Enfim chegamos ao dia em que comemoramos 103 anos de existência da Umbanda, para muitos dia de gratidão e alegria nos corações e consciências, onde ocorre verdadeiramente a festa, para outros a confirmação da imposição de legitimação de uma figura em detrimento da possibilidade da existência da Umbanda antes de 1908, e para tantos outros ainda tanto faz como tanto fez.
Dia de reflexão, pois é preciso durante a jornada, parar algumas vezes, recostar-se à sombra de uma árvore, respirar fundo e olhar para o tanto de caminho já percorrido, e após alguns momentos se perguntar;
Jesus, Zambi, Oxalá, Olorum, tua mão me trouxe até aqui, me ajuda a enxergar, tenho vivido o que o Teu Amor depositou em confiança em mim?
A resposta poderá vir numa brisa refrescante, num raio luminoso, numa chama que arde sem se consumir, num aroma de folhas, ou quem sabe em gotas de chuva, como a que cai hoje ininterrupta e que sincero, faço votos lave não só o corpo, a alma, o pó, a lama, de quem se propõe este tempo de encontro interior, mas muito mais profundamente dissolva e perdoe os passos equivocados dados em nome do ego divindade, os despachos sanguinolentos, as amarrações ilusórias, os arroubos humilhantes que visam manter medo controlador em nome da autoridade, os discursos demagógicos, os tapinhas nas costas no intuito de angariar correligionários, os espetáculos fantasiosos de cores e brilhos e tecidos e acessórios que distam da compreensão mais essencial do que seja o valor humildade, a conversa astuta e envolvente aos ouvidos do necessitado de amparo e auxílio, com objetivos de ganho monetário, os obstáculos ao incentivo do estudo esclarecedor em fontes abençoadas como o Evangelho e a Doutrina Espírita, enfim lave as plumas, os lamês, a maquiagem, as máscaras enganadoras e deixe frente a si mesmo apenas o próprio ser e suas crenças, suas certezas, suas fé, diante da pergunta esfinge;
Tenho vivido o que o Teu Amor depositou em confiança em mim?
"A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.
O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.
Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxósse, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxósse, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.
Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.
Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que safram desta Casa.
Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.
Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.
Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.
Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.
Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".
Mensagem gravada pela jornalista Lilian Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ), em 1971 na Tenda Espírita Nossa da Piedade, 1ª Tenda de Umbanda do Brasil, fundada em 1908, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, entidade espiritual responsável pela surgimento da Umbanda, através do médium Sr. Zélio Fernandino de Moares.
Paz e Luz Profundas a todos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário