terça-feira, 6 de julho de 2010

Ajustando a miopia - alguma contribuição ao movimento religioso umbandista

Evocando o exemplo de conduta e esperança no porvir, postura dos que pagam o preço por sua coerência e sabem que plantam sementes as quais não irão assentar sob a sombra e tampouco saborear os frutos, do Sr. Zélio de Moraes, médium instrumento fundador, inspirado e orientado pelo espírito do Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas, mentor espiritual anunciador, após a criação da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, a 1ª e originária Tenda Mater/Raiz/Fonte de UMBANDA neste pedaço de plano de manifestação.

Cientes da lição contida na parábola do semeador, o semear não é mero atributo/prerrogativa de um só (lembremos que o Evangelho diz o semeador e não o fulano ou o sicrano semeador, ou seja, importa a mensagem, não o mensageiro), pois a seara é grande e a fome espiritual maior ainda, fundaram outras Tendas com o objetivo principal, no meu ver, de irradiar a mensagem do Alto, transformando a tantos quantos a estas recorressem. Adeptos ou socorridos.

Mensagem esta, que não encontrava (e porque não dizer, ainda não encontra) acolhida nos campos cultos e incultos, serenos ou extravagantes, propícios ou áridos.

Parte desta mensagem dizia: "Aprenderemos com os que sabem mais e ensinaremos os que sabem menos". Compreendo, que ao dizer isso, o Caboclo não se referia apenas aos tantos espíritos desencarnados que tem algo a dizer e a ouvir, mas também aos encarnados, mesmo que sem títulos de doutores ou outros quaisquer, também são possuidores de vivências e sabedoria para compartilhar com os que estão de ouvidos abertos.

Isso não quer necessariamente dizer, como muitos querem entender, que tendo algo a dizer um espírito que se apresente como x, y ou z, num terreiro de Umbanda, já se possa criar uma gira/culto destes mesmos x, y ou z.

Mas deve ser a tal beleza da diversidade, não é mesmo?

Instalaram Tendas-núcleos disseminadoras desta nova mensagem e, de certo modo, modelos de conduta a serem seguidos, trazendo para toda uma massa de espíritos, do lado de lá e cá, endurecidos ou cegos, bases esclarecedoras, formadoras e retificadoras.

O mesmo entendimento pode ser estendido à criação da 1ª Federação Espírita de Umbanda, que além de pretender organizar o movimento religioso, também visava esclarecer. Se seguiram ou não conforme nepotismos dos seus dirigentes é outra conversa.

Parece-me que ao agir assim, semearam, médium e mentor, exemplos vivos e perenes de profunda humildade, reconhecendo a necessidade de que é preciso estimular ao movimento religioso umbandista, lideranças e participantes conscientes do papel fundamental do esclarecimento e da informação transparente. Além, é claro do principal, a transformação dos valores interiores.
Sem dogmatismos, subserviência ou obediência cega.

A Umbanda ensina a libertar consciências, não só num chão de terreiro, mas através também do trabalho isento de interesses escusos, transformador e motivador do movimento humano religioso.

Evocando os exemplos supracitados, quero manifestar algumas sugestões que há muito tempo foram colocadas como devaneio, mas que, ao menos para mim, ainda são caminhos...

Tomemos como exemplo a prefeitura de uma cidade, se nela ESTÁ ocupando o cargo de prefeito, um cargo é apenas um cargo, a pessoa ESTÁ prefeito, ela não É prefeito, assim como em qualquer outra instituição, não existe pessoa insubstituível, inclusive os que se entronizam vitalícios.

Se nela ESTÁ um prefeito que tenha um perfil descentralizador na delegação de funções e no intuito de melhor abranger as várias regiões da cidade e deste modo aos cidadãos, o mesmo coloca nestas sub-prefeituras, representantes capacitados para acolher, orientar e solucionar os problemas e situações, pois estão muito mais próximos.

Sabe o prefeito que não poderá estar em todos os lugares, nem tampouco conhecer a todos e a todas as situações com o qual cada região convive.

Ou seja, para administrar bem uma cidade, o prefeito delega funções e poderes a outras pessoas para que possam em trabalho conjunto, atender, senão em sua maior ou grande parte, ao menos as partes mais diretamente afetadas da coletividade.

Pois bem, me pergunto se do mesmo modo esta situação não poderia ser utilizada nas chamadas representações organizadas do movimento umbandista. E o faço na mais absoluta esperança da ideia de igualdade, democracia, não-personalismo, criação de novas lideranças e melhor ainda, nova conscientização dos umbandistas esteja sendo um fato. Mais que um longo e repetitivo fado...

As representações organizadas possuem um corpo diretivo correto? Os componentes do corpo diretivo, chamados diretores, certamente não moram todos no mesmo bairro ou prédio, tal como se fosse uma comunidade fechada, logo, moram em diferentes bairros e conhecem (se não conhecem, passam a fazê-lo), a realidade dos templos religiosos e dos adeptos da região onde estão.

Ora, não parece interessante que estes mesmos diretores, estando capacitados:

-Conheçam legislação sobre direitos e deveres das religiões, organização de movimento civil, legislação municipal, noções de organização básica de reuniões, e assim;

-Incentivem a legalização dos templos, orientando sobre feitura de estatuto, atas, modelos de documentos, contabilidade, mais até do que a mera filiação (inclusive);

-Organizem núcleos bases com os terreiros da região onde estão, para discutirem situações e ações de fortalecimento para apoio mútuo;

-Organizem e estimulem ações cidadãs, por exemplo, a formulação de cartilhas ou visitas as escolas do bairro, associação de moradores para mini-palestras sobre o que É e o que NÃO é Umbanda, esclarecendo e buscando assim disseminar informações corretas buscando superar o estigma criado pelos que mistificam, iludem, detratam e distorcem;

Ora, não parece interessante que aproveitem aptidões e talentos existentes nas fileiras do terreiros das regiões onde estão para cursos de formação, tais como: artesanato, música, alfabetização, alvenaria, higiene básica, nutrição, etc.?

Não duvido que haja nestas fileiras: pedreiros, professores, músicos, advogados, lavradores, enfermeiros, nutricionistas, etc.

Não são ou fazem questão de se denominarem, IRMÃOS DE FÉ?

Estes núcleos-bases serviriam como ponte ou posto avançado, além de polo irradiador de informações, trabalhando na linha "pense globalmente; aja localmente". Inclusive, podendo se apoiar e colaborar com outros movimentos já existentes nos seus bairros, desde que haja entendimento.

Enfim, são sugestões de alguém que acredita que as pessoas quando estimuladas a acreditarem em si, através de informações isentas de cor partidária, transparentes sobre direitos e deveres, adquirem forças e abrem suas asas, alçando vôos mais altos. Ao invés simplesmente de se abrigarem "frágeis" sob as asas de uma única ave, que pode ora se apresentar como uma galinha, ora um sorrateiro falcão.

É possível que estas sugestões já estejam sendo aplicadas e tomara que sim.

Confesso, sinceramente, que adoraria saber que estou mal informado.

Obs.: Para quem ainda não entendeu ou não sabe, com sua licença Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas...

Umbanda é a manifestação de ESPÍRITOS, DESENCARNADOS E ENCARNADOS para a prática da CARIDADE, no sentido do AMOR FRATERNO, e neste sentido;

A cobrança monetária pela prática caritativa dos atendimentos espirituais;
O desrespeito ou a não adequação às leis terrenas em nome de um poder maior ou liberdade de expressão irrestrita;
A utilização de sacrifício ritual de animais;
A permissão ou conivência com assédio sexual e promiscuidade;
O não incentivo ao estudo e aprimoramento de conhecimentos culturais e valores conscienciais maiores;
O engodo de soluções miraculosas e fáceis através de barganhas com os espíritos;
A humilhação, o preconceito e discriminação social, moral, sexual, étnica, religiosa, financeira;
NADA DISSO É OU PERTENCE À UMBANDA!

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