segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Por que não me ufano mais com o movimento umbandista

Experimente vc irmão umbandista dizer um simples não para os nossos luminares líderes, ávidos por seguidores golens e breve veras se o discurso de tolerância, respeito e mesmo afagos com o adjetivo querido amigo, grande irmão, colaborador continuam a chegar.

Experimente dizer um dia, não vejo assim, não concordo, não acho válido, não vejo proveito. Ouse pôr dúvidas plausíveis naquela máxima tão sólida (tanto que muitos crêem que nunca se desmanchará no ar) quanto o abraço daquele que se esconde covarde atrás da zombaria e pretensos chistes de inteligência e veras se o seu telefone, sua casa, as visitas ao seu local de trabalho, seu e-mail, seu projeto sem cobrança monetária de contribuição para a melhoria das informações, via de regra, tubularmente da 9ª dimensão direcionadas ao umbandista e a comunidade receberão o apoio que até ontem o discurso sempre acompanhado de batidinhas nas costas, sorrisos e afagos em anexo aconteciam.

Experimente pensar por si próprio, experimente só isso, experimente. Mas por favor, experimente mesmo, pois não quero crer que vc seja mais um dos aplaudem tal e qual as colegas de auditório daquele famoso apresentador e jamais se perguntam quanto vai custar depois as “brincadeiras”, eventos e apoios. Afinal, a todo o momento ouço, leio os umbandistas levantarem as bandeiras do estudo, do esclarecimento, do respeito a opção religiosa (sempre dos de fora) e outras coisas mais, desde que alguém se prontifique a mastigar, a direcionar, a servir de vidraça, a dizer-nos onde e como e o quê devemos ler, ver, sentir, rezar, acender, defumar, demandar (mas há umbandista que gosta disso, receitas, e por que não precisa disso, senão não se sente vivo).

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,”

Recomendo também a leitura do artigo do psicanalista Contardo Calligaris, 24/07/08, Folha de São Paulo, título: O risco de se perder, eis alguns trechos, que penso serem válidos transpostos para a condução dos rumos do movimento umbandista;
- “Em regra, penso que renegar seus próprios princípios para se preservar é uma boa maneira de se destruir.”
- “Pergunta-se: se, defendendo-nos, cometemos os mesmos abusos que praticam nossos inimigos, o que nos sobra que valha a pena ser preservado?
- “Quantas vezes, para nos protegermos, sacrificamos um principio que é para nós essencial, algo sem o qual, no fundo, não somos mais aquele “nós” que queríamos proteger
- “Quantas vezes os atos com os quais pensamos nos preservar destroem nosso âmago talvez mais do que o perigo contra o qual reagimos? Os exemplos estão na história de cada um. São as covardias das quais somos capazes em nome de uma necessidade de defesa ou de preservação. É melhor sermos derrotados, perdermos um emprego, perdermos um amor ou, então, “ganharmos a parada” com um gesto que nos extravia, que nos torna, aos nossos próprios olhos, indignos do amor que queríamos resguardar e conservar ou do poder que queríamos manter ou conquistar?

O que é melhor pra você meu amigo e irmão umbandista, não mentir mais pra você mesmo e começar a perguntar o quanto vai custar o “apoio” ou se vender com a promessa de um futuro carguinho na administração vitoriosa que trará os benefícios que a nossa amada religião merece?

Pense nisso, pois risco de se perder é grande ou não, se ainda tivermos algo para perder.

Paz e Luz!


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