segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cuidado com o que você ouve! E repete sobre Umbanda - parte 2

Continuação...


O detalhe é o cuidado com que Matta e Silva utiliza os termos pioneiros, vanguardeiros, pontas de lança para os espíritos que receberam a missão de irem lançando as primeiras sementes da Umbanda, preparando a chegada e o advento daquele que iria fazer frutificar a mesma como Lei.

"daquele movimento inicial
preparado pelo Caboclo Curuguçu e assumido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, inegavelmente o primeiro marco oficial do surgimento da Umbanda" pag. 15

Fazia ali no livro, o registro dos semi-anônimos vanguardeiros, 09 entidades, já que nenhum outro o fizera antes. E concordo que contribuíram para firmar as raízes dessa mesma Umbanda, porém como dissemos em texto anterior, tal conduta é via de regra, a postura dos que pagam o preço pela obediência a um Poder Maior e sabem, igualmente, que plantam sementes as quais não irão assentar sob a sombra e tampouco saborear os frutos.

Os livros humanos podem até não registra-los e em todos os tempos encontraremos àqueles que serviram, tal como vozes pregando no deserto, anunciando os ventos da mudança aos ouvidos e corações sedentos. Não duvido que Matta e Silva, estudante espiritual consciencioso que era, desconhecesse tal realidade. Não é por que se tem o nome estampado nas manchetes do mundo (ou não), que a Ética Maior está desatenta.

Ter sido o anunciador e codificador da Umbanda, não foi a meu ver, nenhum privilégio dado ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, antes mesmo, testemunho sacrificial de abnegação, extensiva ao seu médium. Lição aliás, que muitos umbandistas se recusam a compreender, trocando as Luzes do Alto pelas luzes dos flashes.

Mais esta: "Como exemplo, Tenda do Caboclo-Mirim, Tenda do Caboclo da Lua, Tenda de Ogun Megê e assim sucessivamente."

Qualquer umbandista minimamente sério, ao pesquisar, descobre que a Tenda Mirim foi fundada em 1924, e não em 1904. Não podendo ser usada nem como exemplo do que citei no início, salvo se trocarem o 2 pelo 0. As outras duas tendas não se sabe de onde foi tirada comprovação.

Ou seja, fazer tais "afirmações", como o texto faz, é brincar de pesquisar dados históricos e apresenta-los como se fossem verdades. Possivelmente para justificar as próprias práticas, provavelmente, tão enxertadas se encontram, ou ainda, tão distantes dos objetivos anunciados em 1908, que é preferível seguir pelo caminho malicioso de que já existia Umbanda como culto antes (potencial, não divulgado ou embutido) e que o Caboclo e seu médium, apenas tomaram emprestado, pois "descontentes da seara espírita" que não lhes deu guarida.

O que deixa mais aberto o leque, pois se já existia Umbanda, considerando que a manifestação de espíritos de índios e africanos indica ou justifica, ficam como válidas as teses da África, Índia, Atlântida, América, Egito, ou outras quaisquer como origem.

Puxando cada um, conforme sua preferência, aquilo que quiser incutir na sua prática de Umbanda, o que melhor lhe convier não é mesmo?

Existe no entanto uma constatação mais aterradora, os mesmos que leem o texto e o aplaudem são os que ao mesmo tempo aplaudem e evocam as figuras do Sr. Zélio e o Caboclo das Sete Encruzilhadas como fundadores da Umbanda, homenageando a cada ano de existência desta, e se fazem homenagens a cada 15 de novembro, vale perguntar, estão comemorando o quê, se aplaudem o texto apontando caminho contrário?

Será que é pelo batuque, gritar uhú, holofotes, a oportunidade de se afirmarem perante a sociedade?  



Aproveitando, já que falei em batuque, como já li e ouvi afirmarem que o Sr. Zélio não utilizava atabaques por conta de uma possível labirinte, ouçam de sua própria voz o por que;

Zélio de Moraes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas e o uso de atabaques na Umbanda.
http://registrosdeumbanda.wordpress.com/2010/05/10/zelio-de-moraes-o-caboclo-das-sete-encruzilhadas-e-o-uso-de-atabaques-na-umbanda/

Reforçando, pois é possível que os muitos anos de batuque (muitas vezes "tocado" com sofrimento, próprio e alheio) impeçam uma boa audição:

“-(…) o chefe acha que espiritismo não é pra perder tempo, que o espírito baixa, é pra fazer caridade, ou pra ensinar, o chefe não sai daí, ou pra ensinar, ou pra fazer caridade…

-”Bater tambor para fazer bonito, escutar e todo mundo…não é pra nossa Umbanda, espírito não perde tempo, quando baixa é pra fazer caridade, o Chefe não aceita e eu não saio fora do Chefe...”  



Não sei se é o caso recomendar um bom chá de se mancol ou algum psiquiatra, pois em minha ignorância, tal atitude ainda hoje tão em moda no meio, crer numa coisa e aplaudir outra, me parece indicativo de esquizofrenia:

"A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias."

http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?art=328&sec=31

Por sinal, o menosprezo do uso da razão e a relutância em escapar as fantasias parece ter se tornado fundamento para muitos umbandistas.

Parabéns aos que tanto fazem pelo retorno repaginado da antiga macumba!

Paz e Luz! 

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