terça-feira, 25 de maio de 2010

Quem é mesmo imprescindível no movimento umbandista?

Este texto começou a ser escrito em 19/05, intuição ou premonição? rsrsrsrs

Quase lugar comum, leio e ouço o seguinte poema de Bertold Brecht ser atribuído a alguém, quem sabe por seus esforços ou mesmo a boa propagação dos seus feitos;

"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;
Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;
Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis."


Especialmente o último trecho, "esses são os imprescindíveis". Imprescindível significa: indispensável, insubstituível, ou seja, a quem se atribui o poema e o termo, está se dizendo que sem esta pessoa, nada acontece.

Que aquilo que aquela pessoa faz, não pode ser feito por outra.

Bom, o giz está no fato de que ao elevar-se alguém a categoria de insubstituível, qualquer outro que se proponha a realizar algum trabalho,
dentro da mesma área ou semelhante, fatalmente será comparado, julgado e tratado, jogado ao limbo, com o estigma da acusação de invejoso, ressentido, aproveitador.

Obviamente, por quem designou seu eleito como imprescindível e a este aplaude.


É curioso notarmos que ouve-se tbm a frase, "há espaço prá todos", porém na prática mesmo, quem se colocou sob o guarda-sol (decorrência "natural" de quem tanto de esforçou para chegar onde chegou) e quem segura o guarda-sol (decorrência "mais natural" ainda, pois para haver quem é adorado, há que existir quem adore), dificilmente permitem que outros possam receber os raios deste mesmo Sol, tão generoso, que aquece, nutre, ilumina, mas tmb queima a todos, sem distinção...

Ouve-se muito ainda esta frase, "a opinião de todos é igualmente importante", mas após emiti-la, o que vale de verdade, é a proposta, que já estava pronta, e que apenas para não ficar muito na cara, armou-se um joguinho de fala que eu te escuto. Mas a jogada no fundo é mesmo, a "bola é minha", eu decido quem vai ou não jogar e como vai jogar. Caso contrário, pega-se a bola, dá-se um bicudo na canela de quem emitiu opinião e ainda reclama-se para a torcida que foi o outro que bateu primeiro.

E prá piorar, a torcida, que venera cegamente seu ídolo imprescindível, acredita de porteira fechada, não importando que a canela arroxeada seja a alheia.

Aproveito o texto, Será mesmo que Você é substituível?

http://www.artigonal.com/gestao-artigos/sera-mesmo-que-voce-e-substituivel-841339.html

Neste, lê-se o seguinte trecho inicial:

"
Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores. Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça:

"Ninguém é insubstituível!!!!!!!".

A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.

Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça. Ninguém ousa falar nada. De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:

- Alguma pergunta?

- Tenho sim. E o Beethoven?

- Como? - o encara o gestor confuso.

- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu o Beethoven?

Silêncio."

Noutro trecho pode-se ler;

"Quem substitui Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico (até hoje o Flamengo está órfão de um Zico)?

Todos esses talentos marcaram a História fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis."

De fato, ninguém os substituiu (nem poderiam, existe coisa pior que os covers, os imitadores, que perdem a si próprios para serem um outro?), no entanto, eles não foram exclusivos naquilo que fizeram ou alguém coloca em dúvida o talento de Mozart, Chopin, Bach, Vinicius de Moraes, Ary Barroso, Lamartine Babo, Noel Rosa, Lupscinio Rodrigues, Niki Lauda, Manuel Fangio, Madre Teresa de Calcutá, Papa João XXIII, Chico Xavier, Tony Bennett, Nat King Cole, Chuck Berry, Muddy Waters, B. B. King, Jimmi Hendrix, Eric Clapton, Angus Young, Yamandú Costa, Guimarães Rosa, Mário de Andrade, Clarice Lispector, Coutinho, Tostão, Pepe, Nilton Santos, Ademir da Guia, Larry Bird, Michael Jordan, Oscar, Santos Dumont, Newton, Galileo, Monet, Gaudí, Goya, Fred Astaire, Al Pacino, Paulo Autran, Paulo Gracindo, etc.

Poderiam ser citados tantos nomes não é mesmo? O que por si só nos diz que cada estrela possui seu brilho próprio.

Poderá se dizer, mas não sou este ou àquele! E é verdade, não somos mesmo, "somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter" (como canta os Engenheiros do Hawaii).

Somos quem acreditamos, sonhamos, buscamos e revelamos poder ser, e podemos tanto...

Mas porque cargas d´agua ficamos esperando alguém nos dizer quem podemos ser, fazer e viver hein?

Por que duvidar e sabotar tanto a voz interior que nos chama e incentiva a retirar do involucro, as potencialidades que dormem em nós, esperando muitas vezes o gesto corajoso de rasgar a máscara (ilusoriamente protetora) e deixar vir à luz, nossa própria luz?

É certo que durante uma boa parte de nossas vidas somos e precisamos ser guiados, em especial pelos nossos pais ou por alguém mais experiente que nós mostre o caminho das pedras, digamos.

Porém, isto feito, é preciso largar das mãos dos nossos guias e seguir pelos caminhos, afinal de contas, por fim e inegavelmente, estes serão experienciados por nós mesmos, única e exclusivamente.

Como diz outro trecho do texto:

"Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa. Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar 'seus gaps'."

Repito em coro: "Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa".

Eu espero que, em especial os lideres do movimento umbandista, os dirigentes, os sacerdotes umbandistas estejam de fato estimulando seus filhos de terreiro, adeptos desta grande massa que chamamos de Povo de Santo, a serem condutores de si mesmos, descobrindo suas capacidades e talentos, na contribuição que podem dar para um mundo, uma sociedade melhor, ou ao menos, para uma comunidade umbandista menos hipócrita, subserviente, maria vai com as outras, com menos complexo de inferioridade.

E não, não vale citar as ações e discursos estimulando aos umbandistas que se mostrem ao mundo, alardeando aos quatros ventos (se possível com microfones e megafones) Sim! Sou umbandista e tenho valor!

Me parece até mesmo doentia esta necessidade de super exposição para que haja aceitação quando...

Quando as únicas palavras que sabem proferir, tal e qual gravador com defeito, são (quem sabe fazendo assim, por exaustiva repetição há que se convencer do que se alega crer...): Umbanda é paz, amor, caridade, luz, perdão, fraternidade, etc.,etc.,etc., não pense que as considero palavras e valores vazios, porém por seus comportamentos demonstram exatamente o contrário do que acreditam e dizem aprender na Umbanda.

Invariavelmente vê-se que basta uma contrariedade, uma pequenina mesmo, para que todo o discurso de paz, luz, humildade, caia por terra.

Possivelmente, não lhes foi ensinado algo que se chama olhar no espelho, pôr a mão na consciência, tomar tento, enxergar-se naquilo que o outro faz de bom ou ruim e perguntar-se: "Quanto isto que eu vejo há em mim?"

Quem sabe estejam repetindo apenas e tão somente o que "seu-mestre- mandou" lhes ensinou como adestramento, lição e exemplo.

Porém agindo assim, como se tornar único, autêntico na beleza e profundidade de estar vivendo e fazendo o que se gosta e pelo qual se trabalhou para que o dom do talento seja fonte de alegria, brilho e alento para outros?

Para os que conhecem e repetem só aquele poema de Brecht citado no começo, trago este outro, quem sabe, a partir da leitura e reflexão deste, já não olhem como antes para os "bezerros de ouro".

Quem sabe... Quem sabe os adeptos do Povo de Santo, façam como o trabalhador que lê do poema. Quem sabe...

Ps: Agradeço imensamente as alunas que montaram esta apresentação que achei no youtube, simplesmente perfeita!


Paz e Luz!


Um comentário:

Umbanda - Sec. XXI disse...

Como vai Edenilson.
Nos encontramos novamente, com imenso prazer de minha parte.
Coloquei no ar o blog - umbandasecxxi.blogspot.com
Espero que goste. A intenção é justamente abrir a consciência de nossos irmãos umbandistas.Parabéns pela postagem, vai doer muito joanete por aí. Por coincidência o Caboclo que me assiste é da falange do Caboclo Rompe-Mato. O título do blog é Umbanda Sem Véus.
abraço. Ubiratan