Trabalho pertinho de uma Faculdade na cidade onde moro. Dia desses pela manhã ao caminhar em direção ao posto bancário situado dentro do complexo da Faculdade, passei pelo belo jardim interno que fica no antigo prédio, onde estudei sem completar o curso de Direito, com suas salas de pé direito alto, portas de madeira desaprumadas, piso de tábuas e enquanto o fazia, ouvi a música suave de um melodia ao piano que saia dos alto-falantes.
Não teve como, parei para apreciar o momento, a música, a natureza, o zelo, o insustentável silêncio. Que vontade de fica sentado num dos bancos de pedra que lá existem, fecharia os olhos e me deixaria levar.
Mas não o fiz, lembrei-me das obrigações a cumprir e retornei. No entanto, ficou em mim ainda a música, o vento nas folhas, as árvores quem sabe centenárias, a beleza do momento e o silêncio... Um absurdo silêncio que fez recordar o desejo antigo de conquistar um pedaço de chão, um lugar onde possa plantar amigos, jardins de flores e ervas, pés de limão, jabuticaba, goiaba e caju, plantar um congá simples onde a expressão pé-no-chão seja mais que um simbolismo de humildade e singeleza.
E então, espiei pelo vão da porta mais secreta, ainda tímido que teimo em não atravessá-la de vez, e assim fazendo, olhos abertos, estar face a face para uma verdade que se revela cada vez mais a quem se dispõe;
A Umbanda surge, cresce, toma prumo, brota seus frutos, abre suas flores, abriga sob sua sombra e cuida, cura e toca no silêncio!
É no silêncio do nosso calar-se, fazendo morrer palavras, expectativas, discursos, rezas, análises, que a Umbanda faz ouvir sua Voz límpida, assombrosamente forte e leve Voz a pronunciar Verdades Eternas.
O silêncio do momento limite ao gesto incomensurável de Amor do Creador diante do espaço vazio, FAÇA-SE A LUZ!
O silêncio de Moisés, pés descalços diante da sarça ardente.
O silêncio de Maria, Mãe Bem-Aventurada quando o Anjo Gabriel lhe soprou aos ouvidos abertos a anunciação.
O silêncio de Jesus, olhos amorosos diante da beleza deste mundo e também diante da cegueira dos homens, Ah! quanto Amor neste silêncio!
O silêncio dos que calam suas pequenas verdades pequenas de crenças limitadas, para que a Voz do Silêncio se faça SER, Krishna, Sidarta, Lao Tsé, Babaji, Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá, João da Cruz, Tereza D´Avila, Agostinho de Hipona, Hermes o Trismegisto, Francisco de Assis, Zélio de Moraes, e tantos outros seres cujos nomes não estão escritos nos livros de pedra, papiro, papel ou sites.
Mas eles ouviram...
E por isso nunca mais foram os mesmos... nem poderiam ser, após tal encontro como ainda ser odre velho transportando vinho novo, pois que dos olhos o barro caiu e assim, impossível não enxergar o Todo que está em tudo em cada ser?
Tenho lido, visto e ouvido tanto sobre o quanto a Umbanda é linda, maravilhosa e transformadora. Quantas mensagens lindas, profundas e maravilhosas já não foram e estarão sendo escritas ou "psicografadas" sobre.
O Quanto é preciso anunciar isto ao mundo. Na mesma varada o incentivo ao estudo, a formação (senão o mundo não recebe) e ao agregar de conhecimentos.
Incentivo igualmente e me alinho aos que promovem o estudo entre os umbandistas. Estudar promove (ou deveria) o raciocínio, agrega cultura (ou só cola mesmo) e desentope as sinapses entre os neurônios (bem...).
Mas acúmulo de informações pretensamente aureoladas como conhecimento não são e nunca foram sabedoria (esta nasce do silêncio, por vezes de uma boa pitada de um paieiro). E todo estudante espiritual honesto e sincero, sabe que chega um momento em que é preciso ir além da letra e até mesmo do espírito da letra.
Um dos 999 nomes pelo qual este Grande Desconhecido é denominado se pronuncia como Umbanda.
Todo estudante espiritual de Umbanda, honesto e sincero, sabe que chega o momento de estar diante da sarça ardente, sem guias no pescoço, cocar, charuto, capas, pemba nas mãos, bengala, atabaques, sem ninguém por perto para aplaudir, solitário diante de um congá nú.
Chega um momento em que é preciso se abandonar nos braços do Grande Desconhecido a nos chamar no abismo para o Abraço do Silêncio.
É preciso se permitir ir ao encontro deste Abraço meu caro irmão espiritual, estudante das Leis Divinas em Umbanda, pois que fazendo isto, o que se anuncia COMO, SOBRE, DE, DA, PARA Umbanda se esfumaça no ar, pois não se pode dar aquilo que não se semeou, cultivou e desenvolveu dentro de si.
Como saber quando é a Voz da Umbanda que fala em seus filhos? Olhe nos olhos de quem fala (e em nome, sobre, de, para, da Umbanda) e veja o que não dá prá disfarçar, pois quando fala a Umbanda, as palavras não saem calculadas para agradar, seduzir ou convencer. Nem tampouco para agredir, humilhar, aviltar, vulgarizar e banalizar.
Preste atenção num Preto Velho de fato e de direito e vc compreenderá.
Ouça o que o silêncio dos gestos grita e o principal, sinta o que o coração passa, lembrando sempre das palavras de Jesus: A boca fala do que o coração está cheio!.
Preste atenção na retidão de um Caboclo de fato e de direito e vc aprenderá.
Permita-se por breve momentos silenciar-se e com o cuidado de quem recebe um presente frágil, sinta em suas mãos, seu coração, que paisagens surgem dentro de você.
Preste atenção no que não fala um Exu, obediente servidor dentro da Lei de Umbanda e vc entenderá o por que de tantas mirabolantes exaltações apologéticas que dizem ter "recebido como deles".
E após isto, deixe de lado o presente, por mais belo que esteja embrulhado, por mais emocionado que tenha sido o gesto e siga ouvindo a Voz que fala a sua consciência.
Por que meu caro irmão espiritual, a Umbanda tal e qual Voz do Silêncio fala e habita dentro de ti!
Tudo o mais que venha e seja de fora é ilusão.
Siga esta Voz e teu caminho se fará iluminado, mesmo que por vezes pareça estar no vale escuro e tenebroso da morte...
Lembre-se, a Umbanda é força e é luz, filho de Umbanda não cai, se apoia na cruz!
E a cruz não é simbolo de castigo meu irmão...
Paz e Luz!
Um comentário:
Parabéns. Ubiratan
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