quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Como acabar com a Umbanda?

Decodifeque-a! Mas há código?


Não se sabe ao certo como começou ou começaram o que veio a chamar-se religião (do que era Religare do latim "re-ligare", que significa "ligar com", “ligar novamente”, “tornar a ligar”). Um belo dia ou não no meio da noite, tempestade, raios, sol, luz, fogo, explosão vulcânica, maremoto, inundação, o proto-simio-pseudo-sapiens ao se deparar com qualquer um destes acontecimentos, sentiu nascer o desejo ou a curiosidade de ir ao encontro destes fenômenos e deles usufruir e dominar (termos modernos, vamos lá são apenas derrapadas na rapadura).


Na tentativa erro/acerto, nasce alguma forma de ritualização e depois a manutenção deste saber (narrativa, papiro, pedra, parede, pele, totem, etc), nasce assim o mito e este acaba por fim justificando o rito. Não muito longe nasce enfim a Religião e seus locais sagrados: templos, altares, escolhidos, trajes, palavras chaves, etc)


Em que momento surge a curiosidade em saber se há “Alguém” ou “Alguéns” e como este/s domina/m o elemento extraordinário é outra derrapada.


Bão, onde quero chegar ou começar a chegar? Como o que era tão somente re-ligare (sentir ou desejar sentir-se parte do é maior, o Todo que está em tudo) para religião (Religião (do latim: "religio" usado na Vulgata, que significa "prestar culto a uma divindade", “ligar novamente", ou simplesmente "religar") pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças..)?


http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o


Perceberam, o que era natural precisou tomar corpo de doutrina (conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, científico, entre outros.) para que soubéssemos como chegar a este Maior ou então para que não nos queimássemos, afogássemos, etc, digamos de uma forma mais natural?


Tal e qual uma planta que precisa sofre um enxerto e para que este vingue é colocado um apoio ou muleta bem fixado, é assim que tenho visto o que se tem feito com a Umbanda, enquanto processo de intitucionalização.


Explico-me, estudando sobre a chamadas influências ou não sobre/para/na formação da Umbanda, me deparei com algo curioso. Enquanto as chamadas “religiões” assim chamadas “naturais” existiam e ainda que sofrendo perseguição por parte da nada natural religião dominante, Catolicismo, ressurgiam e ressurgem aqui ou acolá, no caminho da formação da religião umbandista, percebe-se uma necessidade de institucionalizá-la, legitimá-la, torna-la aceitável socialmente e assim respeitável. Portanto, foi preciso separar neste processo tudo aquilo que era contrário a estes propósitos.


Lembro-me das palavras, assim grafadas do Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas: “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”


O Mano Cláudio irá nos lembrar que existe a grafia do termo NOVO CULTO, mas encontramos relatos onde não o puseram.


E “sou o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, pois para mim não existirão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.”


Pois bem, notamos desde o nasceudouro, conforme nos cita o Mano Cláudio no livro Umbanda Sem Medo, foram orientações diretas do Sr. Caboclo: tendas co-irmãs, federação, congresso.


E aí é que está o giz; Do propósito original do Sr. Caboclo, poderíamos deduzir uma proposta de codificação e institucionalização da Umbanda para que não ocorresse o que ocorreu, uma debandada (de rituais análogos e nem tanto muito ao contrário) na carona dos esforços dos pioneiros Ou poderemos olhar para o passado e atestar que no presente, mais esta recomendação do Sr. Caboclo foi “esquecida”, tomando como base a fala da Sra. Lygia Cunha, atual dirigente da Tenda Nossa Sra. Da Piedade: “Em relação às diferenças acredito no lema "cada cabeça uma sentença". A Umbanda não é dogmática porque o Chefe assim o quis. Não foi criada uma doutrina, talvez para permitir que aquele que seja dotado de mediunidade e afeito aos seus ideais possa se tornar um trabalhador de suas causas. A coisa mais importante é que paute suas práticas na humildade, no amor e na caridade.”


Em assim sendo, prq raios, estão nossos luminares líderes (ou quem sabe pseudo líderes) a querer codificá-la? E assim assinar o atestado de óbito da UMBANDA?


Por que a Umbanda necessariamente só receberá o tão falado merecido respeito se tiver um código doutrinário, um representante-mor, uma teologia amarradinha com a ciência (uma kh+ga+da ao quadrado), já que como um grande amigo diz: “ A primeira não sabe e a segunda não resolve...”


E por fim, prq se investe mais nesta institucionalização do que na pessoa do umbandista ou melhor no re-ligare do espírito que se veste num corpo que se veste de branco e bate cabeça, para que este descubra que tudo isto serve tão apenas de apoio temporário para que ele aprenda se sustentar com suas próprias pernas?


Ou melhor, para que o re-ligare aconteça de fato no único templo de Umbanda verdadeiro, sua consciência , tendo aceso, o verdadeiro fogo do Espírito Santo, o Amor que a tudo ilumina.


A melhor religião? Não ter religião!


Mas como dizia Santo Agostinho, “mas não tão já, Senhor!”


Paz e Luz!

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