conduzirem o processo evolutivo de seus filhos.
Triste, é perceber a apropriação do alheio (fundamentos) para validar práticas questionáveis e com intenções, no mínimo, de interesses próprios, sejam eles financeiros, sejam produzidos pela vaidade, orgulho, prepotência e arrogância. Realmente, existem pessoas, que não conseguem caber dentro de si mesmas. São os desesperados, pela única causa válida na vida deles, ou seja, eles mesmos.
Tem gente que acredita, que a verdade existe, tem outras que se acham donos dela. Como também, existem os que acham que são Deus e outros, que tem certeza que o são.
Aos incautos, irmãos umbandistas, presos nesse tipo de armadilha consciencial, eu digo, estudem mais a sua religião, visitem outros terreiros, vejam o que está sendo feito e realizado até mesmo fora do seu Estado. Leiam mais, pesquisem e sobretudo reflitam, pensem e meditem, racionalizem a sua fé e questionem as suas crenças. Somente assim crescemos, amadurecemos e nos fortalecemos.
A Umbanda não precisa de fanáticos religiosos, nem tão pouco de seguidores de ególatras.
Ela precisa de gente sincera, de fé racional e praticantes do bem, do amor e da caridade.
Façam como eu, que não tenho medo de revirar os esqueletos no armário, jogá-los fora um a um e depois nem lembrar que um dia, aquela caveira sorriu para mim.
Salve Pai Caio de Omulu!
Existe uma polêmica resistente nos meios da psicologia e até mesmo da sociologia sobre a questão de que o somos produto ou resultado do meio em que vivemos. Muitos defendem que nossa personalidade é formatada, pelas inferências sociais e psicológicas, que sofremos durante nosso dia-a-dia, principalmente no período da infância para adolescência.
Verdade, exageros ou discordâncias a parte, é fato que, em qualquer situação de nossas vidas, nos valemos de referenciais externos para formarmos nossa opinião, bem como, os nossos relacionamentos influenciam de alguma forma.
Assim, como na vida em geral, assim, como nos setores e áreas de nossos interesses e convivências, tais quais, o lado profissional, o religioso, o social, o familiar e o amoroso.
Como este blog é voltado para assuntos da religião e mais especificamente da Umbanda, vamos nos deter neste aspecto. Desta feita assimilamos paradigmas, assumimos posições e durante um bom tempo, ou até pela vida inteira, agimos e reagimos baseados em referências adquiridas, dogmas, crenças conscientes ou inconscientes e conclusões produzidas por ilações de motu proprio.
Essa nova série do Blog: "Revirando os esqueletos do armário", visa fazer uma releitura dos paradigmas e crenças, que fizeram o constructo da minha religiosidade.
Durante alguns anos da minha vivência na Umbanda, escutei a seguinte frase: "Santo (Orixá) é evolução".
Essa frase repetida muitas vezes, era pronunciada dentro do contexto, de que Umbanda sem Orixá e melhor ainda, sem o fundamento destes, sob a ótica dos cultos de nação, ou mesmo do Candomblé, era algo estático e que não permitia a evolução, dentro da própria religião do então umbandista.
Em outras palavras, a Umbanda evolutiva, a que proporcionaria um salto qualitativo, um upgrade no desenvolvimento do agora filho-de-santo, era aquela que envolvia em seu modus operandi e vivendi os fundamentos dos Orixás, de acordo com os ensinados nos cultos de nação, que envolvem camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc.
É posto e é fato, que os Cultos de Nação e o Candomblé, de forma nobre e também progressiva, contribuem para evolução e o religare da fé de seus adeptos. Isto não está em discussão.
O problema surge é quando dirigentes umbandistas, adotam este discurso, para referendar o seu modo de praticar, ensinar e doutrinar na Umbanda.
Será que esta assertiva, no contexto acima explicitado, é verdade? Vejamos a luz da racionalidade e não do dogma e da imposição.
Não precisamos nos aprofundar muito, em teses e tratados, para derrubar esta assertiva. Basta lançarmos um olhar sobre a história, para que a lógica e bom senso prevaleçam.
No período pré-colonial existiam os povos indígenas, que em termos religiosos atingiu a nossa contemporaneidade com uma corruptela de seus ritos, denominados genericamente de Pajelança.
Com a chegada da era colonial e do processo escravagista, o povo africano desembarca em nosso continente, trazido a força pelos comerciantes de escravos em seus navios negreiros, como eram chamados.
Aqui recolhidos as senzalas, misturados sem nenhuma preocupação com etnia, língua ou dialeto e inclusive, não sendo respeitado afinidades familiares, sociais etc., tiveram que se adaptar as duras condições de existência em uma terra totalmente desconhecida.
Quando falamos em sincretismo religioso, devemos lembrar que os escravos tiveram no Brasil, mesmo que inconscientemente, realizar o seu próprio, tendo em vista a necessidade de perpetuar suas crenças, fé, ritos etc., independente das diferenciações que existiam em África.
Como maioria, a cultura yorubá/nagô, teve uma forte influência, e serviu para moldar ou gerar este amálgama religioso.
Inkices, Voduns e Orixás se transformaram em sinonímia, com estes últimos (Orixás) ganhando maior abrangência. Muito rapidamente, os Orixás tiveram que sofrer, para garantia de sobrevivência religiosa, um segundo sincretismo, agora devido ao Catolicismo (religião dominante e impositora), que foi a equivalência aos Santos Católicos pelo comparativo dos arquétipos, como hoje nos explica os estudiosos do assunto.
Como resultado de tudo isso, surge o Candomblé que de elementos díspares até, formatou-se para servir de molécula agregadora de toda uma situação religiosa, existente em África e que foi vilipendiada, em seus cultos originais pelass condições sub-humanas, que envolviam os escravos no Brasil.
Décadas e mais décadas separam a colônia e o império da posterior república, tendo como interstício, a Lei Áurea e a libertação dos escravos. Só de escravidão foram 300 anos.
Roger Bastide, eminente sociólogo francês, nos ensinou, que nos primórdios do Candomblé, já como uma religião instituída na Bahia, embora não oficialmente reconhecida a época, existia apenas o culto aos Orixás, sem manifestação alguma, do que é comumente chamado de eguns (espíritos que passaram por processos reencarnatórios).
Como é de domínio público, os Orixás incorporados ou bolados, como se diz no linguajar dos Cultos Afro-brasileiros, não se comunicam ou falam, apenas se manifestam e realizam suas danças ao sons do ilus ou atabaques tocados pelos alabês ou ogans. Como no início de tudo, eles continuaram sendo energias divinas ou potestades, que nunca tiveram passagem pelo Aiyê (Terra) como encarnados, vivem desde sempre no Òrun (mundo divino ou espiritual). Orixás, somente, se comunicam pelo oráculo ou jogo, seja o Ifá ou o de Búzios.
Na sequência histórica, aparecem os denominados Candomblés de Caboclo, com incorporação de entidades espirituais ou eguns, puxados pelos boiadeiros, por alguns Exus e Pombagiras e até mesmo, os Mestres de Jurema oriundos do Catimbó.
Algumas linhas de estudo imputam, que o surgimento dos Candomblés de Caboclo fomentou a sua migração para o que um dia, nos idos de 1908, foi denominado de Umbanda.
Para os umbandistas, está mais do que certo, a história é outra e está, intrinsicamente, ligada ao advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, da vida do seu médium Zélio Fernandino de Moraes e da sua família.
Desta forma, temos para nossa linha de raciocínio a seguinte sequência: os Orixás em primeiro lugar e depois as Entidades Espirituais ou eguns. O Candomblé, depois o Candomblé de Caboclo e na esteira da história a Umbanda.
Importante salientar que, nesta contemporaneidade, convivem ou conviveram e por isso influenciam ou influenciaram também a Pajelança, o Catimbó, o Xambá, o Toré, o Terecô, o Tambor de Minas, os Xangôs do Nordeste, entre outras.
Bom... A Umbanda surge ou ressurge (eu sou um dos que acredita na universalidade e ancestralidade da Umbanda), louvando aos Orixás, sem fundamentá-los em camarinhas, feituras, saídas-de-santo etc.
Portanto, ela (a Umbanda) é que seria a novidade sobre o que estava até então posto como religiosidade afro-brasileira, indígena e outros segmentos correlatos ou corruptelas (Candomblé, Candomblés de Caboclo, Pajelança, Catimbó etc.) e não o contrário.
Desta forma, se os Orixás fundamentados, vamos assim se referir, vieram antes, eles não podem dar um pulo para frente na história e surgirem como salvaguarda de um processo evolutivo e revolucionário em algo, que surgiu ou ressurgiu posteriormente. Este novo (Umbanda) é que na lógica, poderia sim, realizar esse papel.
Se a Umbanda (res) surgiu, no século XX, para isso ou não, é discussão e polêmica para mais de metro, como se diz. Não é o meu intuito discutir isso aqui e agora. Mas é irracional, no mínimo, querer quebrar a cronologia dos fatos e se colocar o carro na frente dos bois, apenas no intuito de referendar as práticas e doutrinas pregadas em muitos terreiros, que se denominam de Umbanda, mas que no dia-a-dia de suas práxis são cultos de nação, candomblés disfarçados ou candomblés de caboclo mal elaborados.
Costuma-se, hoje em dia, realizar um enquadramento de todos esses tipos de manifestações, ditas umbandistas, no que comumente se denominou de diversidade.
A diversidade na Umbanda existe sim, mas está compartimentalizada em determinados padrões ou parâmetros doutrinários facilmente identificáveis, naquilo que denomino de Escolas.
Para ficar no exemplo, cito como escolas entre outras tantas, a Umbanda Esotérica (que resgatou a ancestralidade da Umbanda), a Umbanda Iniciática (que ampliando o trabalho da escola esotérica, está proporcionando o sentido da universalidade da Umbanda) e a Umbanda Omoloko (que fazendo uma releitura dos cultos afro-brasileiros, caminha para um upgrade nesses ritos, catalizando-os para uma forma mais próxima a Umbanda, do que levando-os de volta aos seus ancestrais diretos, o Candomblé, o Candomblé de Caboclo e outros segmentos, como o Catimbó por exemplo).
O que me preocupa, nesse quadro, são os terreiros que vivem a situação de praticar os fundamentos de santo, no trato com os Orixás [por conta da beleza das vestes, das obrigações (camarinhas, feituras e demais ritos), sempre pagas com dinheiro, das festas (com as saídas-de-santo) sempre pomposas, verdadeiros cultos a vaidade e ao orgulho] e, no entanto, precisam também dos caboclos, pretos-velhos, crianças e exús, para gerar consultas e trabalhos, angariando com isso mais dinheiro ainda.
Geralmente, os enquadrados nessa situação se auto-denominam umbandomblés, ou mesmo se reconhecem como da Umbanda Omoloko, que destes casos passa ao largo. São esses mesmos, que um dia batiam uma Umbanda, como dizem alguns, pé-no-chão, branca ou simples e que decidiram mudar para agregar o fundamento dos Orixás, arranjando a desculpa da evolução para seus seguidores, e que hoje, taxam de catimbozinhos atrasados e de terreiros de fundo de quintal, o seu próprio passado. Porque, caridade e viver para Umbanda não traz dinheiro e nem produz os benefícios auridos de se viver da Umbanda.
Fico feliz, quando descubro que o Omoloko, tem em muitos páramos do Brasil, representantes dignos e que trabalham respeitando suas tradições, fundamentos e história. É bom ver a beleza de Cultos Afro-brasileiros, como o Candomblé, por exemplo, mantendo sua cultura religiosa intacta, fortalecendo a sua religiosidade. É gratificante, perceber como o movimento umbandista e muitos terreiros no Brasil e no mundo, tem trabalhado pelos objetivos superiores dentro da sua linha de atuação.
Óbvio ululante, que os Orixás, sejam eles tratados, com os fundamentos dos Cultos Afro-brasileiros ou com a ciência da Umbanda, serem reconhecidos como postetades e proporcionarem evolução, ou conduzirem o processo evolutivo de seus filhos.
Triste, é perceber a apropriação do alheio (fundamentos) para validar práticas questionáveis e com intenções, no mínimo, de interesses próprios, sejam eles financeiros, sejam produzidos pela vaidade, orgulho, prepotência e arrogância. Realmente, existem pessoas, que não conseguem caber dentro de si mesmas. São os desesperados, pela única causa válida na vida deles, ou seja, eles mesmos.
Tem gente que acredita, que a verdade existe, tem outras que se acham donos dela. Como também, existem os que acham que são Deus e outros, que tem certeza que o são.
Aos incautos, irmãos umbandistas, presos nesse tipo de armadilha consciencial, eu digo, estudem mais a sua religião, visitem outros terreiros, vejam o que está sendo feito e realizado até mesmo fora do seu Estado. Leiam mais, pesquisem e sobretudo reflitam, pensem e meditem, racionalizem a sua fé e questionem as suas crenças. Somente assim crescemos, amadurecemos e nos fortalecemos.
A Umbanda não precisa de fanáticos religiosos, nem tão pouco de seguidores de ególatras.
Ela precisa de gente sincera, de fé racional e praticantes do bem, do amor e da caridade.
Façam como eu, que não tenho medo de revirar os esqueletos no armário, jogá-los fora um a um e depois nem lembrar que um dia, aquela caveira sorriu para mim.
Salve Pai Caio de Omulu!
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