domingo, 4 de setembro de 2011

Umbanda - Uma verdade inconveniente

Enfim chegou o fim da sessão e após a oração de encerramento quando os agradecimentos a Jesus, Mãe Santíssima e aos Amigos Espirituais foram feitos, após o ponto pedindo a Ogum que conduzisse a todos com proteção pelos caminhos, todos se persignaram e começaram cada um ao seu modo a realizar a transição do um mundo de vibrações para outro.

Eu como de costume faço tal transição calando e ajudando ao cambones nas tarefas de organização, recolhimento e direcionamento dos materiais do terreiro, uma mão ajuda a outra e assim não pesa prá ninguém. Porém nesta última sessão, na qual nossa mãe pequena manifestando seu elemento da falange dos marinheiros realizou difícil missão, após o encerramento da parte material, enquanto organizávamos a bancada de materiais, indicou não estar muito bem, de pronto comunicamos nossa dirigente e ao seu comando formou-se uma corrente de vibrações em favor daquela nossa irmã.

Seu mal estar era provocado pela presença de irmão espiritual em desajuste, muito provavelmente advindo da tarefa executada durante a sessão. Sem pestanejar, em nossa dirigente manifestou-se seu elemento Exu, ou melhor dizendo, diante daquela situação, o mesmo veio para controlar e direcionar a mesma.

Com forte presença e comando de quem tem autoridade e competência, fez a devida limpeza em nossa mãe pequena e a condução do espírito, deixando ainda orientações gerais sobre o ocorrido.

Não houve reprimenda e nem cogitação sobre qualquer possível interpretação de fraqueza, vacilo, invigilância, omissão da médium, suas palavras foram apenas;

“Estão pensando que ser burro é fácil é?”

Após a normalização do equilíbrio, voltamos a fazer nova oração e é neste momento que entra a frase que escolhi para dar título a este texto, pois a condução daquela sessão havia sido de minha responsabilidade e enquanto ouvia a oração ser feita, eu agradecia e pedia muitas desculpas por não ter percebido, captado que ainda havia algo para ser resolvido, e assim ter prejudicado minha amiga e irmã de caminhada...

Então me dei conta de que por mais que se queira ou se pretenda, há fatores que podem realmente escapar e que talvez até mesmo seja permitido para que os que estão numa corrente mediúnica de Umbanda sejam testados quanto a sua real compreensão e profundidade no compromisso consigo próprio e com o outro a quem chama de irmão de fé.

Sejam testados no quanto compreenderam de que a linha que separa o mundo físico do mundo espiritual é por demais tênue quando através da evocação e sintonia se levanta tão delicado véu. Pois ao fazer-se isto, aos que estão capacitados, enxerga-se o lado de lá, mas os de lá também enxergam o de cá. E aos que não estão capacitados para enxergarem, as energias-valores do que vai no coração e nos pensamentos são a abertura necessária para que tal ponte aconteça.

E aí o que conta não é a posição que se ocupa num terreiro ou quantos anos de chão se tenha, ou ainda o quão bem se saiba interpretar textos daquela montanha de livros que estão guardados na biblioteca.

Não, nada disso é importante numa hora como essa!

O que conta mesmo de verdade é se o pedido de malei-me (ajuda) vem do mais verdadeiro do coração em favor do outro.  

O que conta é se nesta hora mais do que a fórmula decorada, se saiba acender o coração e as mãos para que por eles brilhe os sóis da fé inabalável, da convicção de que aquilo que se acredita é real, tão real quanto o facho de luz que envolve a irmã querida e o irmão desajustado.

O que conta é a confiança-união nos Amigos Espirituais que nos assistem e que por AMOR VERDADEIRO À JESUS E A LEI MAIOR ali estão, vibrando para que os que lhe são amados não esmoreçam.

O que conta é saber, mais que só acreditar que a Umbanda é LUZ, VERDADE, CARIDADE, FORÇA, HUMILDADE, AMOR DIVINO EM AÇÃO, e que é somente quando nos colocamos frente a ela EM ESPÍRITO E VERDADE é que conseguimos compreender e viver sua essência.

Sei que são palavras repetitivas, mas são as que consigo expressar pobremente do que sinto e vivo em cada sessão, cada gira de Umbanda. Palavras pobres para alguém que não cansa de ser tocado que em cada sessão, toda uma montanha de palavras escritas e ditas por dizer se esfumaça.

Sei que os escritos são importantes, sei que há muito conhecimento contido em alguns, mas só se tornam válidos mesmo, ou não, quando numa sessão alcançamos seu significado no correr dos sentimentos e vibrações que por nós interpenetram.

É aí que descobrimos se são luz ou só poeira.

Esta é para mim uma verdade inconveniente, mantida e sustentada por esta Escola da Vida Maior chamada Umbanda.

Umbanda é o assombroso equilíbrio da FORÇA na LEVEZA, pois tudo o que é sólido, como as nossas certezas sobre o que é Umbanda, se desmancham no ar.

Paz e Luz!

4 comentários:

Anônimo disse...

Prezados Irmãos,

Em pesquisa sobre a Umbanda na internet, deparei-me com este blog e o "Ouvindo as Vozes de Aruanda", que muito me alegraram pelos conteúdos abordados e posicionamentos.
Tenho 30 anos e meu contato com a umbanda aconteceu ainda cedo, desde a infância me via cercado pelas falagens (preto-velhos e caboclos), que aos 7 anos passaram a manifestarem de forma ostensiva.
Devido a falta de conhecimento de minha família (todos católicos) sobre o assunto, fui levado a vários locais a procura da "cura" dessas manifestações, pela falta de esclarecimento e mesmo conhecimento tive experiencias infelizes dentro de casas de Umbandas ( ao menos era como se intitulavam ) e Candomblés (onde terminei por ser iniciado), porém, por nunca me afinizar e concordar com as práticas desenvolvidas nestes (matanças de animais, trocas de demandas, magia-negra, uso exagerado de álcool e tabacos e alimentos) terminei por procurar uma casa Kardecista, nela pude me equilibrar e compreender as questões mediúnicas e espirituais.
O estranho de tudo é que nas épocas onde frequentava as casas de Candomblé e Umbanda, sempre tive a preconcepção da verdadeira Umbanda, livre das vaidades hierárquicas, das mortes de nossos irmãos do reino animal, dos atabaques e outras tantas práticas que só servem para satisfazer os caprichos humanos e cada vez mais contaminar a simplicidade e verdadeira razão de ser da Umbanda, a caridade.
Escrevo aos Srs. com duas intenções:
Agradecimento - pela luta por uma Umbanda pura e o resgate dos seus princípios; o que despertou novamente minha fé nos seres humanos e nesta religião maravilhosa.
E a segunda, para lhes pedirem auxílio, se possível, no repasse deste comentário ao Sr. Ricardo Machado - Mestre Ubajara - para pedir-lhe indicação de uma casa (Tenda, Fraternidade) de propósitos em que eu possa procurar alimento espiritual em Belo Horizonte.
Meu nome é Cláudio, sou do interior de MG (Itabira) e moro em Belo Horizonte a 6 anos.

Um abraço fraterno aos irmãos!
Meu contato é claudiofbueno@gmail.com

Edenilson Francisco disse...

Prezado Cláudio Bueno,

Fico feliz que este blog tenha de algum modo contribuído, como disse na 1ª postagem do mesmo, este é um espaço onde pretendo dizer o que penso e sinto sobre a vida, a Umbanda e algumas vezes resmungar, como um bom caipira.

Sobre o repasse ao Sr. Ricardo Machado, autor do blog Ouvindo as Vozes de Aruanda, o que esperamos é que o mesmo possa em suas andanças pela rede, encontrar estas citações e se lhe for possível, responder aos seu pedido. Digo isto pois nossos contatos são virtuais, não possuo qualquer outro tipo de contato com o mesmo.

Permita-me ainda sugerir a visita a dois outros blogs que certamente lhe agradarão pela seriedade e conteúdo; Umbanda Sem Medo de Cláudio Zeus e Registros de Umbanda de Renato Guimarães e Pedro Kristki.

Tenho fé que seus Protetores, enquanto não chega alguma indicação, saberão conduzi-lo em sua busca.

Abraços Fraternos!

Edenilson Francisco

Rangel Silva disse...

Amigo, boa tarde, meu nome é Rangel sou de SP e estou "trabalhando" na UMBANDA a 2 meses, mas ME SINTO Umbandista a anos, pois minha esposa já trabalhava como médium em outra casa e me apaixonei por essa LUZ maravilhosa que é a Umbanda, mas só DESCOBRI essa VERDADE INCONVENIENTE como você mesmo diz no dia que pus um pé no terreiro como CAMBONO... Lendo seu relato, refletiu EXATAMENTE o que penso e o que sinto dessa nossa LUZ maravilhosa que é a UMBANDA, essa PRÁTICA da caridade a todo momento, nos doando a cada ser que precisa de nós... Tenho que confessar que terminei de ler seu texto com LÁGRIMAS NOS OLHOS, pois nesta semana passamos por momentos dificeis devido uma AÇÃO de minha esposa em favor de uma amiga, irmã de terreiro que passava por graves problemas e houve toda uma movimentação de todos os nossos irmãos para melhora de minha esposa que acabou por "absorver" pra si o espirito sem luz que precisava de ajuda e foi ajudado. Isso me mostrou toda UNIÃO de nosso grupo e principalmente O AMOR que é base de toda caridade... QUE DEUS ILUMINE A VOCÊS e TODOS ESSES IRMÃOS DEVOTADOS DE UMBANDA... AXÉ!

Edenilson Francisco disse...

Olá Rangel!

"Isso me mostrou toda UNIÃO de nosso grupo e principalmente O AMOR que é base de toda caridade..."

Isto é para emocionar mesmo nossos corações, pois aí é que habita o grande sentido de uma Casa Umbandista e de sua corrente mediúnica.

Que sejam abençoados seus caminhos, de sua esposa e de todos os que atuam na Casa que frequentam!

Abraços Fraternos!!!