quinta-feira, 15 de julho de 2010

A longa jornada que nos é dada, do carvão ao diamante.

BUDA – DO CARVÃO AO DIAMANTE...
(Uma Viagem Espiritual nas Asas da Sabedoria)
Certa vez, um aspirante espiritual se projetou para fora do seu corpo físico (1) nas asas do sono. Ele voou até um templo extrafísico de que ouvira falar. O mesmo se situava no Astral, por cima de sua contraparte física, em determinado rincão isolado.

Ali, bem na entrada do lugar, ele foi recebido por um dos monges extrafísicos que presta assistência espiritual naquele sítio, sob os auspícios das vibrações compassivas e serenas do Buda (2).

O seu objetivo era conseguir as bênçãos para empreender uma jornada espiritual, pois ele desejava ardentemente se afastar do mundo e se dedicar ao caminho do Buda.Contudo, mais do que suas intenções, o monge leu a verdade que estava em seu coração. E viu que ele não estava preparado para tal jornada e que só estava enganando a si mesmo e tentando fugir da vida.
Então, ele disse ao aspirante:
“De que adianta você querer jejuar, se continuar comendo emoções grossas?
De que adianta você querer se isolar do mundo, se sua mente continuar povoada por milhões de pensamentos desencontrados?
De que adianta você cantar o nome de grandes mestres espirituais, se não seguir os ensinamentos deles e nem respeitar os seus semelhantes?
De que adianta você falar de amor, se seu coração continuar medíocre e raso?
De que adianta você falar de perdão, se não conseguir vencer nem a mais simples provocação?
De que adianta você falar de universalismo, se sua postura for radical e fechada?
De que adianta você falar do Buda, se suas atitudes não forem búdicas?
De que adianta você acender incenso, se a fumaça do seu destempero emocional poluir o ambiente em torno?
De que adianta você falar em paz, se, com frequência, estiver propenso para uma briga?
De que adianta você almejar a Luz, se seu coração estiver escuro e sem amor?
De que adianta você desejar grandes realizações espirituais, se suas atitudes forem pequenas e egoístas?
De que adianta você querer doar suas coisas materiais, se suas emoções antigas e estranhas ainda permanecerem em sua consciência?
De que adianta você gostar do Buda, se não conseguir vê-lo no coração dos outros?
De que adianta você se afastar de seus entes queridos, se o seu ego continuar robusto?
De que adianta você guardar voto de silêncio, se seus pensamentos agitados e suas emoções mesquinhas continuarem ‘conversando internamente’ sem seu controle?
De que adianta você renegar o mundo, se o inferno estiver dentro do seu coração?
De que adianta você orar ou praticar mantras (3), se isso for apenas por condicionamento religioso ou mera fuga da realidade?
De que adianta você dizer que tudo é ilusão, se esse conceito também é uma ilusão?
De que adianta você fechar o seu semblante, se rir é uma dádiva?
De que adianta você vestir um manto de renúncia, se não renunciar ao seu ego?
De que adianta você cantar o mantra “Om Mani Padme Hum”, se não for capaz de ouvir a canção da vida expressando- se nos outros corações?
De que adianta você recitar o mantra “Om Tare Tutare Ture Sohá” (4), se suas mágoas impedirem a linda Tara de morar em seu Ser?
De que adianta você voar para fora do seu corpo e vir espiritualmente até aqui, se, dentro da matéria, sequer consegue flutuar acima de seu egoísmo?
De que adianta você desenvolver sua mente, se seu coração estiver triste?
De que adianta você dominar chacras (5) e poderes psíquicos, se não tiver sabedoria para lidar com eles?
De que adianta você gostar do Buda, se não for para rir mais e ver o amor fluindo em todos os corações?
De que adianta você falar de estado búdico, se tal realização não for acompanhada de atitudes compatíveis e pertinentes no seio do mundo?
De que adianta você vir aqui atrás do Buda, se O Iluminado está abraçando secretamente os infelizes do caminho, agora mesmo, em vários planos de causalidade?
De que adianta você falar de coração, sem ser de coração?”
 
E diante da estupefação do aspirante, o monge olhou-o carinhosamente. Os seus olhos eram duas estrelinhas de amor. E, rindo, como só as crianças sabem fazer, ele arrematou, dizendo-lhe, de coração a coração:
 
“Volte para o seu corpo, na Luz.
E se pergunte o por que de estar reencarnado. ..
Vale mais ser você mesmo, melhorando dia-a-dia, vida após a vida...
Há um Buda em seu coração. Só precisa despertá-lo!
Mas, advirto-o: Ele gosta de risadas.
Então, ria mais e flua junto com a própria existência...
Pratique a compaixão, naturalmente.
Veja o Buda em cada Ser.
Ame. Dê flores em nome do Iluminado.
O Buda é um Sol de Amor. Brilhe junto.
E, por favor, seja você mesmo, sempre melhorando.. .
Compaixão é consciência.”
P.S.:
Paraíso e inferno são portáteis; cada um carrega o seu dentro do próprio coração.
E de que adianta estudar temas espirituais, se não for para ser feliz, aqui e agora?
Fugir do mundo não significa fugir de si mesmo.
A natureza não dá saltos e ninguém evolui de uma hora para outra.
O carvão leva muito tempo, sob pressão, até tornar-se diamante.
Da mesma forma, leva muito tempo para o homem tornar-se Buda.
E haja pressão em cima, até que o ego se transforme em lótus espiritual.
Da escuridão para a Luz. 
Do egoísmo para o Amor. 
Da ignorância para a sabedoria.
(E eu não sei mais nada do aspirante, ou se ele gostou de ouvir o que o monge lhe disse. E, talvez, ele tenha voltado para o corpo e nem lembrado de nada. Mas deve ter acordado com um gosto amargo na boca. Porque a verdade pode ser dura como o diamante, e cortar fundo as ilusões do ego.
De toda forma, tenho a sensação de que esses escritos chegarão até ele e o lembrarão de alguma coisa. E, se ele tiver assimilado o ensinamento do bondoso monge, provavelmente dará uma risada gostosa, como só as crianças sabem fazer.
Quem sabe os caminhos do coração e o momento do despertar de um Buda?
Do lodo para a Luz... Sempre melhorando.)
Om Mani Padme Hum! (6)
Gratidão e Alegria.
Paz e Luz.
- Wagner Borges – pequeno carvão, mas rindo muito, principalmente de si mesmo...
São Paulo, 29 de junho de 2010.
Eu também, rindo muito, principalmente, de mim mesmo! 
- Notas:
1. Buda - do sânscrito - O Iluminado; Aquele que despertou! Palavra derivada de “Buddhi”, que significa “Iluminação Pura” ou “Inteligência Pura”. Ou seja, quem alcança o estado de Buddhi, torna-se um Buda, um ser iluminado e desperto.
2. Projeção da consciência – é a capacidade parapsíquica - inerente a todas as criaturas -, que consiste na projeção da consciência para fora de seu corpo físico.
Sinonímias: Viagem astral – Ocultismo.
Projeção astral – Teosofia.
Projeção do corpo psíquico - Ordem Rosacruz.
Experiência fora do corpo – Parapsicologia.
Viagem da alma – Eckancar.
Viagem espiritual – Espiritualismo.
Viagem fora do corpo – Diversos projetores extrafísicos e autores.
Emancipação da alma (ou desprendimento espiritual) – Espiritismo.
Arrebatamento espiritual - autores cristãos.
3. Mantra – do sânscrito – palavra oriunda de manas: mente; e tra: controle; liberação – Literalmente, significa "Controle ou liberação da mente".
Determinadas palavras evocam uma atmosfera superior que facilita a concentração da mente e a entrada em estados alterados de consciência. Os mantras são palavras dotadas de particular vibração espiritual, sintonizadas com padrões vibracionais elevados. São análogos às palavras-senhas iniciáticas que ligam os iniciados aos planos superiores.
Pode-se dizer que os mantras são as palavras de poder evocativas de energias superiores. Como as palavras são apenas a exteriorização dos pensamentos revestidos de ondas sonoras, pode-se dizer também que os mantras são expressões da própria mente sintonizada em outros planos de manifestação.
4. Dentro do contexto do Budismo Tibetano, há três Bodhisatvas muito queridos pelos devotos: Manjushri, o Senhor da Sabedoria; Avalokitesvara, o Senhor da Compaixão (criador do mantra da compaixão: Om Mani Padme Hum); e Tara, a Senhora da cura, da energia e da alegria (cujo mantra é Om Tare Tutare Ture Sohá).
5. Chacras - do sânscrito - são os centros de força situados no corpo energético e que têm como função principal a absorção de energia - prana, chi -, do meio ambiente para o interior do campo energético e do corpo físico. Além disso, servem de ponte energética entre o corpo espiritual e o corpo físico.
  Os principais chacras são sete – que estão conectados com as sete glândulas que compõem o sistema endócrino: coronário, frontal, laríngeo, cardíaco, umbilical, sexual e básico.
6. Om Mani Padme Hum - do sânscrito - sua tradução literal é: "Salve a jóia no lótus". Esse é um mantra de evocação do boddhisattva da compaixão entre os budistas tibetanos e chineses. Om é a vibração do TODO. Mani é a "Jóia espiritual que mora no coração"; ou seja, é o próprio Ser, a essência divina. Padme (Lótus) é o chacra cardíaco que envolve, energeticamente, essa jóia sutil. Hum é a vibração dessa compaixão do TODO vertendo a luz pelo chacra cardíaco em favor de todos os seres.
Esse mantra é mais conhecido como o "mantra da compaixão". É um dos mantras mais poderosos que conheço. Pode ser concentrado, mentalmente, dentro do peito – como se a voz mental estivesse reverberando ali –, ou dentro de qualquer um dos chacras que a pessoa desejar ativar. No entanto, o melhor lugar para ele é realmente o chacra cardíaco, pois o que chega ali é distribuído para todo o corpo, pela circulação do sangue comandada pelo coração, e também a todos os outros chacras do corpo energético.
O chacra frontal, na testa, também é excelente para a prática desse mantra, pois o que chega nele é distribuído ao longo da coluna pelos nádis – condutos sutis de transporte energético pelo sistema –, e comunicado a todos os outros chacras abaixo dele. Esse é o motivo pelo qual vários mestres iogues sempre aconselham aos seus discípulos iniciar alguma prática bioenergética por ele.
Um livro excelente sobre isso é o “Teoria dos Chacras”, do pesquisador iogue japonês Hiroshi Motoyama – publicado no Brasil pela Editora Pensamento. 
 

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