terça-feira, 13 de outubro de 2009

Que os salvadores deslizem pelo fio da navalha!

Estranhos e curiosos são os caminhos que trilhamos quando usamos as palavras (nossas ou de outros) para simbolizar e significar os devaneios ou pesadelos que transitam dentro de nós. Postei um texto de Arnaldo Jabor, “Devo pedir champagne ou cianureto?”, na comunidade que participo, adicionando ao final que repetia a pergunta do autor e pedia alguma ajuda ao demais na resposta. Eis que recebi do Amigo e Mano (hum... vai dar problema com os demais, já que coloquei duas estrelas, rsrsrsrs) Cláudio Zeus, um dos cúmplices neste blog e noutras estripulias.

“Não sei o seu caso, Deni, mas eu, tranquilamente, pediria o champagne e o desfrutaria na certeza de que FAÇO O QUE POSSO e se não posso tudo, FAÇA MAIS QUEM POSSA E QUEIRA FAZER!

Planto minhas sementes como sei e posso e, se germinarem, tudo bem. Se não germinarem não serei eu, com certeza, o responsável pelos solos inférteis. E se eu parar a cada momento pra sofrer pelo que não consigo melhorar nos outros, meu caminho vai ficar compriiiiiiiiiiiiido!!!!! Trabalhooooooso!!! E vou acabar deixando, talvez, de encontrar mais solos férteis por perda de tempo com os inférteis.

Ou você ainda acredita em "salvadores do mundo e dos povos"? Ou que você seja um deles?”

Arre égua!!!! Que mania mais besta de dizer o que pensa sem esconder cartas na manga e mesmo assim gostamos mais e mais do cabra!!!!

Respondi ao Cláudio lá, mas aproveitei suas palavras tbm por ter a mania besta de “ruminar”, afinal como já disse alguém “uma vida sem reflexão não vale ser vivida”. Após ter escrito os textos “Orgulho Umbandista? Escolho Convicção!” e “Ô pirdissaum qui é de ruminá sô!”, fui tocando a vida, “apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco (e na carteira tbm), sem parentes importantes”, “sem lenço e sem documento”, mas de todo modo grato por ainda ter pão com manteiga no café da manhã.

Feliz por enxergar-me nas convicções com as quais construo minha identidade.

Compareci ao coquetel de confraternização ocorrido no dia 04/10 em Bauru para posse da nova diretoria da FEURO. Entre rostos amigos e desconhecidos, procurando manter sintonia com o que passava em meu coração, na medida do possível, com o que o cérebro símio analisava e o que captava o “outro cérebro” dos pensamentos e vibrações ali presentes.

Será que o pessoal não aprendeu ainda que pensamento a gente “pega” no ar, Mãe Benedita?

Talvez muitos não saibam, fui ativo participante da Umbanda Fest, capitaneada por Ricardo Barreira, de meados de 2006 até 2007, me desligando em definitivo por divergências com seu timoneiro.

Deixamos de falar a mesma língua, de concordar com os rumos e projetos propostos (minha postura questionadora, por vezes sarcástica nem sempre foi usada com a necessária sabedoria para dosar tais formatos explosivos de expressão). As rusgas foram se tornando cada vez mais sérias, ainda que tivéssemos tentado por vezes aparar arestas, algo mais corrosivo corria abaixo da capa conciliadora colocada por nós (em mim demorou muito para ser curado) e enquanto a ferida aberta doeu, motivou a dizer sobre o porquê de haver me desligado para algumas poucas pessoas em que confiei o relato.

Não menti, mas tenho consciência de que o mesmo foi pintado com as cores da mágoa, da desilusão e do amor-próprio machucado. (Lembram quando disse antes sobre poça emocional parada que vai infectando?).

Logo, nada mais correto e salutar que a ruptura ocorre-se, atitude que tomei numa quinta-feira em reunião para fechamento de pauta da edição da Umbanda Fest 2007 que se realizaria no domingo. Fiz questão de participar e colaborar, palavra dada é compromisso, e cumprir compromisso é o mínimo de quem diz viver e ter como maior herança, vergonha na cara.

Deixo claro ter sincera gratidão pela Espiritualidade que orienta o atual presidente da FEURO, muito me ajudaram e aconselharam. Assim como respeito sua trajetória de luta.

Soube, mais tarde, que minha atitude a uns fosse tomado como despeito motivado por inveja (nada mais longe da verdade, julgamentos unilaterais nunca se aproximam do quadro por completo) e a outros ainda, com contumaz maledicência, destilar veneno medíocre, com o claro objetivo de lucrar dividendos, sejam lá quais.

Mas o quê? Você não acredita que tudo isso até aqui relatado seja possível numa religião que prega amor, caridade, humildade, fraternidade, verdade, ética e honestidade?

Acorde! A religião ou o assim chamado movimento umbandista é feito por seres humanos encarnados (e tbm, de desencarnados), falhos, indecisos, maledicentes, arrogantes, possessivos, tendenciosos, mesquinhos e ignorantes. Aos que vão estrilar com a parte dos desencarnados;

Ora, não somos e são espíritos e estamos TODOS em jornada de evolução espiritual? Ou como indicou Kardec (mesmo não sendo umbandista, apenas usou outras palavras para dizer o que os Espíritos da Linha Branca de Umbanda dizem quase diariamente aos seus filhos de fé): perfectíveis = Suscetíveis de perfeição ou de aperfeiçoamento.

Salvo se pra vc vale o endeusamento ou a subserviência cega...

O que não significa que TODOS assim sejam ou se revelem, na banda de lá (e de cá).

E a Umbanda como fica? A Umbanda mesmo é outra conversa.

É possível, talvez, vislumbra-la no silêncio obsequioso de Exu, no abaixar de olhos dos Pretos-Velhos, na contenção do gesto vigoroso dos Caboclos, nas lágrimas do Amigo Espiritual que a tudo suporta de nossas mazelas tão e somente por AMOR...

A Umbanda mesmo? Só mergulhando no seu oceano...

Você não acredita que “escuta o que fiquei sabendo...”, corre solto por debaixo dos panos no meio umbandista, assim como “quem conta um conto, aumenta um ponto”?

Mas aí, cada um que “compre” de olhos fechados ou averigue o peixe que estão a lhe passar não é mesmo?

Mas o quê tudo isso tem a ver com o papo do Jabor, Cláudio Zeus, hein?

Tem a ver com “você ainda acredita em "salvadores do mundo e dos povos"? Ou que você seja um deles?”. Tem a ver com o que escolho cultivar em meu jardim interior...

Desde cedo, questiono os discursos, posturas e propostas doutrinárias, políticas, hierárquicas, etc. E claro que não é concebível a critica pela critica sem ação: “Fé sem obras é fé morta”, mas aprendi que igualmente não é concebível a ação sem reflexão, sem direito a questionamentos, sem propostas com transparência, senão ficamos iguais robôs ou ovelhas;

Vida de Ovelha, by Ricardo Machado

http://vozesdearuanda.blogspot.com/2008/07/vida-de-ovelha.html

Nisto consiste o valor dos questionamentos do Cláudio Zeus, examinar NOSSA postura de SALVADORES e DEFENSORES de uma doutrina ou prática.

Que papel assumimos ou nos investimos com o qual “vende-se” o peixe e com qual embrulho.

E prq não examinar tbm, por extensão, a postura de OVELHAS e SEGUIDORES?

Percebo que em muito do que fazia, havia tal motivação, procurava “revelar” nos outros àquela mesma luz que “enxergava”. E claro, indicando que seguissem o foco da luz que o meu farolete apontava. E não é assim que agem os salvadores? Não basta despertar os outros, é preciso que estes o sigam, apoiando e confiando cegamente, esperando suas orientações, enxergando-os como modelos e ícones de tudo aquilo que queremos ser e ter.

Ah! Como sou grato ao Pe. Beto, na sua palestra sobre Nieztsche, onde pude através de suas reflexões libertar-me de uma leitura equivocada que fiz deste filósofo aos 14 anos e (des)norteou minha vida por longos anos.

Minutos antes da palestra começar, relatei a este a quem considero Irmão Espiritual, minha esperança de que naquela noite eu pudesse justamente deixar de lado tal leitura equivocada e lá quase no final quando uma professora disse sobre o perigo que é muitos adolescentes lerem o filósofo, sem algum acompanhamento e orientação, seu olhar buscou o meu e ali a libertação neste encontro ocorreu.

Nieztsche é um “herege sagrado”, que destrói todo e qualquer salvador e não o contrário fomenta-os como muitos entendem e se espelham.

“Alma minha, afastei de ti toda a obediência, toda a genuflexão e todo o servilismo”

Cada um é que precisa acordar/revelar/superar-SE na descoberta da própria luz. E sacar que esta ilumina o caminho escuro, difícil e perigoso dentro de nós.

Cada um é cada um, único, construtor da sua história e estórias, suas fraquezas e potencialidades, sua perfectibilidade atuando na doutrina aqui ou acolá.

Cada um é responsável pelas escolhas que faz. Se há os que aceitam e aplaudem sem questionar, com qual direito posso apontar o dedo e dizer, está errado?

“Supera-te a ti mesmo, até no teu próximo e
não consintas te dêem um direito que possas conquistar.
O que tu fazes ninguém pode te forçar a fazer.
Fica sabendo: não há recompensa.
O que se pode mandar a si mesmo deve obedecer.
E há quem saiba mandar, mas esteja ainda muito longe de saber obedecer.”


Cada qual faça o que pode e esteja ao seu alcance e faça mais quem pode e queira mais.

E todos estão fazendo algo, conscientes ou não dos propósitos, se alegrando ou envergonhando pelo resultado. Todos estão semeando e colhendo, através de um silêncio, olhar, não-gesto, sorriso, perdão, pensamento, texto, lágrima, esperança.

Todos são imprescindíveis!!! Os que lutam um dia, um ano, décadas, uma vida inteira. Não é pela quantidade de ações que irá se medir o valor de uma pessoa, mas sim pela qualidade do conteúdo dos propósitos que seu coração abriga.

Aos que fazem com o pouco que podem que o façam com alegria e humildade (conscientes do seu valor) e desejo de servir a um propósito maior do que sua salvação ou um lugarzinho no céu.

E que os que possam e queiram mais, não desprezem, ridicularizem ou sabotem por egoísmo, desejo de aplausos ou reconhecimento, mediocridade ou vaidade de que a semeadura alheia possa trazer frutos mais saborosos que os seus, os projetos dos que procuram fazer com o pouco que esteja ao alcance.

Vigiemos o que vai em nosso coração, para que nele, a semente do orgulho e da ilusão não venha frutificar em posturas que descobriremos simulacros daquele mesmo ego ladino e sorrateiro. Sua especialidade é nos fazer acreditar que aquela bandeira que procuramos hastear no mais alto mirante não possui a nossa fuça estampada.

Oremos para que nossas ações e propósitos sejam a mais singela e bela oferenda a ser apresentada ao Senhor da Vida.

Que roçemos nosso jardim a cada dia, para receber e abrigar as boas sementes que Jesus através da Umbanda e seus Mensageiros quer nele deitar.

Semeemos hoje e sempre o que há de melhor em nós, acreditando mais na semente do que no solo.

Tocando em frente - Almir Sater

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chegae no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Paz e Luz!

Semeemos e sigamos em paz com nossa consciência!


Tocando em frente na voz de Elizabete Lacerda

http://www.youtube.com/watch?v=yXvxjnve6NY

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